Peca Teatral Sobre Drogas E Familia

Aaron Copland School of Music - Na noite passada sonhei que estava em Manderley novamente. Estava em pé, diante do portão de ferro, no início da estrada Ainda assim, não conseguia entrar porque o caminho estava fechado para mim. Então, como em todos os sonhos, Fui possuída, subitamente, por forças sobrenaturais e atravessei como um espírito através da barreira. O caminho seguia na minha frente, tortuoso e imprevisível como sempre foi. Mas quanto mais eu ia, estava certa que aquilo tinha mudado A Natureza volta-se para si novamente e pouco a pouco invadia o caminho com longos, tenazes dedos. E mais e mais envolvia aquele filete que fora uma vez nossa vereda. e finalmente, eis Manderley. Manderley, reticente e silenciosa. O tempo não conseguiu arruinar a simetria perfeita daqueles muros O luar parecia brincar, ludibriando a fantasia de repente me pareceu que a luz vinha das janelas. E então uma nuvem passou à frente da lua... e pairou por um instante como uma mão negra ante a face. Com isso se foi a ilusão. Olhei para uma concha desolada sem murmúrio do passado dentro daqueles muros rijos Jamais poderemos voltar a Manderley novamente. Isso é certo. Mas às vezes, em meus sonhos... volto aos estranhos dias de minha vida... que começaram para mim no sul da França. Não! Pare! Por que diabos está gritando? Quem é você ? Está olhando o que? Desculpe. Não queria ficar olhando. Mas, apenas pensei... Oh, pensou, você pensou ? O que está fazendo aqui ? Estava apenas passando. Continue com sua caminhada. Não ande à toa neste penhasco. Nunca mais virei a Monte Carlo fora de estação. Nem uma única personalidade de renome neste hotel. Está frio! Garçom. Garçom. Chame-o. Mande trazer um... O que? É Maxim de Winter. Como vai? -Como vai ? - Sou Edith Van Hopper. Tão bom esbarrar com você aqui Estava perdendo as esperanças... ...de encontrar um velho amigo aqui em Monte. Mas vamos sentar e tomar um café. Sr. de Winter tomará café comigo. Peça um copo àquele garçom idiota. Receio que devo contestá-la. Vocês duas vão tomar café comigo. Garçom. Café por favor. - Um cigarro ? - Não, obrigado. Sabe, reconheci você só pelo jeito como vinha, não nos vemos desde aquela noite no cassino em Palm Beach. Provavelmente não lembra de uma velha como eu. Está jogando muito aqui? Não, essas coisas deixaram de me divertir há anos. Compreendo perfeitamente. Se eu tivesse um lar como Manderley. Certamente nunca viria a Monte. Ouvi que é uma das maiores mansões do país e imbatível em beleza. Que acha de Monte Carlo? Ou você não acha nada de nada? Bem, acho um tanto artificial. É mimada, Sr. de Winter. Este é seu problema. A maioria das garotas daria os olhos para ver Monte Carlo. Não teriam seu propósito frustrado? Agora que nos reencontramos, Espero ver algo sobre você. Precisa vir tomar um drink na minha suíte. Espero que lhe dêem um bom quarto. O lugar está vazio. Se sentir-se desconfortável faça um estardalhaço. Sua mala já foi desfeita para você, suponho... Não tenho quem desfaça. Poderia fazer isso para mim? Bem, acho que dificilmente... Talvez você possa ser útil ao Sr. de Winter se ele quiser alguma coisa. Você é competente em muitas coisas. É uma sugestão fascinante, mas acho que me apeguei ao velho lema: '' Viaja mais rápido quem viaja sozinho.'' Acho que nunca ouviu. Boa noite. O que ele acha? Supõe que essa saída súbita foi para ser engraçado? Não fique aí sentada. Vamos subir. - Pegou a chave ? - Sim, Sra. Van Hopper. Lembro quando eu era mais jovem, havia um notório escritor... que pegava o caminho de volta quando me via chegando. Suponho que estava apaixonado... ...e não estava totalmente seguro de si. Bem, c'est la vie. A propósito, minha querida, não pense