Art 299 Do Codigo Penal V

Hartwick College, Oneonta - O Secretismo é semelhante a um fruto proibido. Não o podes ter, é confidencial, e isso faz-te desejá-lo ainda mais. Se alguém revelar que estamos a escutar um telemóvel que Osama Bin Laden está a usar para falar com al-Zawahiri, que está em Peshawar, no Paquistão, este facto irá causar danos à segurança nacional, por isso tem de ser mantido em confidencialidade. A conclusão do inquérito do Congresso ao 11 de Setembro, disse: "Estávamos a combater a guerra contra o terrorismo como país sem a nossa arma mais poderosa, que era um público americano alertado e informado." O Secretismo impede o alerta. O Secretismo impede a acção informada. O Secretismo impede a deliberação democrática. O Secretismo impede um contra-terrorismo eficiente. Para combater o terrorismo precisamos de saber, como os passageiros do voo 93, precisamos de saber. Deverão os Americanos estar envolvidos em operações de rapto de estrangeiros e fazê-los desaparecer? Será isso consistente com o que somos enquanto nação? Argumentaria que é precisamente esse tipo de acção que desejaríamos que os nossos serviços secretos estivessem a fazer, porque o que desejamos é travar essa guerra clandestina, combatê-la dissimuladamente, para que o nosso inimigo não nos veja, para que possamos ter uma maior latitude de acção e usar métodos que não são necessariamente consistentes com os valores dos Americanos. SECRETISMO Ninguém sabia onde estava o Khalid al-Masri até ser libertado no final da sua provação. Não havia ninguém para lutar pelo Khalid al-Masri, nem a sua família sabia onde ele estava. A sua esposa julgava ter sido abandonada. O Khalid al-Masri é um cidadão alemão que nasceu no Líbano. Apanhou um autocarro, da sua cidade de Ulm, na Alemanha, para viajar até à Macedónia e quando chegou à Macedónia, foi retirado do autocarro, por agentes. Foi entregue à agência local da CIA onde o vendaram, levaram-no até um aeroporto, rasgaram-lhe as roupas, forçaram a entrada dum objecto no seu ânus, injectaram-lhe drogas, algemaram-no ao chão de um avião e levaram-no para o Afeganistão, um país onde nunca tinha estado e com o qual nunca tinha tido contacto. O El-Masri foi levado para um edifício que acreditamos ter o nome de "O Poço Sul", uma antiga fábrica de tijolos, nos subúrbios de Cabul. Aí, foi mantido numa masmorra, durante quase 5 meses, mesmo que a CIA e altos oficiais do Governo dos Estados Unidos soubessem, bem antes disso, que tinham detido a pessoa errada. O verdadeiro propósito da instalação destes "locais secretos", BEN WIZNER - Advogado do Queixoso no caso El-Masri vs. EUA foi permitir que a CIA detivésse pessoas e que as pudésse interrogar, utilizando métodos que não eram permitidos pelas leis dos EUA nem pela Lei Internacional. Disseram ao Khalid al-Masri: "Estás agora num lugar cuja existência é desconhecida. Estás fora do mapa da civilização. A não ser que colabores connosco de todas as formas, poderá acontecer-te de tudo, nunca ninguém virá a saber." Há uma necessidade para o Secretismo de modo a proteger a segurança nacional dos Estados Unidos. O público é informado pelos media de que há um excesso de Secretismo no Governo. MIKE LEVIN Chefe Política de Informação Agência Nacional de Segurança, 1947-93 Os medias estão sempre a tentar diminuir o nível de Secretismo. Os medias estão sempre a tentar obter informações que os serviços secretos julgam que deve ser protegida. Dos destroços da embaixada americana atacada à bomba, em Beirute, continuam a sair mais vítimas. O número de mortos confirmados, da explosão de ontem à noite, está esta noite nos 24, 8 deles americanos. No Líbano, em 1983, a embaixada americana foi atacada por terroristas... e causaram imensos estragos e algumas mortes. Nós na NSA, estávamos a escutar as comunicações das pessoas que o perpetraram e sabíamos quem eram e que país os apoiava, era o Irão que os apoiava através do Hezbolah. Este facto veio a público. De alguma forma chegou até à imprensa, não sei como, e quase imediatamente, aquele canal de comunicação que estávamos a usar tão produtivamente para obter informações sobre o paradeiro destes terroristas, esse canal secou. Perdemos uma fonte vital de informação. Oito meses mais tarde, os mesmos terroristas... fizeram explodir os aquartelamentos dos Fuzileiros, em Beirute, onde perdemos mais de 240 homens. Este é o tipo de dano que pode advir duma fuga de informação sensível. Temos uma palavra especial para as pessoas que fornecem informação aos inimigos do seu país. E qual é? Que palavra usamos? Traidor. Traidor. Considero ofensivas as acusações de que não somos patriotas, ou que somos indiferentes à segurança dos Estados Unidos, BARTON GELLMAN - Repórter, Projectos Especiais Jornal "The Washington Post" se publicamos coisas que o Governo americano diz serem "Secreto". Acho que o que eu faço é tão patriótico como o que faz um soldado, ou o que um agente dos serviços secretos faz. Acho que as pessoas que olham apenas para a segurança estão a julgar mal o tipo de sociedade que devem defender, e acho que, no final de contas, a ideia de que o Presidente, e o Presidente apenas, pode decidir o que iremos saber, é profundamente anti-americana. Fui pela primeira vez ao Iraque poucos dias após a queda de Bagdade, cobrindo a história das armas de destruição massiva. E coordenei a minha viagem com o propósito de chegar para a primeira das grandes descobertas de armas químicas. O que estava a tentar saber, era: "Qual seria a verdade nisso?" "Será que o Iraque ainda tinha programas? Será que tinha munições armazenadas e reconstruído o seu programa de armas nucleares?" Todas essas coisas foram alegadas pela Administração Bush, e, uma a uma, todas caíram por terra. E durante o caminho, o facto de estarem a cair por terra estava protegido pelo Secretismo do Governo. Nas mesmas semanas em que estava a escrever estas histórias, em 2003, responsáveis do governo davam conferências de imprensa, em Washington. ...temos quase a certeza de que eles têm armas de destruição massiva. Essa foi, e é, a razão desta guerra. Estamos confiantes de que as encontraremos. E o que eu estava a descobrir no local, era que já tinham explorado, como lhe chamavam, 89 dos 90 lugares mais importantes. Não tinham encontrado nada do que esperavam encontrar, as equipas de armamento estavam desalentadas, tendo reconhecido o fracasso. E na ausência de alguém que perfurasse esse