Educacao Ambiental E Sustentabilidade Pdf

Nassau Community College - Em relação a preconceitos, se eu tenho preconceito, eu acho que todo mundo tem preconceito. A questão do preconceito. Eu não me considero uma pessoa preconceituosa. Bom, esse ponto é complicado. É complicado falar se a gente é ou não é preconceituoso. É claro que eu vou falar que não. Agora, se eu já fui preconceituoso ou tive momentos preconceituosos, de repente a gente até teve. Porque a gente vive numa sociedade preconceituosa. Se eu me acho uma pessoa preconceituosa? Sim. Mas em busca de superar os meus preconceitos. Você se considera uma pessoa preconceituosa ou não? Eu acredito que todo mundo é um pouquinho preconceituoso. De alguma forma todo mundo é. A pessoa que falar que ela não é preconceituosa, ela vai estar mentindo. Olha, para ser bem sincera, hoje eu não me acho preconceituosa. Mas eu já fui. A respeito de preconceito, eu acho difícil alguém entrar nessa sala aqui e dizer que não tem nenhum tipo de preconceito. Afirmar que não sou seria pretensão demais. Agora, afirmar assim: "luto para não ser." Com certeza. Eu acho que somos preconceituosos porque somos frutos desse meio histórico social que vivemos nesse momento. E o primeiro passo para ser preconceituoso é negar o preconceito, É dizer: “Não, eu não sou preconceituosa.” Todos nós somos frutos de uma geração de milênios aí, né, que foi construída histórica, socialmente e economicamente no cerne do preconceito. Eu não sou uma pessoa preconceituosa, mas eu confesso que eu tenho sim ideias que foram postas para mim desde antes de eu nascer. Como parte da sociedade, eu aprendi que muitas coisas são certas e outras são erradas. Então eu não deixo de me chocar quando eu vejo algo que foge muito do que eu aprendi que é correto. Eu diria assim, que na vida a gente padrões. E tudo que foge do padrão, a gente tem que aprender a conviver com o novo, o diferente para a gente. Olha, depende do que é o preconceito. Se você me perguntasse isso há algum tempo atrás, eu levantaria a mão e falaria: “Não, eu não sou preconceituosa.” Mas eu não sei. Às vezes eu posso me deparar com alguma coisa que eu possa demonstrar preconceito. E qualquer pessoa que saia dos padrões considerados da normalidade. Que eu acredito que cada um seja diferente, mas que a sociedade é que faz com que você fique igual. Isso gera transtornos psicossomáticos também porque a pessoa acaba sofrendo com ela mesma. Você é discriminado. O preconceito, eu acho que ele é resultado de uma ignorância muito grande quando as pessoas não conhecem determinado assunto. Eu me considero preconceituoso com assuntos que eu não tenho conhecimento. Que a sociedade trata às vezes como que a gente cresce ouvindo como sendo um tabu, como sendo coisa que não é certa, que não é correta, que é feia, que não deveria ser feita daquela forma. E eu, pelo menos nas experiências que eu passei de esclarecimento sobre determinadas situações, eu tinha preconceito com relação a travesti e transexual até alguns anos atrás. Olha, eu acho que é muito hipócrita alguém falar que não é preconceituoso. Porque eu acho que a palavra preconceito é uma palavra que, de uma certa forma, abarca a todos. Porque não há como você entender de tudo. Se você pensar em um preconceito, num pensamento, numa idéia pré-concebida antes da aquisição, da simulação de um conhecimento, todo mundo de alguma coisa não sabe. Então a gente acaba criando preconceitos. Então acho que até é muito arriscado. Muito perigoso alguém dizer: "Não, eu não sou preconceituoso." Porque aí você parte do princípio de que você está certo. Se você está certo, você não precisa debater, não precisa desconstruir nada. Nós sabemos que a discriminação não é só com o negro, não é só com a mulher. Ela vai bem além. Discriminação com o pobre, com o feio. Então ela está enraizada, ela anda, caminha junto com a gente e nós não percebemos. Então por isso precisa, há a necessidade do esclarecimento. Eu estava na sétima série, mudei de São Paulo para Londrina. E eu não conseguia acompanhar naquele ano, principalmente a matemática, que era um bicho de sete cabeças. Até hoje, né, um bicho de sete cabeças para mim. Eu acabei não conseguindo atingir as médias. Porque quando eu mudei de