que quero ser rude... mas foi uma garotinha atrevida com o Sr. de Winter. Sua tentativa de entrar na conversa muito me embaraçou e certamente a ele também. Homens detestam esse tipo de coisa. Ora, não se aborreça. Além do mais, sou responsável por seu comportamento aqui. Parece que ele não notou. Pobre rapaz... Acho que ele não superou a morte da esposa. Dizem que ele simplesmente a idolatrava. Que desastre! Que estupidez. Oh, sinto tanto. Por favor não se preocupe. Não tem importância. Deixe, deixe. Venha e sente na minha mesa. - Mademoiselle almoçará comigo. - Oh... eu não poderia... - Por que não ? - É muito gentil de sua parte, mas vai ficar tudo bem quando trocarem a toalha. Não convidei por cortesia. Teria convidado mesmo que não tivesse derrubado o vaso. Venha. Não precisamos conversar se não estivermos à vontade. Muito obrigada. Oh, só quero uns ovos mexidos. Que houve com sua amiga ? Está de cama com um resfriado. Desculpe, fui tão rude com vocês ontem. A única desculpa que posso dar é que viver sozinho me endureceu. Não foi. Simplesmente queria ficar sozinho, e... A Sra. Van Hopper é sua amiga ou apenas uma conhecida? Não, é minha patroa. Sou o que chamam de dama de companhia. Não sabia que se podia comprar companheirismo. Uma vez procurei a palavra companheiro no dicionário. Dizia, ''um amigo do peito.'' Não a invejo pelo privilégio. Ela é muito amável, realmente, e eu tenho que ganhar minha vida. -Não tem família ? -Não, minha mãe morreu há anos, e ficou apenas meu pai. Ele morreu no verão passado, e então arrumei esse emprego. - Que triste para você. - Sim, muito. Porque, veja, nós nos dávamos tão bem. Você e seu pai? Ele era uma pessoa adorável. Extraordinária. - O que ele fazia? - Era pintor. - Ah. E era bom? - Bem, acredito que sim. Mas as pessoas não o compreendiam. Sim, geralmente esse é o problema. Ele pintava árvores. Pelo menos era uma árvore. Você quer dizer que ele pintava sempre a mesma árvore? Sim. Ele tinha uma teoria que se você acha uma coisa perfeita, ou lugar ou pessoa, você tem que se agarrar a ela. Você não acha isso muito doentio? Nem tanto. Eu mesmo acredito firmemente nisso. E o que achou para se agarrar enquanto ele pintava sua árvore? Eu sentava com ele e desenhava um pouco. Mas não tinha o menor talento. - Vai desenhar esta tarde? - Sim. - Onde? - Ainda não decidi. Lhe levarei a algum lugar de carro. Não, por favor. Não se incomode. Bobagem. Termine de comer e partiremos. Obrigada, é muito gentil , mas não estou com fome. Vamos. Coma tudo como uma boa menina. Está há tanto tempo nesse desenho, que espero ser uma obra de arte muito boa. Oh, não olhe. Não está nem perto de ser muito boa. Mas não pode ser tão ruim assim. Não, não apague. Deixe-me ver primeiro. É a perspectiva. Nunca consigo fazer certo. Oh, querida. Me diga, é a perspectiva... que deixou meu nariz esse curioso rolinho no meio? Bem, você não é um modelo muito fácil de desenhar. Sua expressão muda o tempo todo. Mesmo? Me concentraria na paisagem se fosse você. Vale mais a pena. Me lembra um pouco a beira-mar, em casa. Conhece Cornwall? Sim. Estive lá uma vez com meu pai no feriado. Estive uma vez numa loja, e eu vi um cartão-postal... com uma bela casa lá, bem a beira do mar. E perguntei de quem era, e a senhora disse: "É Manderley..." Me senti envergonhada por não conhecer Manderley é linda. Para mim, é apenas o lugar onde nasci... e tenho vivido toda a minha vida. Mas agora, não creio que venha a vê-la de novo. Temos sorte de não estarmos na Inglaterra nesse mau tempo, não? Nunca lembro de aproveitar para nadar até Junho, e você ? A água é tão morna que eu poderia ficar o dia inteiro. Mas a ressaca é perigosa, ano passado um homem se afogou. Nunca tive medo de me