Secretismo e reportasse o que efectivamente se passava no terreno, a explicação oficial seria a única e iria ficar como a verdade no registo público, e não era verdade. Não tenho a certeza de estar numa posição de saber se a actual situação mundial exige mais ou menos Secretismo. Sei que durante um par de gerações STEVEN GARFINKEL Director, 1978-2001 Gab. Supervisão Seg. Informação EUA nós vivemos realmente na "zona de conforto" da Guerra Fria. E havia uma zona de conforto porque tinha parâmetros e... perdemos isso. Temos tanta informação a ser criada, que é difícil imaginar que possa ser humanamente possível controlá-la. Existem, entre estes biliões de páginas, muitos milhares, talvez milhões, que irão, de certa forma, ajudar a re-escrever a História. Conforme o Secretismo se vai desvanecendo com o passar do tempo, ficamos com uma imagem mais nítida do que realmente se passou no decurso da História. Por vezes, pode ser dramática, mas, frequentemente, é mais subtil, mas são subtilezas que podem alterar a nossa forma de pensar. Não era uma missão secreta e, evidentemente, nunca fora uma missão secreta, mas apresentaram-na ao Supremo Tribunal como tal e era demasiado importante, na sua época, para ter sido divulgada, até mesmo para análise do Supremo Tribunal. Estávamos em 1946 e eu tinha 18 anos. Um amigo da minha mãe disse: "Oh, este jovem é tão maravilhoso. A Patty tem de conhecer este jovem." Adiei o encontro durante 3 semanas, quem quer que fosse, eu não o queria conhecer. E depois conheci o Bob Reynolds. Isso alterou as coisas. Conhecemo-nos no início de Setembro e casámo-nos a 30 de Novembro. Foi tudo muito rápido. Foi amor à primeira vista. Foi uma relação muito romântica e assim continuou até à morte dele. EXPLOSÃO EM PLENO VOO MATA 9 NUM B-29 A 6 de Outubro de 1948, por volta das 14h, um B-29 caiu de uma altitude de 6.100 metros, despenhando-se perto de Waycross, Geórgia. Morreram 9 pessoas, incluindo 3 engenheiros cívis que estavam a bordo a testar um equipamento electrónico. Albert Palya, William Brauner e Robert Reynolds. No início de 1949, as viúvas começaram a procurar aconselhamento legal WILSON BROWN - Advogado/Sócio Drinker Biddle & Reath e acabaram por descobrir a Drinker Biddle & Reath, em Filadélfia. Tinham muito pouca informação, para além de saberem que tinha ocorrido uma espiral violenta, um incêndio num motor e uma explosão que partira o avião a 3 mil metros de altitude. Algo correra mal. Teria sido negligência? As viúvas precisavam de provas, mas o governo recusou-se a entregar os relatórios do acidente, e disse: "A revelação do conteúdo destes documentos seria danosa para a segurança nacional, porque o avião estava numa missão secreta e transportava equipamento confidencial." Os juízes emitiram uma ordem judicial que dizia: "Terão de apresentar os documentos, a mim, apenas com o propósito de verificar se o que a Força Aérea diz sobre os documentos é ou não verdade." O governo entregou uma petição ao Supremo Tribunal para rever o caso, dizendo: "Nós é que somos o ramo executivo, nós precisamos deste poder. Os tribunais comuns não no-lo estão a dar, mas está na altura do Supremo Tribunal agir." Critical Assembly 2003 Recriação do primeiro laboratório atómico Instalação artística: Jim Sanborn Tenho estudado o Sistema de Secretismo desde a sua gestação. A auto-censura voluntária por parte dos físicos nucleares, imediatamente antes do Projecto Manhattan, cientes das possibilidades do que poderia ser uma bomba nuclear e sem estarem interessados em avisar ninguém. Então, por volta da altura do imenso investimento... THOMAS BLANTON - Arquivo de Segurança Nacional Universidade de Washington ...do Governo Federal no Projecto Manhattan, deu-se a criação efectiva do actual Sistema de Secretismo. A Segunda Guerra Mundial, em especial o Projecto Manhattan, foi o seu início. O que os preocupava era que os Alemães pudessem vencer a corrida pela bomba. Que pudessem usar esse imenso poder explosivo para ganhar a Segunda Guerra Mundial e governar o mundo. Era extremamente importante compartimentalizar, SIG HECKER Dir. Lab. Nacional Los Alamos, 1986-97 limitar o número de pessoas que tinham acesso a essa informação. Até os cálculos dos físicos, que levaram a: "Qual a quantidade de material necessário? Quanto tempo será preciso para a montar? Que pureza isotópica será necessária no material?" Técnicas de maquinaria, técnicas de montagem, se se prime, dá forma, aquece, arrefece, tudo fazia parte deste importante segredo. Isto era considerado um segredo tão grande que o vice-presidente Truman só veio a saber do projecto quando se tornou Presidente dos Estados Unidos. PROTEGE OS SEGREDOS DO TEU PAÍS! Anos mais tarde, o General Groves, o responsável do Projecto Manhattan, estava a tentar explicar o porquê de necessitarmos de tanto Secretismo no Projecto Manhattan? E deu-nos uma série de razões. Porque tínhamos de manter em Segredo tudo o que tivesse que ver com a bomba nuclear? A 1ª razão para o Secretismo eram os Alemães. A 2ª razão para o Secretismo eram os Japoneses. A 3ª razão para o Secretismo eram os Russos, que eram nossos aliados, mas já antevendo uma nova guerra. A 4ª razão para o Secretismo eram todos os outros países, para que pudéssemos manter um monopólio. A 5ª razão para o Secretismo eram outras agências executivas e o Congresso, que pudessem interferir no programa. ...que pudessem interferir directa ou indirectamente... ...outros ramos legislativos. ...o Congresso... Segundo os burocratas, a motivação principal do Secretismo tem que ver com CONTROLO e PODER. Aqui está, General Groves, plutónio. Esse Sistema de Secretismo expandiu-se. Passava a ser possível fazer-se com uma bomba o que anteriormente só podia ser feito por um enorme exército. Foi um salto quântico nas capacidades da Humanidade. Devido a isso, o Secretismo passou a ser muito mais importante. A Comissão que investigou os ataques de 11 de Setembro de 2001, descobriu que o Secretismo obstruíra o funcionamento da nossa segurança nacional. A CIA e a NSA,... STEVEN AFTERGOOD Projecto de Secretismo do Governo Federação de Cientistas Americanos ...possuiam informações àcerca dos sequestradores do 11 de Setembro mas estava dado com altamente confidencial que nunca foi partilhada com agentes do FBI no terreno. 