São Paulo para cá, a média era A, B, C, D e E. E aqui no Paraná, No Paraná - eu esqueço que estou em Ponta Grossa - nós com números, né, de 0 a 100. Então ao fazer a conversão das minhas notas, que só tinha E, que é nota vermelha, em matemática, a professora disse para a minha mãe que eu não ia conseguir alcançar o objetivo, que eu não iria ser aprovada. Isso foi mais ou menos início de novembro. Ela chamou minha mãe na escola e disse para a minha mãe que eu já sabia ler, já sabia escrever e já sabia fazer as contas básicas, operações básicas de matemática. E que para ser uma Empregada Doméstica já estava de bom tamanho. No outro dia eu fui questionar: “Por quê, se eu tenho um currículo melhor?” E foi aí que a moça, que não tinha culpa nenhuma no caso, do RH, falou que não seria de bom tom colocar uma pessoa não bem nascida recepcionar. Porque a recepcionista era o cartão de visita. Eu não era bem nascida. Esse foi o termo utilizado. Referente ao próprio preconceito, eu já sofri o preconceito, por assim dizer, na escola, quando eu era aluno. Que eu achava... É, aquilo lá, tratar de gente, as crianças são muito verdadeiras e elas são muito cruéis, por assim, dizer. A verdade, às vezes, magoa da forma como ela se apresenta. E eu lembro que a gente na minha formação do primário as crianças ficavam brincando comigo, me chamando de encardido, de sujinho. Porque eu sou negro, né. Posso me considerar negro pela questão da minha descendência. Minha bisavó era negra tudo mais. Eu não vou dizer que eu sou pardo. Me colocar como pardo eu estou me descaracterizando. Daí ficava uma coisa complicada. Então quando eu era pequeno foi engraçado que eles me chamaram de vários adjetivos para me classificar. Ou qualquer coisa que eu fazia de errado: “Tinha que ser preto!” Sempre uma afirmação assim. E isso me marcou muito assim enquanto essa questão de eles me falarem isso. Daí eu chegava em casa e ficava pensando comigo: “Puxa, mas será que eu estou tão sujo assim?” Começava a me esfregar mais no banho pensando mesmo que estava sujo. Quando eu era mais novo eu até pensava: “Ah, por que eu não sou branco?” “Por que eu não sou mais claro?” Eu sou descendente de pessoas negras. Até vergonhoso falar isso, mas eu quando era pequeno eu tinha vergonha dos meus parentes, meus pais por eles serem negros. Eu estacionando o carro e o rapaz na minha frente passou e deixou um espação muito grande né. Aí eu pedi para ele: “Dá para você ir mais um pouquinho para a frente?” Ele nem me deu bola, fechou o carro e deixou eu me danando para estacionar naquela vaga muito pequenininha. Daí a moça da Zona Azul que estava ali olhou e falou assim: “Viu, depois não é para a gente ter raiva de preto.” Nossa Senhora. Daí eu não sabia... Que situação você fica, né. O que tem a ver? Um branco também não ia fazer aquilo? E eu também fui colocada a prova novamente com o concurso público do Estado quando houve a cota para afrodescendentes, né. Que uma colega comentou assim, Não é da minha área. Mas ela estava brava porque houve chamamento lá. e disse: “Viu, teus irmãos pretos roubaram a minha vaga.” O Movimento Negro na minha região não tem nenhuma manifestação. Nós tínhamos um grupo que fazia jogos de capoeira na praça. E o governo municipal impediu. Porque como é uma cidade assim que as pessoas querem reforçar a imagem de ser tipicamente germânica, a roda de capoeira interferia nessa identidade forçada. E o governo municipal proibiu de ter roda de capoeira na praça. Olha que grave isso, né. E nós temos uma população bem grande afrodescendente. Eu encontrei uma menina que ela pedia para ser chamada de menino. Então ela era o Júnior. E aí isso criou todo um conflito na escola que a gente estava. E a escola era uma escola que falava assim: “Ah, a gente é para frente." "A gente tem que aceitar a diversidade." "A gente tem que entender.” Aí chamavam a menina de Júnior. Decidiram que iam chamar. Todo o professorado decidiu que chamariam a menina de Júnior. Aí fecha a sala dos professores, aí o discurso todo muda, né. “Onde já se viu." "Como é que pode uma coisa dessa.” Então a gente vê que a gente aceita dentro de alguns limites, a gente coloca onde a gente pode aceitar, com quem a gente pode aceitar. E a hora que a gente fecha a