afogar, você tem ? Vamos, levo você de volta. Oh, sim. Conheço bem o Sr. de Winter. Conheci sua esposa também. Antes de casar, ela era a bela Rebecca Hildreth. Morreu afogada quando velejava perto de Manderley. Nunca fala sobre isso, claro, mas é um homem arrasado. Deveria lidar melhor com isso. Que horrível! Um chocolate, rápido ! Oh, aí está você. Em cima da hora. Anda. Quero jogar buraco. Ela era a bela Rebecca Hildreth. Ele simplesmente a idolatrava. Era a bela Rebecca Hildreth. Ainda não conseguiu superar a morte da mulher. Era a bela Rebecca Hildreth. Mas ele é um homem arrasado. Aonde está indo? -Tomar umas aulas de tênis. -Estou vendo. Suponho que viu o professor, e ele é desesperadamente bonito... e pensou em ser sua aluna. Tudo bem, vá e aproveite bem. De folga? Sim, o resfriado da Sra. Van Hopper virou uma gripe, ela arranjou uma enfermeira. Sinto pela enfermeira. Gosta muito de tênis ? Não especialmente. Ótimo. Vamos dar um passeio. Boa tarde, Sra. Van Hopper. Como se sente? Foi bem com ele, não ? Esse professor deve ter ensinado outras coisas além de tênis. Anda. Quero fazer uns telefonemas. Será que o Sr. de Winter ainda está no hotel? Prezado Sr. De Winter: Porque não retorna minhas ligações, seu malcriado! Assim que me livrar deste horrível resfriado, prometo que não ficará entediado aqui em Monte Porque sei que isto é apenas porque você deve estar entediado, entediado, entediado! Sua amiga, Edith Van Hopper Posso ir agora ? Pela quantidade de aulas que toma, está pronta para Wimbledon. Mas esta será sua última, então aproveite bem. Acamada desse jeito, você não tinha muito o que fazer. Mas estou dispensando a enfermeira hoje, e você se voltará ao seu trabalho. Sim, Sra. Van Hopper. - Enfermeira! - Sim, Sra. Van Hopper? Tem certeza que deixou aqueles recados ao Sr. de Winter ? - Sim, madame. - Não posso acreditar. Ele certamente teria me ligado de volta. Bem... Pobre garoto, detesto vê-lo tão só. Sabe, eu... queria que houvesse uma invenção... que pusesse as lembranças em frascos, como perfume. E que nunca se esvaísse, nunca envelhecesse. E quando quisesse, abriria o frasco... e viveria todas as lembranças novamente. E que recordação em especial conservaria? Oh, todas elas, todos estes últimos dias. Encheria muitos, muitos frascos. Às vezes, estes pequenos frascos contém demônios ... que de alguma maneira estalam em você... justo quando você tenta a todo custo esquecer. Pare de roer as unhas. Queria ser uma mulher de 36 anos, vestida em cetim preto, com um colar de pérolas Se fosse não ia querer estar aqui comigo. Por favor diga, porque me pede para sair com você ? Sim, claro que você quer ser gentil, mas por que escolheu a mim para sua caridade ? Convidei você porque queria sua companhia. Tem apagado o passado de mim mais que todas as brilhantes luzes de Monte Carlo. Mas se acha que a chamo só para ser gentil ou por caridade... pode descer, e achar você mesma o caminho para casa. Vamos, abra a porta e saia. Melhor assoar o nariz. Por favor, não me chame de Sr. de Winter. Tenho um nome bem extenso. George Fortescue Maximilian. Mas não precisa se preocupar. Minha família me chama de Maxim. E outra coisa. Prometa que nunca usará vestido preto com colar de pérolas... ou ter 36 anos. Sim, Maxim. Obrigado por ontem. Maxim Por Deus! Venha aqui! Que acha ? Minha filha vai casar. - Mesmo ? Que bom. - Temos que ir a Nova York. Faça as reservas no Aquitania, pegaremos o trem das 12:30 para Cherbourg. Rápido, um criado para ajudar com a bagagem. Não temos tempo a perder. Vamos, anda logo! O Sr. de Winter, por favor. Foi cavalgar ? Não voltará até meio-dia ? Chame o carregador, por favor. Vou ver se não esquecemos nada no quarto. O Sr. de Winter já voltou ? Voltou? Poderia passar para ele, sim ? E-eu estava procurando meu livro. A-acho que o empacotamos. Vamos. O carro está esperando na porta. Gostaria de deixar um endereço caso encontrem o livro. Poderia ligar ao Sr. de Winter, por favor? Sim, senhora. Ninguém atende. - Diga a ela para se apressar! - Sim,senhora. Estou procurando o Sr. de Winter. O Sr. de Winter só pediu um café da manhã, mademoiselle. Entre. Olá. O que está fazendo aqui ? Algum problema ? Vim dizer adeus. Estamos partindo. -Que diabos está dizendo? - É verdade. Estamos indo agora, e temia não vê-lo outra vez. Para onde está levando você ? Nova York. Não quero ir. Vou detestar. Vou me vestir. Não demoro. O que preferiria, Nova York ou Manderley? Por favor não brinque. A Sra. Van Hopper está esperando. É melhor dizer adeus agora. Repito o que disse: Ou vai para a América com a Sra. Van Hopper, ou vai comigo para Manderley. Quer dizer... quer uma secretária ou algo assim? Estou pedindo para casar comigo, sua boba. Entre. É minha comida? Estou faminto. Ainda não tomei café. Parece que minha sugestão não foi muito boa. Desculpe. Mas você não entende. Não sou o tipo de mulher com quem os homens casam. O que está dizendo ? Não pertenço ao seu mundo. E qual é meu mundo ? Bem, Manderley. Sabe o que quero dizer. Bem, melhor eu julgar se você pertence ou não. Claro, se não me ama, então é diferente. Um bom golpe para minha vaidade. Eu amo você. Amo terrivelmente. Chorei a manhã inteira porque pensei que não o veria mais. Bendita seja por isso. Lembrarei você deste dia, e não acreditará em mim. É uma pena que tenha que crescer. Bem, agora que está decidido, você deve me servir o café. Duas porções de açúcar e um pouco de leite, por favor. O mesmo com o chá. Não esqueça. Quem levará a notícia a Sra. Van Hopper ? Você fala com ela. Ficará furiosa. Qual o número do quarto? Ela não está lá. Está lá embaixo, no carro. Alô. A recepção, por favor. Alô. A Sra. Van Hopper está lá fora em seu carro. Pederia pedir a ela, em meu nome se poderia por gentileza subir e vir a meu quarto? Sim, meu quarto. O Sr. de Winter lhe pede que por favor vá a seu quarto. Sr. de Winter? Oh, claro. Não era essa a idéia que fazia de um pedido, hein? Deveria ser em um conservatório, você de branco, com uma rosa vermelha na mão... e um violino tocando ao fundo, e eu deveria fazer amor com você sob uma palmeira. Pobre querida. Não se importe. Não me importo. Não se preocupe. Não terá que dizer uma palavra. Estou tão feliz que tenha me chamado, Sr. de Winter. Estava tão apressada para partir. Fui tão rude de não deixar você saber. Mas chegou um telegrama de manhã anunciando... que minha filha está noiva. Que coincidência, Sra. Van Hopper. Pedi que subisse aqui para lhe falar de meu comprometimento. Não diga! Que maravilhoso! Que romântico. Quem é essa moça de sorte ? Me perdoe por privar você de sua companhia tão bruscamente. Espero que não seja um problema para você. Quando aconteceu? Agora, Sra. Van Hopper. Apenas uns minutos atrás. Simplesmente não posso acreditar. Acho que tenho o dever de repreendê-la por não... não ter dito uma palavra disso tudo a mim. O que estou dizendo? Darei a vocês minhas congratulações e bênçãos Estou muito feliz por ambos. Onde e quando será o casamento? - Aqui, logo que possível. - Uma paixão relâmpago! Esplêndido! Eu poderia facilmente adiar minha ida em 1 semana. Esta pobre criança não tem mãe, então me responsabilizo pelos preparativos Enxoval, recepção, tudo. Providenciarei o transporte da noiva. Ah! A bagagem! Desça e diga ao carregador para tirar tudo do carro. Espere Ficamos muito gratos, mas acho que os dois preferimos que seja mais íntimo. - Não posso admitir que mude seus planos de viajar. - Oh, mas... Não, não. Querida, vou