7h18 - Aeroporto Internacional de Dulles 11 de Setembro, 2001 É o tipo de redução até ao absurdo daquilo que deveria ser o Sistema de Classificação. Em vez de proteger a segurança nacional, facilitou uma ameaça à segurança nacional. Nas descobertas da Comissão do 11 de Setembro, dizia: "As agências secretas americanas falharam em ligar os pontos." JAMES BRUCE Agente Executivo CIA, 1981-2005 E o ponto principal que não foi captado pela Comissão do 11 de Setembro eram que haviam muito poucos pontos. Quando os Estados Unidos foram atacados pelo Japão, a 7 de Dezembro de 1941, olhámos para isso e dissemos que fora uma falha dos serviços secretos. Os serviços secretos do Exército tinham dados que podiam ter evitado o ataque, tal como os serviços secretos da Marinha, essa informação não foi bem partilhada, e como resultado, fomos atacados. Depois da Guerra, o Congresso concluiu que o que precisávamos era de um mecanismo central para combinar e fundir todas essas informações, e esse mecanismo central era a CIA. Este país necessitava de uma capacidade de aviso, precisava de ter um mecanismo de aviso contra ameaças e ataques surpresa. Bin Laden Poderá Usar Tácticas da Idade da Pedra Para Escapar à Alta Tecnologia Em 1988, saiu em vários jornais, que tínhamos a capacidade de intercepção das comunicações de telefone por satélite do Osama Bin Laden. Quando essa cobertura da imprensa expôs essa capacidade de recolha de informação secreta, para surpresa de ninguém, excepto, talvez, da imprensa, perdemos a capacidade de monitorizar as comunicações por satélite do Osama Bin Laden. O que lhes posso dizer é que isso é apenas a ponta do icebergue. As capacidades de recolha de informação por parte dos serviços secretos requerem mecanismos secretos que sabemos, se expostos, serão menos efectivos, e nalguns casos, se expostos, extinguir-se-ão completamente. Perdemos uma fonte de informação secreta, muito valiosa e potencialmente lucrativa, no que veio a ser o mais horrível ataque da história dos Estados Unidos. Que vergonha é não termos tido essa capacidade. A única razão de não termos tido esta capacidade foi devido a uma revelação desnecessária e sem sentido por parte da imprensa. E a pergunta que o cidadão americano faz é: "Será que isso foi em meu benefício? Será que essa revelação por parte da imprensa foi em meu benefício enquanto cidadão?" Eu estava em Langley, no 11 de Setembro, e enquanto os ataques decorriam, porque era uma agente de contra-terrorismo e porque eu tinha trabalhado contra o Bin Laden, MELISSA BOYLE MAHLE Chefe de Base, Jerusalém - CIA, 1988-2002 ...eu tinha um grande conhecimento àcerca deste tipo especial de ameaça. Por isso, conforme os ataques foram decorrendo e vi ruir a primeira torre, um avião a embater contra a torre, lembro-me de pensar claramente que o Osama Bin Laden estava envolvido, que tínhamos sido novamente atacados, que tínhamos falhado perante a nação. E quando conduzia para casa havia enormes engarrafamentos, e eu não parava de pensar: "Bem, chegou a altura em que teremos de voltar ao combate a sério." Porque "as luvas iam ser tiradas", nessa altura já não havia dúvidas. Quando se é atacado em casa, as regras mudam. Estava lá em baixo bem perto das torres quando a segunda torre caiu. Olhei para o meu bloco de notas e sabia que era suposto escrever algo, porque é isso que faço e limitei-me a escrever "foram". Durante um tempo falharam-me as palavras. Mas... pouco tempo depois apercebemo-nos que estávamos num novo mundo, numa nova situação, e que tínhamos de a pesquisar. Uma das primeiras coisas que nos questionámos no "Washington Post", foi: "Se este vai ser um novo tipo de guerra, o que terá exactamente de novo?" "E é melhor tentarmos manter uma vigilância apertada sobre o tipo de alterações que serão propostas ao país." UNIR E FORTALECER A AMÉRICA FORNECENDO AS FERRAMENTAS APROPRIADAS PARA INTERCEPTAR E OBSTRUIR O TERRORISMO (ACTO PATRIÓTICO EUA) ACTO DE 2001 No pós 11 de Setembro, desceu um véu de Secretismo sobre grande parte do Governo. Vimos informação que estava em milhares de sites governamentais e militares a ser vedada ao público. Quantidades inimagináveis de informação do Governo que já tinha estado disponível, deixou de o estar, e como não a vemos, não sentimos a sua falta. O mundo do Secretismo Governamental é inimaginavelmente vasto. Inclui milhares de milhões de páginas de documentos históricos. Milhões de novos segredos que são gerados todos os anos. Dezenas de milhares de novos segredos todos os dias do ano. O custo financeiro do Secretismo cresceu de cerca de 1 bilião de dólares até uns inéditos 7,5 biliões de dólares em apenas um ano. É o equivalente ao orçamento duma agência do governo. É como se tivéssemos um departamento para os Segredos do Governo, do qual nunca ninguém ouviu falar. Os Segredos são sedutores em duas direcções. Há a sedução do Secretismo para os "segurocratas" porque essa é a ferramenta principal que usam para CONQUISTAR, MANTER E REGULAR O PODER, e é extremamente sedutora mesmo quando sabem que está errada, porque é fácil, é reflexiva e encontra-se ao alcance do seu poder. Por isso, há um reflexo dessa imagem do outro lado. Para se obter a divulgação de um Segredo significa que tem de haver uma redução nos poderes oficiais. Quanto a mim e por si só, isso é um valor americano importante e interessante. Toda a estrutura constitucional, tal como a depreendo, está montada para restringir o Poder. Por isso, a libertação de Secretismo faz, de alguma forma, parte da nossa cultura americana. E há o aspecto excitante disso, porque temos aqui uma arena na qual o Governo trabalhou arduamente para encobrir. Não é que sejamos... como o Anthony Perkins a abrir as cortinas da banheira da Janet Leigh, porque não somos, somos mais o pequeno rato a abrir a cortina da banheira perante o tamanho que tem a burocracia nacional. Mas há uma excitação nisso, há um "voyeurismo" para com o Secretismo, que tem conotações sexuais por se estar a olhar para o desconhecido, está-se a olhar para um tabu. O que foi que fizeram os teus pais à noite que gerou outros filhos? O que será que o estado de segurança nacional faz à noite para conduzir guerras? Em Novembro de 2001, o Salim Hamdan fugia da fronteira do Afeganistão e tentava entrar no Paquistão. Foi capturado por forças da Aliança do Norte, que ouviram a sua história e depois usaram essa história para o vender aos Americanos por uma avultada soma. Os Americanos acabaram por levá-lo para Guantanamo Bay, porque tinha admitido ser o motorista pessoal de Osama Bin Laden. Ele conhecia