porta: “Veja bem." "Como que a mãe deixa fazer uma coisa dessas?” Experienciei casos também de crianças, Na escola, por ter, entre aspas, um estereótipo que é considerado, eu não gosto da palavra, efeminado porque já mostra qual é o lugar da mulher. Remete a questão de ser mulher que é um papel secundário, quando você atribui a efeminização ao homem. Outra questão. E que a diretora, professora pediu para o secretário da escola conversar com um menino porque ele não podia ser assim. Porque ela falava assim: "ele anda bailarinando pela escola.” E ele sofria muito com os meninos. Os amigos... Os outros alunos xingavam, ficavam acusando, chamando ele de bichinha. E aí essa professora invés de tomar providência em relação aos agressores, é sempre o agredido que tem que mudar seu posicionamento. Olha, esse ano, eu passei por uma situação bem delicada na escola. Eu tenho um aluno que ele é declaradamente homossexual. Para conversar com a família essa questão foi meio complicado. Mas a família vinha percebendo e ele foi para um psicólogo. Aí o psicólogo falou assim para ele: “Se você quer que as pessoas parem“ “de mexer com você,” “assuma-se como você é.” E aí começou a ser uma coisa escandalosamente escancarada. que chega a perturbar o ambiente, né. Preconceito. Eu não sou preconceituosa. Mas tem algumas coisas que acontecem às vezes que a gente caso... Eu tenho um caso lá na universidade de um moço que ele é gay, né. O que eu fico, assim, às vezes, indignada com isso é que eles são barraqueiros. Ele assim, se você olhar para ele e tu não der um sorriso, ele já... sabe. Então, assim, cada um tem a sua vida. Assim como tenho amigos que são gays que são as pessoas mais educadas. Mas eles tem um jeito, assim, de ser que eles querem chamar atenção. Isso é o que eu não gosto neles, mas não tenho preconceito pela opção sexual deles. Tinha na pizzaria: “Casal não sei quanto.” Pagava lá, né. “Ah, pizzaria, hoje noite do casal, não sei o quê, 20, 30 reais, sei lá quanto que era. E daí eu tinha uma namorada, ela estava comigo e não quiseram... “Isso não era casal.” “Casal são duas pessoas.” Eu fiquei discutindo, discutindo, até que eu resolvi largar mão e não voltei mais na pizzaria. Mas, enfim. Duas, casal. Tinha que estar escrito casal heterossexual. Então vinte e tantos reais. Daí só esquentei minha cabeça. E você discutiu lá? Discuti, chamei o gerente. Mas não era por pagar, mas pelo preconceito. Para pagar tanto fazia, era uma diferença irrisória. Para mim tanto fazia. Há várias situações que a gente presencia. De preconceito. Tem algum que marcou mais a senhora? Que foi um fato, assim, que digamos que foi bem chocante? Eu lembro de uma vez num hospital, Um enfermeiro atendendo um senhor lá nos seus 40 anos. E o enfermeiro foi mexer com ele e ele mesmo ruim, doente, precisando ele falou: “Não, você não me põe a mão, seu viadinho!” Assim. E as histórias? Alguma história que você queira contar. Tem várias! Aí vai gastar a fita de vocês. Vou tentar elencar algumas assim. Não sei, acho que justamente por eu fazer parte de um grupo social que é excluído ao máximo, que é silenciado e que, assim, a minha categoria mesmo enquanto homem transexual, mais raro ainda, que eu passo a ser quase aquela bactéria invisível que as pessoas tem que pegar o microscópio ultra potente para reconhecer, porque elas não sabem, aí eu vou para o campo de exótico mesmo. Então não faltam histórias. Eu já tive professores da universidade no primeiro período que apontaram a porta da sala. Com discursos: “Eu estou do lado de Deus.” “Não pode. Você não pode falar isso.” “Saia!” Professores do curso de Ciências Sociais? De Ciências Sociais. Você pensa: “Se dentro do espaço da produção do conhecimento” “as pessoas dizem abertamente para você” “que ali não é o teu espaço,” “Onde vai ser?” Onde vai ser? Não tem resposta para você. Vivi muitas histórias. Presenciei várias. Recentemente, um casal de amigas minhas nós fomos expulsas de um bar, quis chamar a polícia, quis fazer tudo que tinha que fazer, mas elas como não são assumidas para as famílias, não quiseram tomar as devidas providências. Chegamos à delegacia para tentar fazer um B.O, não conseguimos fazer B.O em Maringá. Então nós temos muita resistência em relação a essas