ver se estão trazendo sua bagagem de volta. Obrigada, Maxim. Então era isso que acontecia durante minha gripe. Aulas de tênis... uma ova. Devo dar o braço a torcer pelo trabalho rápido. Com fez isso? De fato as quietinhas são as mais perigosas. Diga, fez algo que não deveria? Não sei o que quer dizer. Oh, nada. Sempre digo que os ingleses tem um gosto estranho. Mas certamente terá trabalho como senhora de Manderley. Francamente, querida, não consigo vê-la assim. Não tem experiência. Não tem a menor idéia do que é ser uma grande dama. Claro que sabe porque ele está se casando com você, não sabe? Não pode se envaidecer por ele estar apaixonado por você. O fato é que, aquela casa vazia o deixa nervoso. Esteve perto de perder a cabeça. Apenas não queria continuar sozinho. É melhor ir, Sra. Van Hopper. Vai perder o trem. Sra. de Winter. Adeus, querida,e boa sorte ! Disse que esquecemos a certidão de casamento. Céus! Ah, mais alguém teve a mesma idéia. - Não é uma graça? - Sim. Teria gostado de um véu, não? Ou pelo menos... Oh, Maxim, que encantador. Oh, encantador. Muito encantador. - Bem vindo ao lar, Sr. de Winter. - Obrigado, Smith. - Frio, querida? - Sim, só um pouco. Não precisa ter medo, você sabe. Seja apenas você mesma e todos vão adorá-la. Não precisa se preocupar com a casa. A Sra. Danvers é a governanta. Deixe com ela. Está começando a chover. É melhor se apressar. Tem isso aqui. Cubra a cabeça. Obrigada. É esta. Esta é Manderley. Cá estamos, Frith. Todos estão bem? Sim, senhor.Estou contente por vê-lo em casa, senhor. - Esta é a Sra. de Winter, Frith. - Como vai? Não imaginava que toda a criadagem viesse nos receber. Ordens da Sra. Danvers, senhor. Desculpe por isso. Não vai demorar. Esta é a Sra. Danvers. Como vai ? Como vai? Coloquei todos de prontidão para a senhora. Está muito bom. Não esperava nada. Gostaríamos de um chá, Frith. Na biblioteca , senhor. Venha, querida. Oh, Maxim ! Entre ! Boa noite, Sra. Danvers. Boa noite, senhora. Espero que Alice esteja agradando, senhora. - Sim, obrigada. Perfeitamente. - Ela é a copeira. Ficará com você até que sua ama chegue. Mas não tenho ama. Estou certa que Alice fará tudo muito bem. Me preocupo que não seja por muito tempo, senhora. É usual para damas de sua posição ter uma criada pessoal. Espero que aprove a nova decoração dos quartos, senhora. Não sabia que tinha mudado. Espero não ter lhe causado muito transtorno. Apenas segui as instruções do Sr. de Winter. Oh, bem, como era antes? Havia um outro papel e tapeçarias diferentes. Nunca foi muito usado, exceto para visitantes ocasionais. Oh, então este não era o quarto do Sr. de Winter? Não, senhora. Ele nunca usou a ala leste antes. É natural, não há vista para o mar daqui. A única boa vista para o mar é da ala oeste. O quarto é muito agradável, estou certa que ficarei confortável. Querendo alguma coisa, senhora, basta me chamar. Suponho que está em Manderley há muitos anos, mais que qualquer outro. Não tanto quanto Frith. Ele estava aqui quando o velho senhor era vivo, quando o Sr. de Winter era um menino. E você veio quando? Vim quando a primeira Sra. de Winter era uma noiva. Sra. Danvers, espero que sejamos amigas. Você deve ser paciente comigo. Esta vida é nova para mim, e eu desejo ter êxito... e fazer o Sr. de Winter feliz. Sei que posso deixar todas as coisas da casa em suas mãos Muito bem. Farei tudo para satisfazê-la, madame Administro a casa desde a morte da Sra. de Winter, e o Sr. de Winter nunca se queixou. Irei ao térreo. Aquela é a porta do quarto na ala oeste do qual falava. Não é mais usada agora. É o quarto mais bonito da casa o único com vista da relva ao mar. Era o quarto da Sra. de Winter. - Bom dia. - Bom dia. É a Sra. de Winter, não ? - Sim. - Meu nome é Crawley. Eu administro as posses de Maxim. Muito encantado em conhecê-la. Muito trabalho se acumulou enquanto Maxim estava fora. Sim,com certeza deve ter. Queria poder ajudar em alguma coisa. Oh, não. Frank nunca aceita que ninguém o ajude. É como uma mãe com suas contas, impostos e taxas. Vamos, Frank. Precisamos verificar estas estimativas. Vou pegar meus papéis. Vai encontrar um café da manhã gigantesco na sala. - Coma tudo, ou será ofensa mortal à cozinheira. - Farei o melhor. Vou com o Frank para confirmar que ele não tenha me perdido nada. Mas você vai ficar bem, não vai? Está se familiarizando com seu novo lar? Veja no The Times. Há um artigo sensacional sobre a importância do cricket. Ah, sim... Minha irmã Beatrice e o marido Giles Lacy se convidaram para o almoço. - Hoje? - Sim. Acho que ela está ansiosa por conhecê-la. Você a achará bem direta. Se não gosta de você, diz na sua frente. Não se preocupe, querida. Voltarei a tempo para proteger você. - Adeus, querida. - Adeus, Maxim. -Adeus. -Adeus. - Bom dia, senhora. - Bom dia, Frith. Há algo que possa fazer, senhora? Oh, obrigada, Frith. Não estou com muita fome. Obrigada. - O jornal, senhora. - Ah, sim. Obrigada, Frith. - Madame. - Escorreguei. Obrigada, Frith. - É grande, não é? - Sim. Manderley é um grande lugar. Aqui era o salão de banquetes antigamente. Ainda é usado em grandes ocasiões, como um grande jantar ou baile. E é aberto a visitação pública, uma vez por semana. Que bom. Perdão, senhora. Não costumamos acender a lareira da biblioteca antes da tarde. Mas há outra na sala matinal. Claro, se a senhora prefere o fogo aceso agora... Oh, não, Frith. Nem pensaria nisso. Sra. de Winter... Quis dizer que, a antiga Sra. De Winter sempre recebia suas correspondências e telefonemas na sala matinal, após o café da manhã . Obrigada, Frith. Algum problema, senhora? Não. Para qual lado é a sala matinal? - É aquela porta à esquerda. - Certo, obrigada. A Sra. de Winter? Acho que se enganou. A Sra. de Winter morreu há mais de um ano. Não, quer dizer ... O interfone, senhora. Provavelmente era o jardineiro querendo instruções. Queria falar comigo, Sra. Danvers ? O Sr. Winter comunicou-me que sua irmã, Sra. Lacy, e o Major Lacy são esperados para o almoço. Queria saber se aprova o cardápio. Bem, estou certa de está formidável, muito bom mesmo. Notará, senhora, que o espaço para o molho está em branco. A Sra. de Winter era bem criteriosa com os molhos. Faça o que acha que a Sra. de Winter iria querer. Obrigada, senhora. Quando terminar suas cartas, Robert levará ao correio. Minhas... minhas cartas? Claro. Obrigada, Sra. Danvers. - Como vai, Frith ? - Bom dia, Sra. Lacy. - Cadê o Sr. De Winter? - Na fazenda com o Sr. Crawley. Que desagradável estar ausente quando chego, e típico. Devo dizer que a velha Danvers deixa a casa parecer agradável. Na certa aprendeu a fazer estes arranjos de flores com Rebecca. Imagino como está agora, recebendo ordens de uma ex-corista. De onde tirou essa idéia que ela é ex-corista? Ele a arranjou no sul da França, não foi ? - E daí? - Ora, por isso.. Como vão ? Sou a esposa de Maxim. Como vai? Bem, devo dizer que é bem diferente do que esperava. Não seja tola. Ela é exatamente como lhe disse que seria. - E então, gostou de Manderley ? - Linda, não ? E como está com a Sra. Danvers ? Bem, nunca conheci alguém como ela antes. Quer dizer que ela assusta ? Ela não é exatamente uma graça.. Giles, seus modos estão demais. Vá dar um passeio. Vou tentar encontrar Maxim, certo? Giles. Não quis dizer nada contra a Sra. Danvers. Não é preciso ter medo dela. Mas não tenho muito o que falar com ela, além do trivial. - Podemos sentar? - Sim, sim, por favor. Veja, ela está quase