Bin Laden, ao contrário da maioria das outras pessoas em Guantanamo. Era claramente apenas um motorista sem importância,... NEAL KATYAL - Advogado do queixoso no caso Hamdan vs. Rumsfeld ...mas pelo menos a administração poderia afirmar: "Bem, temos por lá pessoas relacionadas com os maus da fita." O Presidente Bush, a 13 de Novembro de 2001, emitiu uma ordem militar para o julgamento dos terroristas suspeitos em Guantanamo Bay. Ia montar todo o sistema de julgamento à sua maneira. Quem podia ser julgado, como podia ser julgado, ia escolher os juízes, escolher os procuradores e advogados de defesa, e foi tão longe ao ponto de dizer que os tribunais federais não tinham nada que examinar o que estava a fazer devido à informação secreta de segurança nacional que poderia estar em causa. O procurador nomeou o primeiro-tenente Charles Swift, da Marinha, para ser o advogado do Sr. Hamdan. Podiam achar que ia encontrar alguém que seria a combinação do Al Capone, Adolf Hitler CHARLES SWIFT - Primeiro-tenente, JAG Marinha EUA, Advogado do queixoso e Genghis Khan, ou seja, este tipo é o demónio em pessoa. Ele podia colocar a América de joelhos com um lápis. Perigoso. Quando entrei, a primeira coisa que me disseram foi: "Tens de tirar a placa com o teu nome. Não podes usar a placa com o teu nome no uniforme." Perguntei: "Porquê?" - "Porque ele não pode saber quem você és." "Esperem lá, rapazes." "Não defendo pessoas dizendo: «Não sabes quem sou, mas vou defender-te.»" "Porque não mostramos todos um pouco de coragem e digo-lhe quem sou?" - "Afinal de contas, sou eu que fico marcado." - "Não, são estas as regras." Eu disse: "Bem, não vou retirá-la." "O que vão fazer?" E lá estava ele. Não se mexeu quando me viu pela primeira vez, porque estava firmemente algemado com as mãos junto aos pés e estava tão vergado que não se conseguia mexer. Acabei por conseguir que lhe retirassem as algemas, para que ficasse um pouco mais à vontade e se pudesse levantar para eu o poder cumprimentar. Quando fui para cumprimentá-lo: "Não lhe toques!" "Mas ele é o quê, um urso?" "Então?" "Não é um animal, não é um urso, vou apertar a mão do meu cliente." "Obrigado." O Salim olhou para mim, e disse-me: "Os guardas dizem que aqui não há lei." "O que podes fazer se não há lei?" E eu disse: "Eu não acredito nisso." "Não acredito que eles estejam certos, acredito que há lei em todo o lado." "Mas teremos de ir até ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos e vencer, se isso for verdade." Ouvimos falar pela primeira vez da terrível provação de Khalid al-Masri, da mesma forma que a maioria do mundo soube, lemos um artigo num jornal que continha alegações fantásticas de um homem inocente que tinha sido raptado pela CIA e sujeito a tortura numa prisão secreta. Parecia inacreditável. A ACLU, que representava o Khalid al-Masri, avançou com um processo em tribunal, mas mesmo antes de Tenet e os outros acusados, chegarem a responder às acusações no tribunal federal, a CIA foi ao tribunal federal e num depoimento juramentado secreto explicou que o caso tinha de ser encerrado, porque qualquer litigação da acusação envolveria segredos de estado e causaria danos à segurança nacional. O privilégio de Segredos de Estado nasceu em Pecado. Toda a doutrina é fruto duma árvore venenosa. Foi reconhecido pela primeira vez nos EUA num caso chamado "Reynolds", que envolvia o despenhamento de um avião da Força Aérea. O B-29 explodiu em pleno voo. O meu pai tinha 41 anos quando morreu. Enquanto criança, tenho memórias vívidas de ir até ao nosso sótão. Havia umas quantas caixas com fotografias dele, entre elas estavam manuais de engenharia do projecto em que trabalhara durante a Segunda Guerra Mundial. Era verdadeiramente intrigante folhear aqueles livros, mesmo que não fizesse ideia do que lá estava, porque no fundo de todas as páginas estava carimbada a palavra "SECRETO". Nos artigos de jornais, depois do acidente,... JUDY PALYA LOETHER - O pai, Al Paya, morreu no acidente "Reynolds" ...todos falavam deste projecto secreto. Veio adensar o mistério sobre quem era o meu pai. Era tudo muito sombrio, na década de 1950. Eram tempos conturbados. A Guerra Fria ameaçava rebentar a qualquer momento. Tínhamos imensas coisas a temer. O caso de Reynolds chegou ao Supremo Tribunal em 1952 e vivíamos uma época da nossa história em que estávamos assustados. Tínhamos a tecnologia aterrorizadora e através de espionagem, os nossos inimigos passavam a ter também essa tecnologia. Era uma época extremamente assustadora. Todos concordam que deve existir um privilégio de Segredo de Estado, a questão é: "Quem irá policiar esse privilégio?" Quando o Governo diz: "Isto é um Segredo de Estado!" "Que acções teremos de tomar para nos assegurarmos que assim continua?" "Que papel irá ter o sistema judicial?" E a resposta do Supremo Tribunal, numa votação de 6 contra 3, foi: "Quase nenhum." O Supremo Tribunal disse: "Concordamos com os Estados Unidos." "Tem de haver um privilégio para Segredos de Estado." Mas o Supremo Tribunal cometeu um erro crítico, nem sequer chegou a examinar os documentos que o Governo afirmava conterem informação secreta. A Força Aérea defendia o Secretismo como o grande imperativo para a segurança do país. E por fim, o Supremo Tribunal aceitou-o, tal como nós, pelo menos, eu aceitei-o, PATRICIA REYNOLDS HERRING Queixosa no caso Reynolds vs EUA nem sonhava com o que aparecia à suferficie. que havia segredos governamentais que, naquela altura, não podiam ser expostos. E o caso ficou encerrado por essa altura, no Outono de 1953, foi a última vez que se falou do caso Reynolds, durante 50 anos. Alistei-me na CIA durante a Guerra Fria. Na comunidade dos serviços secretos, era uma guerra muito simples. Sabíamos quem era o nosso inimigo e sabíamos o que o nosso inimigo queria. Hoje em dia, no sistema de segurança nacional, pode dizer-se que decorre uma guerra ideológica e até mesmo cultural, entre pessoas, que definiria como os defensores da Guerra Fria, que acreditam na informação compartimentalizada, na necessidade de saber, num maior controlo, em mais Secretismo e mais confidencialidade versus aqueles que se auto-identificam como os "pesquisadores de internet", as pessoas que compreendem que uma rede de distribuição de informação conduz efectivamente a um maior poder. Esta guerra está a ser ganha pelos defensores da Guerra Fria, infelizmente. E podemos olhar para o relatório da