questões. Mas como aconteceu essa história? Estávamos no bar, um grupo de amigas, e elas deram um selinho. Um selinho. O dono do bar chegou, porque aquele dia o bar estava super movimentado, então nós não éramos nada para ele. Porque estava tão cheio, que nossa presença seria indiferente. Ele falou que não queria esse tipo de coisa no bar dele. Tenho casos de amigos também que apanharam, foram na delegacia. E aí na delegacia o escrivão, o delegado pergunta: “O que está acontecendo?” “Ah, é uma bichinha aqui que apanhou“ “e quer fazer um B.O.” Aí você pega e fala: “Você não aparato nem na delegacia” “para fazer uma queixa.” Se você vai para uma delegacia buscando um acolhimento para que se possa dar todo o encaminhamento, aí você lá: “Ah, é uma bichinha que apanhou e que está aqui.” “Querendo reclamar.” Minha mãe morreu quando eu tinha 13 anos. Ela acabou se suicidando, assim. E aí também bem grave outra cena de preconceito foi quando a minha família, numa tentativa de me sensibilizar, joga a culpa para mim. Aí coloca a coisa como se a minha mãe tivesse efetivamente se suicidado por minha causa. E aquilo foi muito complexo para mim. Assim, foi muito difícil. Eu vivi por muitos anos muito triste. Com uma angústia muito grande comigo. Porque é muito difícil você imaginar que você, teoricamente, matou sua mãe de desgosto. Isso é grave assim. Vou contar uma passagem. Espero que vocês não fiquem chocados, né. Porque é uma coisa forte, né. E você perguntou eu vou falar. Toda vez que eu tenho a oportunidade eu falo mesmo. Que eu acho que isso chama a atenção das pessoas. Eu acho que a fala delas, essas falas paradigmáticas de travestis, das travestis, né, não dos, mas das travestis. Elas fazem a gente pensar. Fazem todo mundo pensar. Fazem o pesquisador pensar, o cara que lê o trabalho pensar, o cara que escuta uma palestra pensar, o cara que vê a gente falando na televisão pensar. Faz todo mundo pensar. Tem uma travesti que a história dela choca. Me chocou, né. E engraçado, que quando eu falo em público, eu me emociono com a fala dela. Ela tinha 12 anos. 12 anos. E desde os 12 anos ela via que ela era diferente. Desde os 9 anos ela via que era diferente dos outros irmãos. Enquanto os irmãos brincavam com o carrinho, e as meninas brincavam com bonecas, ela era um corpo masculino biológico, biologicamente, tinha o sexo macho, tinha o pênis. Mas ela era gostava de brincadeiras femininas. De meninas. Como boneca e casinha. E se comportava como menina. E daí o pai dela, ela tinha 12 anos, e é o que me choca porque é a idade do meu filho. Com 12 anos ela... Era uma noite em Maringá, estava chovendo. Daí o pai dela chegou uma hora, uma hora e meia da manhã, embriagado. E aí falou que todo mundo na vila sabia que ele tinha um filho bicha. E daí acordou a casa inteira com gritaria. Acho que ele escutou isso no bar dos amigos. “Ah, teu filho é bicha.” “Teu filho gosta de brincar com isso.” “Teu filho fica nhenhenhém.” “Fica com frescura.” Daí ele falou assim: “Olha, todo mundo sabe na vila” “que o meu filho é bicha?” “Então, já que você é bicha,” “Venha comigo que eu vou te levar lá“ “para os meus amigos” “pra mim ganhar dinheiro com você.” Daí essa travesti falou assim: “Para pai! Aonde pai!” “Não sou isso não, pai!” “Sei que você é bicha sim.” “Então se você é bicha, você é viado,” “eu vou levar você pra ganhar dinheiro!” Ia levar pra se prostituir. Vou levar para ganhar dinheiro, é porque ele estava negociando já o corpo dela com amigos. Daí ela falou: “Não vou, não vou, não vou!” “Para, pai! não vou!” Mas é legal quando ela falava. A fala dela é muito maravilhosa. “Não, pai, não vou! Não vou!” “Ah, então você não vai?” “Então tá o meu pinto pra você chupar então!” “Então você vai chupar meu pinto agora!” “Você não é bicha?” “Você vai chupar meu pinto!” “Não, não vou pai!” “Então você não vai chupar meu pinto?” “Então saia daqui então!” Então pegou a malinha, aquelas malinhas de escola, de prefeitura. Colocou uma muda de roupa e falou: “Vai embora!” “Não vou, pai! Não vou!” “Não, você vai embora! Vai embora!” E tocou de casa. Com 12 anos. Isso que choca. Em relação a gays, a lésbicas, como nós temos um caso... Então daí eu acho que eu sou preconceituosa, mas tem uma secretária lá onde eu