Comissão ao 11 de Setembro e vemos que está bem patente o tipo de controlo de informação ao estilo da Guerra Fria. A assumpção de que algures na burocracia existem pessoas que podem decidir o que outras pessoas podem ou não saber. Essa é a teoria de controlo sobre a qual construíram todo este Sistema de Secretismo, a necessidade de saber, como se alguém pudesse ser tão omnisciente. Digamos que és um analista. Suponhamos que és um analista somali e que tens em mãos uma pequena desordem a ocorrer na Somália e estás a tentar descortinar o que é. Só irás ter acesso a alguns tipos de informação. O nosso processo de compartimentalização foi montado antes da computorização, por isso, quando construímos os nossos computadores, construímo-los com base nos modelos existentes de como, manualmente, processávamos a informação. Por isso, quando o nosso analista somali está a tentar compreender os senhores da guerra e o que estão a fazer, porque estão a reunir-se com pessoas provenientes da Chechénia, ou da Bósnia, ou do Afeganistão, ena, eles são islamitas, isso é tudo muito interessante, mas não precisas de saber isso enquanto "pequeno analista somali", por isso nem sequer podes fazer perguntas para teres acesso à informação. Subitamente, formou-se um grupo que tem a capacidade de abater helicópteros militares americanos. Não conseguirás ter acesso a esse conjunto de informações de modo a conseguir responder à pergunta: "Porque é que agora têm essa capacidade quando não a tinham há um ano? E neste caso específico, foi porque o Osama Bin Laden tinha organizado e deslocado combatentes islâmicos para a Somália para treinar os senhores da guerra. Estavam a iniciar uma jihad e no entanto, esse analista somali nunca teve acesso a essa informação. O Sistema de Classificação é na realidade uma forma política de informação da era da industrialização. Mas já não estamos na era da industrialização, estamos na era da informação e a informação flui de forma diferente. Quando se tenta regular rigidamente os fluxos de informação, ao decidir que determinada informação pode ir para aquela pessoa mas não para a outra, paga-se um preço, perde-se os efeitos da serendipidade, a contribuição inesperada que alguém na rede pode fazer. "Posto de Escuta", 2003 Artistas: Mark Hansen e Ben Rubin Querida, sou um assassino profissional. O Bin Laden e outros cometeram o mesmo erro que os Japoneses cometeram no ataque a Pearl Harbour. Como se refaz totalmente a gestão de informação para permitir que as pessoas tenham um acesso livre e desimpedido e ainda assim manter o Secretismo? Ainda nem sequer estamos próximos de conseguir responder a isso, porque ainda não nos conseguimos afastar da ideia, da ideia fundamental, de que precisamos de proteger a informação de nós próprios. Demoro cerca de 30 horas a chegar a Guantanamo Bay. Tenho de acordar sempre a meio da noite, conduzir durante 4 horas, voar durante quase 15 horas através de um corredor aéreo congestionado, e implorar para que me deixem entrar numa base militar onde não conseguem compreender o porquê de eu lá estar. Não me enquadro nas suas duas caixas em que se é um oficial ou um empreiteiro, faço parte da terceira caixa, o tipo que está a processar o Secretário de Defesa. Todos os que tenham estudado o sistema judicial criminal anglo-americano sabem que a única coisa que não se pode fazer, "...Habeas Corpus..." o mais básico dos fundamentos, "...Habeas Corpus..." é privar alguém do seu julgamento criminal. O que a ordem do Presidente Bush se propôs a fazer foi permitir que réus, em nome da protecção de segredos, fossem privados dos seus julgamentos, serem, literalmente, condenados à morte com base em informação que nunca chegaram a ver. "...punição...morte." Se chegamos ao ponto de podermos ser o carrasco, sem ter de dizer nada a ninguém, sem ter alguém a examinar e poder fazer tudo isso em Segredo, o que é que nos resta? O que é que nos resta? Se eu puder decidir as razões por que passarás o resto da tua vida na prisão e apenas eu as souber e não tiver de dizer nada a ninguém, o que é que nos resta? Quando posto a descoberto o argumento deles é o de que não há limite ao poder presidencial. O Presidente, no final de contas, decide o seu poder e mais ninguém. No entanto, foi o que fundamentalmente invocaram para as Comissões. Foi o que fundamentalmente invocaram para os interrogatórios, para as escutas, para todas essas coisas, e fizeram-no em Segredo. Mas o caso de Hamdan teve a oportunidade de começar a destapar a manta dessa pura asserção de poder. A dicotomia não é entre a segurança nacional e a abertura, a dicotomia é entre o Secretismo e a Segurança. O Secretismo não está a tornar-nos mais seguros, há melhores formas de nos tornarmos mais seguros. Menos Secretismo iria deixar-nos mais seguros. Capturámos o "Unabomber" porque publicámos os seus manuscritos nos jornais, e o irmão dele abriu o "Chicago Tribune" nos subúrbios de Illinois, e disse: "Isto parece ser coisa do doido do Ted, lá na sua cabana em Montana, é melhor telefonar ao FBI para o capturarem." Perseguiram este tipo durante 12 anos, nunca o apanharam até terem divulgado a informação que tinham. A publicidade gerou os meios para ligar os pontos e o Secretismo obstruiu a segurança. As quatro liberdades que temos são imensamente vitais para a sociedade americana, são muito importantes. A imprensa livre... é algo importante de se ter, queremos mantê-la, mas... nós os que estamos a tentar proteger a informação sensível de segurança nacional temos uma responsabilidade para com o povo, que é proteger esta informação em seu favor. Se publicássemos apenas o que eles nos dizem de livre vontade, não saberíamos que o Osama Bin Laden escapou de Tora Bora. Não saberíamos que há pessoas que estão a ser capturadas nas ruas em países estrangeiros e levadas secretamente para prisões noutros lugares no mundo sem qualquer processo judicial. Não saberíamos que o Governo americano está a utilizar métodos, contra detidos, que descrevera previamente como TORTURA. Não teríamos conhecimento de muitas das linhas condutoras básicas do que o Governo está a fazer em nome do combate ao terrorismo. E no entanto, o Presidente disse que este devia ser o assunto sobre o qual se devia decidir a eleição. Os jornalistas, na minha opinião, tratam o Secretismo como um jogo. O jogo deles é expor os Segredos, porque assim terão uma história. A CIA não olha para o Secretismo como um