trabalho que ela é lésbica. Ela não esconde de ninguém. Eu moro sozinha e ela pediu para morar comigo. Mas eu falei: “Como que eu vou te deixar morar comigo?” Ela é a minha colega de trabalho, mas o povo vai achar que... Ai, será que eu estou sendo preconceituosa? Acho que não, né? Eu passei já coisas em casa. Assim, que eu vi mais assim entre o meu pai e minha mãe, de o meu pai ser muito machista. E minha mãe ser muito quietinha e “sim senhor” e “não senhor” e tal. A minha mãe também é professora da mesma área que eu, de Biologia. Então a gente sempre conversou bastante. E eu falava para ela: “Ah, por que você não se separa?” E ela: “Não, porque assim, e assim assado.” Ela sempre contando uma séries de motivos e tal. A gente vai falando um monte de coisa. E às vezes elas acabam convencendo a gente, e às vezes não, né. E eu sofria muito com essas coisas machistas que eu via que o meu pai fazia com ela. O que ele fazia, por exemplo? Ele oprimia ela, assim, verbalmente só. Mais coisas assim de gritos. Que eu nem estava no mesmo ambiente que ele. Ele sempre estava em ambientes separado da gente para a gente não ver. Mas a gente ouve. Daí a gente vai imaginando coisas, né. Recentemente um amigo meu simplesmente conversando com ele, ele me pediu uma opinião, eu falei, e ele virou: “Você não é homem. Você não sabe o que é isso.” "Você não é homem." Por eu não... não posso falar? Por eu não ter um pinto eu não sei lidar com uma situação? Por que eu não tenho um pinto? 564 00:26:02,95 --> 00:26:02,595 Aí eu falei: “Nossa, um pinto dá muito poder, né.” “Te dá muita coisa.” Eu Kátia, mulher, né, tinha um cabelo grande. Aí eu fui lá, negra e raspei o meu cabelo. Aí eu cheguei na cantina da universidade que eu fazia o mestrado na época, a menina olhou para mim e falou: “O senhor quer o quê?” E eu olhei assim e falei: “Caramba, né.” Como a gente cria signos que daí ou você é homem, ou você é mulher porque você decidiu alguma coisa. Você decidiu tirar o cabelo, então sou um homem. Por conta disso. Aí eu fiquei muito brava. Falei: “Eu, Kátia, quero um café.” “Muito obrigada.” E várias vezes eu me deparo com essa situação que por ter feito, por ter tido essa atitude, eu tenho o tempo inteiro que provar alguma coisa. Provar que eu sou mulher. E isso é uma coisa que me incomoda Você pediu exemplos, né. Então, na minha casa, eu me criei numa família bem sexista. Bem aquele modelo patriarcal. Meu pai é o chefe da família, a minha mãe faz o trabalho doméstico. Ele toma as decisões, ela obedece. E é assim que funciona. Extremamente preconceituoso em questão a questão das etnias, essa questão racial. Muito preconceituoso. A questão da sexualidade também. E eu me criei nesse ambiente. Graças a Deus não fui contaminada por isso. É uma outra vez também, quando o meu menino era pequeno, na escola que eles estudam tem o dia do brinquedo. E eles sempre tiveram a liberdade de levar o brinquedo que eles quisessem. E ele era bem pequeno, devia ter uns 4, 5 anos. E ele quis levar uma boneca que ele brincava lá em casa. Que lá em casa sempre os brinquedos foram socializados. Nunca foram deste ou daquele. Eram mais coletivos. E aí ele disse que ia levar a boneca, e a professora falou que não, que boneca era brinquedo de menina. Daí eu mandei um recado para a professora na escola dizendo, né, naquela agenda dizendo que ele poderia brincar com boneca sim, porque em casa ele brincava e que para mim isso não teria nenhum problema, que eu incentivava ele sim, porque as questões de gênero deveriam ser trabalhadas desde cedo. E ela não me respondeu até hoje o bilhete. Meu filho está com 13 anos. Nem dizendo se era para levar ou não. E as crianças ouviram ela comentando com a outra professora, porque elas trabalham em duas, né. Que ela não tinha entendido. Ela falou assim: “O que será que ela quis dizer com isso?” É muito grave pensar que os professores ainda reproduzem um discurso hegemônico, Um discurso preconceituoso. Você está trabalhando hoje no presente, com a educação que você tem de formação superior, ou você ainda reproduz o discurso da época que você era aluna? Porque nós viemos de uma educação ainda muito rígida, muito limitada. Em que você não poderia ter outro tipo de comportamento senão aquele pré-estabelecido, né. Então, os professores ainda reproduzem. E isso está muito claro. E uma coisa que eu adotei bem como até como prática no ensino de Filosofia. No ensino de História já tem um pouco mais de caminhada. Mas é, por exemplo, trazer o pensamento de primeiro alguns preconceitos formados dentro da Filosofia com relação às mulheres. Então tem lá Aristóteles. Tem lá Kant, tem uma sequência de autores. Schoppenhauer, né. Tem uma sequência de filósofos ali que nesse aspecto é uma visão bastante preconceituosa e bastante pejorativa em alguns momentos. Então trazer essas questões para discutir em sala de aula, dentro das aulas de Filosofia. Lógico, contextualizando, colocando: Isso é um pensamento que está dentro de uma época, dentro de uma outra história. Para perceber o seguinte, olha: Esses preconceitos que nós formamos em sala de aula, em sociedade, eles não nasceram, não nascem do nada, não é algo natural, não é algo que está colocado. Mas é o que vai sendo construído, Que vai sendo incorporado, ou não incorporado de acordo com a realidade histórica. Eu trabalho com Gênero desde 2003. Faz 5 anos e meio que eu trabalho com gênero. Nesses 5 anos e meio a gente topou com a seguinte questão em Geografia: “A Geografia é branca, ela é machista," ela é heterossexual, ela é eurocêntrica, e ela é sexista. Ela tem esse conjunto de elementos que impossibilitam o surgimento de novas temáticas na Geografia. Existe uma linha muito tênue entre o sorrisinho de canto de boca do intelectual macho ou do gay respeitável, com a bala que fere o sem direitos travesti. Daí ele falava assim: “Que o sorriso de canto de boca,” “Ele neutraliza a questão de apertar o gatilho.” Daí qual é a ideia? Que esse sorrisinho de canto de boca é um preconceito. Mas só que a gente tem esse preconceito de forma... A gente assiste Casseta & Planeta, Zorra Total, e desse preconceito é tido como não uma norma, mas é tido como uma piada. Uma piada. Uma piada que a gente pode dar risada de índio, de puta. Pode dar risada de negro, pode dar risada de bicha. E assim por diante. Só que são esses sorrisinhos que neutralizam a decisão de apertar o gatilho para matar essas pessoas. E daí são esses mesmos sorrisinho de canto de boca que impossibilitam o surgimento de novas temáticas no Brasil. Na Geografia. E a questão da mulher nunca ter participado da história. De ela ter sido omitida em todos os momentos. Ela nunca participou de nada, de lutas, de guerras, de Filosofia. Ela não tem participação na questão do pensamento. Ela só tem participação na questão da prática, do trabalho manual. Ela não faz parte do trabalho intelectual. Não é da parte que pensa, que reflete. A História não mostra ninguém que fez isso. Muito poucas mulheres. É necessário resgatar essa história. Saber quem foram. Não para ser positivista e apontar esta ou aquela, mas para saber que ao longo da História, a História foi contada sob uma ótica. Uma ótica masculina, européia, Cristã, branca. A gente nunca vai ter um mundo com todas as pessoas pensando igual. Aliás, viva a diversidade. O conflito ele faz parte porque as pessoas pensam diferente. Eu não quero padronizar os pensamentos dos meus alunos. Mas ao mesmo tempo, eles precisam muito aprender a lidar com as diferenças. E aprender com excelência esse aprendizado. Eu acredito que seja o seguinte então, não a tolerar o outro pela diferença. Mas, ao contrário. Aprender com o outro a ser diferente também. Que esse é o grande ganho quando a gente tem amigos. E esse ato de compartilhar nos faz a cada dia diferentes. Nos dá essa oportunidade de sermos diferentes a cada dia. Então a diversidade, ela vem com uma grande riqueza como ponto alto. Se o aluno conseguir entender isso, ele não vai mais só simplesmente então tolerar ou respeitar a diferença. Não, ele vai aproveitar essa riqueza cultural que a gente tem. Então é um outro viés para a mesma questão..

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Palhoça:

Charlie Maldonado, Rockland: Trocaire College, Buffalo. Santana: CUNY Graduate School of Journalism; 2019.

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Albert Hampton, W 190th Street zip 10040. Itapevi: Eastman School of Music; 2009.

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