jogo, olha para ele como um mecanismo de sobrevivência. As consequências, em alguns países, para agentes que foram apanhados, por traírem o seu país, é a morte. Os terroristas não têm problema em abater um agente da CIA, alguns terroristas nem pensariam duas vezes em matar também a tua família. "Para a Cidade", 2005 Artista: Jenny Holzer A INFORMAÇÃO É PODER! A informação tem potência. Na verdade, alguma informação é tão potente que pode ser perigosa. Deus criou o Universo com a fala. Alguma fala é tão poderosa que o seu poder criativo, ou o seu poder destrutivo, quase não tem limites. O acto de encobrimento e revelação é um gesto primordial. Em termos bíblicos, a primeira coisa que Adão e Eva fizeram, depois de comerem da árvore do conhecimento, foi cobrir a sua nudez. A superação do encobrimento, o acto da revelação, tem uma ressonância profunda na psicologia dos guardiões dos segredos e nos que os desafiam. Quando contei à minha mãe o que fazia há várias décadas, julguei que ela fosse ter um ataque cardíaco. E depois disso, receava que me fosse fazer 300 perguntas, "Este sujeito era um espião? E este, também?" "O que estavas a fazer neste país, naquela altura?", todas estas perguntas sobre coisas que ela desejava saber, por isso abri uma caixa de Pandora. Há toda uma parte da minha vida, durante a qual me privei do meu círculo de amigos e familiares, porque foi uma jornada clandestina para mim. Eu e o meu marido tivemos um casamento secreto. Casávamo-nos longe dos olhares da imprensa. Teve de ser assim, porque tínhamos de obter as nossas licenças a tempo. Então, diz-se às pessoas: "Aquele casamento a que foram, não foi um casamento de verdade." "Já agora, pagaram por um casamento falso." Esperamos que as pessoas consigam brincar e rir com isso, mas no fim do dia apercebemo-nos que houve uma traição no relacionamento e essas coisas, deixam marcas com o passar do tempo. Moscovo, 1992, deu-se a inauguração de uma exibição de arquivos soviéticos secretos. As pessoas faziam uma fila que dava a volta ao quarteirão e eu também estava nessa fila. Dirigimo-nos para o escritório no cimo das escadas e vimos uma enorme agitação, era um sujeito que vinha numa maca, transportado por guardas, um reformado muito idoso que vestia o antigo sobretudo soviético cinzento com as suas medalhas da grande Guerra Patriótica na lapela, tinha a barba e o cabelo grisalhos, esquelético e velho, e as câmaras de televisão focaram-no enquanto descia as escadas e começaram a fazer-lhe perguntas. "O que aconteceu? O que aconteceu?" E o sujeito disse: "Bem, eu sabia que Estaline e Molotov tinham assinado o acordo com Hitler e Ribbentrop." "Mas eles tinham-no lá em cima e ao vê-lo, desmaiei." É como o poder do artefacto na sua realidade. O artefacto pode mentir e o artefacto não encerra em si toda a verdade, mas possui uma estranha aura de autenticidade que tem o seu próprio poder. A minha mãe morreu quando eu era muito novo, uma das formas que usei para saber como ela era foi lendo as notas que escrevera nos livros que lera. Li o "Inferno" de Dante não por causa do texto, mas por causa das notas que ela escreveu nas bordas, porque estava a tentar saber quem é que ela tinha sido. No início de 2000, Judy Loether, a filha de Albert Palya, que falecera neste acidente, estava a pesquisar na Internet e encontrou um sítio que identificava todo o tipo de relatórios de acidentes. E a Judy ficou entusiasmada, porque ia encontrar informações sobre o seu pai. Ela tinha 6 semanas quando o seu pai morreu. Não chegou a conhecê-lo. Fui até à caixa de correio e estava lá um enorme envelope de papel manilha. Lembro-me de ir até à sala de estar e de me sentar no sofá a pensar no que estaria dentro do envelope. Tinha medo de ver os detalhes sangrentos sobre a forma como ele tinha morrido. Acabei por abri-lo. De certa forma, era avassalador olhar para aquele relatório e tentar digerir todos os erros que foram cometidos, por tantas pessoas, que acabaram por resultar na morte de 9 homens. E apercebi-me que havia outra mulher que talvez viesse a beneficiar com o que eu tinha encontrado. Quando recebi o relatório do acidente e o li, foi verdadeiramente devastador. Tinha havido muitos problemas com os anéis de aquecimento. Tinham sido aconselhados pela Força Aérea para não voarem até que fossem substituídos todos os anéis de aquecimento. E neste avião, nada disso foi feito. E quanto mais lia, pior me sentia. E claro, havia todas estas fotografias que mostravam os destroços contorcidos e o fumo a sair. E claro que a ideia que me veio à cabeça foi: "O Bob estava lá dentro." Não nos podemos esquecer que quando vi o Bob a partir no dia do acidente, ele era um jovem vibrante com 24 anos e íamos embarcar numa nova fase das nossas vidas no nosso novo apartamento, e tudo ia ser maravilhoso nos 100 anos seguintes. E não o voltei a ver. Nunca me saiu da cabeça o pensamento "Sei que morreu, mas..." E por alguma razão, ao ler este relatório... ...caí na realidade. Não havia menção ao projecto em que estas pessoas estavam envolvidas. Não havia menção ao equipamento que transportavam. Não havia menção aos objectivos do voo. O relatório do acidente descreve um acidente terrível e encontra explicitamente negligência por parte da Força Aérea dos Estados Unidos. Não fizeram o que supostamente deviam ter feito. Isso não é um Segredo. Há uma linha sobre testes secretos de equipamento electrónico, é apenas isso que diz. A missão servia para testar equipamento electrónico secreto, ponto final parágrafo. Não diria nada ao inimigo. E no entanto, o Governo apresentou depoimentos juramentados suficientes para obrigar o Supremo Tribunal a deixar as viúvas de parte. Homens no poder, na minha América, decidiram mentir no Supremo Tribunal. Queriam criar o precedente para o Segredo de Estado e nós fomos os sacrificados, é dessa forma que o vejo, foram sacrificadas as viúvas e os filhos para que o Governo pudesse ter o seu precedente. Este caso já foi citado 600 vezes, baseando-se numa falsidade. O privilégio de Segredo de Estado foi estabelecido com uma MENTIRA e tem permitido que o Governo conte o mesmo tipo de mentiras vezes sem conta. Mas o que é impressionante sobre a forma como hoje é usado o privilégio de Segredo de Estado é que o Governo está a usar esse privilégio como uma doutrina de IMUNIDADE. Ou seja, não espera que o queixoso solicite informação, entra assim que o caso é formalmente entregue, dizendo efectivamente: "Este caso não pode ser adjudicado." E assim, temos esta espantosa situação em que são os próprios perpetradores, as pessoas que estão a ser acusadas de conduta ilegal e inconstitucional, a irem ao tribunal dizer: "Não há nada que ver aqui. É tudo Segredo." "Se este caso avançar, irá causar danos à segurança nacional." E apenas em virtude dessas afirmações, sem qualquer examinação das supostas provas secretas, alguns dos casos mais significativos da história judicial americana, morrem logo à nascença. O caso Reynolds devia ser prova mais do que suficiente de que o privilégio de Segredo de Estado tende a ser abusado. Mas para os que não ficaram convencidos com o caso Reynolds, o caso de Khalid al-Masri é o caso Reynolds da última década. Se nunca tiveres de responder pelo que fizeste, se nunca tiveres de dar explicações a um analista de factos neutro, poderás fazer uma série de julgamentos que estarão totalmente errados. Sem informação... podes ficar tão perdido quanto as pessoas de quem tentas esconder as coisas. O primeiro relatório a expor abusos de prisioneiros sob custódia americana na Guerra do Iraque, era um Segredo Confidencial. De acordo com as regras, o Sistema de Classificação não pode ser utilizado para ocultar actividades criminais, e no entanto, foi o que se verificou neste caso. O Secretismo foi o véu necessário para se conseguir alterar as regras do jogo. Se não tivesse havido Secretismo nestes memorandos que vieram da Casa Branca, do Rumsfeld e dos advogados do Departamento de Justiça, eles nunca o poderiam ter feito. Mesmo depois do 11 de Setembro há linhas que não se cruzam, mesmo que seja em legítima defesa. Por isso, o Secretismo possibilitou uma forma de tomada de poder de precedentes legais e de governação. A guerra é violenta e sangrenta e traz ao de cima os piores instintos da Humanidade. Durante séculos, a luta da civilização e da guerra, tem sido: "Como se coloca a Guerra no âmbito da Moralidade?" Não se matam cívis. Há regras sobre a forma de tratar prisioneiros. Não se utilizam armas de destruição massiva. Nós, como país, já quebrámos essas regras, mas colocando-nos em risco, pois no fundo, essas regras protegem-nos mais a nós do que qualquer outra pessoa. E no entanto, no contexto dos sinais que vêm de cima, que dizem: "As luvas foram descalçadas", no contexto de todo o sistema envolto em Secretismo e no contexto da guerra, as luvas são realmente descalçadas, e persistem os capuzes, e persistem os eléctrodos, e persistem as chicotadas. Ao contrário da maioria dos americanos, quando olho para Abu Ghraib fico horrorizada por razões completamente diferentes. Penso que a maioria dos americanos fica apenas horrorizada com a obscenidade das imagens de tortura, da realidade do que se passava naquela prisão. Também fico horrorizada com isso. Mas fico mais horrorizada que americanos torturassem iraquianos sem o propósito de recolha de informações, e para mim isso é um crime profissional. Como pessoa que tem imensa experiência em se sentar com pessoas que não querem cooperar, e de ter de criar um ambiente estruturado para que te digam o que precisas de saber, precisas que te contem a verdade, não irás conseguir isso deles através da tortura. Se vais fazer bem o teu trabalho, não vais querer criar Abu Ghraibs. Talvez, isto não vá soar bem, no sentido em que os Americanos irão perguntar: "Será que isto é consistente com os nossos ideais enquanto Americanos?" Acho que irão sempre existir essas tensões. Precisas de manter o teu inimigo confuso e evitar que ele saiba que estás a operar contra eles. Não queres que eles saibam onde estão, queres que eles se sintam inseguros, queres que temam o que irá acontecer a seguir. Ser capaz de extrair essa informação e usá-la de forma a ganhar. Se souberem qual é o teu jogo e conhecerem a tua estratégia e conhecerem as tuas tácticas colocáste-te em tal desvantagem que não irás ganhar. E, neste momento, precisamos de estar a vencer. O que para mim é fascinante sobre as técnicas que usaram em Abu Ghraib, é que se tratava das mesmas técnicas a que assistimos na América Central, na década de 1980, por parte dos nossos aliados, pelos vietnamitas do sul com as suas "celas tigre" no Vietname, nos anos 60. São universais, fazem provavelmente parte das mesmas técnicas, excluindo a mecânica moderna, que Nabucodonosor usou nos seus prisioneiros no deserto iraquiano há 2 mil anos, porque há um poço profundo de maldade na alma humana e volta-se a mergulhar nele sob condições extremas, e o que o Secretismo permitiu que acontecesse foi que eles mergulhassem e trouxessem novamente à tona as mesmas coisas. Houve a divulgação de manuais de tortura que a CIA usava no Vietname. Muitos foram queimados mas foram salvas algumas cópias nos anos 70, quando isso foi exposto e se ficou a saber sobre as "celas tigre". DOR E nos anos 80: "Oh, meu Deus, outra ameaça existencial." "Os comunistas estão novamente a caminho de Arlington, Texas." "Vão ameaçar o nosso ser, a nossa estrutura americana." "Temos de voltar a mergulhar no poço ou ir até ao fundo do armário." "Oh, vamos voltar ao velho manual." "Ah, Ah." "Está aqui um que explica como isso se faz, neutralizam-se as pessoas como professores ou enfermeiras, que possam dar algo que as pessoas nas áreas rurais da Nicarágua dêem valor." Neutralizar. Não se usa a palavra "assassinato", não se usa a palavra "matar", mas todos sabem do que se está a falar, faz parte do poço sombrio que forja a alma humana. "Voltámos a mergulhar." "Oh, limpámos a nossa acção na década de 90, a década da abertura." "Disseminámos os direitos humanos e a lei por todo o mundo." "A democratização. Isto é fantástico." "Boom, atacaram o World Trade Center. Hei, decalçámos as luvas." "Voltemos ao fundo do armário, só que desta vez vamos ao fundo do disco rígido." "Vamos ocultar esta informação." "Como fazer isto?" Voltamos a cometer os mesmos pecados, porque o Secretismo permite que mergulhemos. Em meados da década de 1990, o mundo parecia mais seguro, mas isso era assim porque tínhamos palas nos olhos. Nessa época, não estávamos a analisar bem os cenários das redes transnacionais de terrorismo. Hoje em dia, quando analisamos o nosso ambiente ameaçado, enfrentamos a real possibilidade de uma organização terrorista vir a obter a capacidade e tente implementar um ataque com armas de destruição massiva numa grande cidade do mundo. A Guerra Fria foi uma guerra de alta tecnologia. Estávamos constantemente a tentar ultrapassar os russos... SIG HECKER Dir. Lab. Nacional Los Alamos, 1986-97 ...para ficarmos um passo à frente deles. Agora, de repente, o terrorismo nuclear utiliza a informação mais antiga relacionada com as armas nucleares. Isso é muito importante. Como mantemos isso apropriadamente secreto e será que conseguimos fazê-lo nos dias de hoje? A informação essencial sobre como fazer essas bombas, está disponível. Encontra-a no Google. Uma só bomba... em Nova Iorque, ou em Moscovo ou em Berlim, teria uma capacidade de destruição monumental. Dezenas a centenas de milhares de pessoas instantaneamente mortas. Os efeitos da radiação. A devastação de toda uma cidade. E isso terá um impacto fenomenal na forma como nós americanos vivemos as nossas vidas. Não pode acontecer a explosão de uma bomba, de uma bomba suja, em Londres, e pensar que a América não será afectada. Os Americanos deixarão de sentir que têm o luxo de viver numa sociedade livre e aberta. Uma democracia não é um sistema natural, uma democracia requer um sistema partilhado de crenças, uma democracia requer uma cidadania que esteja vinculada a determinadas regras do jogo. E se começarmos a redefinir essas regras devido ao medo de terroristas... a democracia pode muito bem vir a ser vítima disso. Vamos ouvir a argumentação no caso nº 05184, Hamdan vs. Rumsfeld. Pode prosseguir Sr. Katyal. Caso Hamdan vs. Rumsfeld Sustentação Oral, 28 Março, 2006 Pedimos a este tribunal para preservar o "status quo" requerendo que o Presidente respeite... Quando, naquela manhã, entrei no Supremo Tribunal fiquei impressionado com a magnificência do tribunal, o tribunal mais importante da nação, a ouvir uma contestação dum homem que fora acusado de conspirar com um dos homens mais diabólicos do mundo e a processar o Presidente dos Estados Unidos, o homem mais poderoso do mundo. A gravidade do momento... tirava-nos literalmente o fôlego. A importância do que estávamos a discutir era simultaneamente excitante e aterrorizadora. Não podemos perder. Não é suficiente dizer que tentei. Não é o suficiente, temos de vencer. Tenho o prazer de anunciar que no caso nº 05184, Hamdan vs. Rumsfeld... No dia em que foi dada a conhecer a sentença, estava sentado na sala do tribunal com o comandante Swift ao meu lado. O juiz Stevens começou a ler o juízo. Decidimos, com efeito, que o Congresso negou ao Presidente a autoridade legislativa para criar esta comissão militar. Nada impede o Presidente de voltar a recorrer ao Congresso para obter a autoridade que acredita ser necessária e que nenhuma emergência se entreponha... Continuei a percorrer os vinte e tal pontos do caso e a pensar: "Aprovado. Deliberou este a nosso favor." "Aprovado. Deliberou outro a nosso favor." E no fim, reparei que tínhamos ganho em todos os pontos. No último dia, enquanto saía do tribunal e descia as escadas com o Neil, o que mais sentia era um alívio, estava totalmente aliviado. Não tínhamos falhado. Foi algo de impressionante. "O Supremo Tribunal Rejeita Julgamentos de Detidos" Washington Post, 30 de Junho, 2006 "A Casa Branca Incita o Congresso a Refrear os Direitos dos Detidos" New York Times, 12 de Julho, 2006 "O Senado Aprova Plano de Bush para Tribunais Militares" Los Angeles Times, 29 de Setembro, 2006 Eles reformularam as leis, por isso, o desafio continua. "Juiz Permite a Continuação do Julgamento Militar de Hamdan" Christian Science Monitor, 18 de Julho, 2008 Se o Presidente está a empregar acções secretas que violam leis aprovadas pelo Congresso e tratados ratificados pelo Senado, fazendo-o em nome do poder executivo, pode pensar-se que isso é permitido a 15 de Setembro de 2001, mas anos mais tarde, é uma ameaça corrosiva para a democracia. Uma ameaça terrorista com a capacidade nuclear, ou com a capacidade de armas biológicas, ou com a capacidade de armas químicas. Isto é, de muitas formas, um tipo de ameaça que pode ser combatida, até certo ponto, sob o véu do Secretismo, e sou da opinião que assim deve ser. Como se mantém um equilíbrio entre o mundo do Secretismo e a nossa sociedade aberta? E acho que, por vezes, quando se enfrenta uma ameaça como a que enfrentamos, tem de haver um pouco de cedência. Precisamos de dar poder aos nossos serviços secretos para conseguirem fazer parte desse trabalho sujo, de forma a conseguirmos eliminar estas ameaças. Precisamos de algum Secretismo, porque todos nós temos segredos, porque há verdadeiros segredos que tornariam o mundo muito mais perigoso. E a maior parte de nós, se visse esses verdadeiros segredos, reconhecê-los-ia usando o senso comum e iria querer vê-los protegidos. Bastava alguém perguntar: "Como se desenha uma ogiva química binária?" Se o Khadafi tivesse sabido como fazer isso, hoje podíamos não estar a desarmar, podíamos estar com muitos mais problemas no Médio Oriente. Existem verdadeiros segredos, o desafio reside não no facto de existirem verdadeiros segredos, mas de existirem tendências avassaladoras no seio da burocracia para CONTROLAR as ÁREAS DE INFLUÊNCIA e PERPETUAR o PODER, tendências esmagadoras que se concentram hoje na Presidência. Grandes Interesses Económicos, Grandes Interesses em Áreas de Influência e Burocráticas, que estão a impulsionar um maior Secretismo e não existe nenhum poder que contrabalance isso. Quando as coisas são secretas não temos de ser responsabilizados, podemos viver as nossas vidas sem ter de assumir a responsabilidade do nosso país. A democracia começa com esta ideia bastante simples: "Somos todos nós. Somos todos responsáveis." "Temos o país que merecemos, porque assim o escolhemos." O carácter de uma grande nação é o que a torna grandiosa, e o nosso carácter foi formado na ideia de uma sociedade sujeita ao domínio da lei. E isso é um grande poder. Quando se tem medo é difícil ter carácter. O medo a correr pelas suas veias faz com que isso seja difícil. Em resumo, a coragem é a habilidade de seguires os teus princípios mesmo quando se estás aterrorizado de morte. HUMANOCRACIA.

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Vitória da Conquista:

Carlos Stark, Kings County: School of Drama. Apucarana: Niagara University, Lewiston; 2014.

Bill Hebert, St. Lawrence. Itaquaquecetuba: Pratt Institute, Clinton Hill, Brooklyn; 2017.

Tim Patterson, E 70th Street zip 10021. Parnamirim: Westchester Community College; 2020.

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