doente de ciúme, e deve se ressentir de você amargamente. - Porque deveria? - Não sabe ? Achei que Maxim contaria a você. Ela simplesmente tinha adoração por Rebecca. - Como vai, Robert ? - Bem, obrigado, senhora. - Ainda problemas com os dentes ? - Infelizmente sim. Devia arrancá-los, todos eles. Dentes aborrecem demais. - Obrigado, senhora. - Que prato cheio. - Você caça? - Nem sequer monto. Aqui sim. Todos montamos a cavalo. Como senta nele , de lado ou de frente? Oh, claro, esqueci que você não monta Mas deve. Não há nada para fazer aqui. Maxim, quando dará festas como nos velhos tempos? - Não tenho pensado nisso. - Mas todos estão ansiosos para ver... Sim, aposto que estão. Que tal um baile de máscaras de novo? Querida, gosta de dançar? Adoro, mas não sou muito boa nisso. -E rumba? -Nunca tentei. Estou tentando encontrar alguma coisa que sua esposa faça. Ela faz alguns desenhos. Que não seja desses vanguardistas, como... "Imagem de um abajur de ponta cabeça... para representar uma alma atormentada." - Não veleja? - Não. Dê graças a Deus por isso Está muito apaixonada por Maxim, não? Sim, dá pra ver que está. Não leve a mal, mas porque não dá um jeito nesse cabelo? Como cortá-lo ou deixar para trás das orelhas? Não, fica pior. O que Maxim acha? - Ele gosta assim? - Bem, nunca falou nisso. Vejo pelo jeito como se veste seu pouco cuidado com a aparência Imagino que Maxim não tem estado muito com você. Ele é tão peculiar em relação a vestuário. Acho que ele nem presta atenção no que visto. Então não deve ter mudado muito. Não se preocupe com Maxim e sua rabugem. Nunca se sabe o que se passa naquela cabeça. É freqüente ele ficar de péssimo humor, e quando fica Mas não acho que vai perder a calma com você. Você parece muito tranqüila, mocinha. - Vamos. O golfe é às 3. - Estou indo. Adeus , Maxim. Adeus, Giles. Obrigado por vir. Adeus,querida. Esqueça aquelas perguntas insolentes. Ambos realmente desejamos que sejam muito felizes. Muito obrigada, Beatrice. E parabéns pelo bom aspecto de Maxim. Nos preocupamos muito com ele daquela vez, ano passado. Bem, claro, você sabe toda a história. - Adeus, Beatrice, querida. - Adeus. - Adeus. - Adeus. Graças aos céus, já foram. Vamos andar um pouco. Acho que vamos tomar um banho, não se importa? - Não, só vou pegar meu casaco. - Há várias capas aqui. Robert, pegue uma capa no salão nobre para a Sra. de Winter, sim? - Que achou de Beatrice? - Gostei muito dela. Mas deixou claro que eu não era o que esperava Que diabos ela esperava? Alguém mais culta e mais sofisticada, acho. Gosta do meu cabelo? Seu cabelo? Sim, é claro. Qual o problema com ele? Apenas curiosidade. Você é tão engraçada. - Obrigado. - Tenho que pôr isso ? Sim, é claro. Não posso ser cuidadoso com minha garotinha? Vamos, Jasper. Vamos queimar um bocado dessa gordura! Jasper ! Por aqui, aí não! Venha aqui! Esse caminho leva aonde? Leva a um pequeno porto onde guardávamos um barco. Vamos lá. Que bobagem, é um monte de areia como qualquer outro. - Por favor. - Está bem. Vamos lá dar uma olhada, se você insiste. É Jasper. Há algo errado. Acho que se machucou. - Não, ele está bem. - Não acha melhor irmos ver? Não se preocupe. Não se feriu. Ele achará o caminho de volta. Jasper ! Jasper ! Oh, aí está você. O você que quer ali? Vamos, vamos para casa. Vamos para casa. Não sabia que havia alguém. Conheço esse cachorro. É lá da casa. Ele num é seu. Não, é do Sr. de Winter. Tem alguma coisa que sirva de coleira? Vamos ,Jasper. A senhora num vai contar pra ninguém que me viu aqui, né? Você não é daqui? Num tava fazendo nada. Só guardando minhas conchas. Foi o mar que levou ela, num foi? Ela nunca mais vai voltar. Não. Ela nunca vai voltar. Vamos ,Jasper. Maxim ! O que há? Maxim ! Desculpe a demora, tive que arranjar uma corda. Anda, Jasper ! Por Deus! Espere. Maxim, o que foi? Parece tão zangado. Sabia que não queria que você fosse lá. Mas foi. Por que não? Havia apenas uma cabana e um senhor. - Não entrou lá, entrou ? - Sim, a porta... - Não faça mais isso, ouviu?! - E por que não? Se você tivesse as lembranças que tenho, não iria lá ou sequer pensaria nisso. Qual o problema? Me desculpe, por favor. Devíamos ter ficado lá. Não devíamos nunca ter voltado a Manderley. Que estúpido fui! Fiz você ficar triste. Machuquei você. Não posso suportar vê-lo assim... porque o amo muito. Ama? Me ama? Fiz você chorar. Me perdoe. Às vezes pareço sair do sério sem razão. Não é? Venha para casa, vamos tomar um chá e esquecer isso. Sim, vamos esquecer isso. Deixa que eu levo o Jasper. - Olá. Entre. - Por favor não levante, Sr. Crawley. Estava só pensando se você falava sério... em relação a me ensinar sobre os negócios. - Claro que sim. - O que está fazendo agora? Notificando todos os arrendatários que, em comemoração ao retorno de Maxim com sua esposa, o arrendamento desta semana não será cobrado. Idéia de Maxim ? Sim. E todos os empregados tiveram bonificação extra também. Não me diga. Quer ajuda? Posso pelo menos lamber os selos. Seria ótimo. Não quer sentar? Sim, obrigada. Eu desci até a cabana da praia outro dia. Havia um homem lá, um tipo estranho. - Jasper latia para ele. - Oh, sim. Deve ter sido Ben. Com licença. Ele é inofensivo. Damos alguns trabalhos ocasionais a ele. Aquela cabana parecia em ruínas. Por que não fazem alguma reforma lá ? Se Maxim quisesse mudar alguma coisa lá, teria me dito. Todas as coisas que estão lá são de Rebecca ? Sim, são. Para que ela usava aquela cabana? O barco era atracado lá perto. Que barco? O que aconteceu com ele? Era o barco em que ela estava quando se afogou ? Sim. Ele virou e afundou. E ela foi arremessada ao mar. Não teve medo de sair assim, sozinha? Ela não tinha medo de nada. Onde a encontraram? Perto de Edgecombe, uns 60 Km do Canal da Mancha, 2 meses depois. Maxim foi identificá-la. Foi horrível para ele. É, deve ter sido. Sr. Crawley, não pense que tenho curiosidades mórbidas. Não é isso. É apenas uma sensação como de desvantagem O tempo todo quando encontro alguém, a irmã de Maxim ou até os criados, Sei que todos acham a mesma coisa. Ficam me comparando com ela, Rebecca. Não deve pensar isso. Não posso dizer como estou contente por esse casamento. Está fazendo toda a diferença na vida dele. E no meu ponto de vista, é muito reanimador... encontrar alguém como você que não é tão ajustada, com tudo isso, com Manderley. Muito gentil de você. Sim, estou sendo tola, mas todo dia percebo algo que ela tinha e eu não: beleza, e destreza, e inteligência... e, oh, todas as coisas importantes em uma mulher. Mas você tem qualidades que são importantes, mais importantes, se posso dizer. Amabilidade e sinceridade... e, se você me permite, moderação... Significam mais para um marido que toda a elegância e beleza do mundo. Ninguém quer viver do passado. Muito menos Maxim. Depende de você deixar-nos esquecer isso. Está bem, prometo não mais tocar neste assunto, mas antes que terminemos a conversa... posso lhe fazer só mais uma pergunta? Se for algo que eu seja capaz de responder, farei o possível. Como Rebecca realmente era? Acho que... Acho que ela foi a mais bela criatura que já vi. - Boa noite, Maxim. - Olá. Os filmes da lua-de-mel acabaram de chegar. Temos tempo de ver antes do jantar? Que raios fez com você? Apenas encomendei um vestido novo de Londres. Espero que não se importe. Não. Mas acha que esses tipos de coisas combinam com você? - Não parece ser muito seu gênero... - Pensei que gostaria. E o que fez com o cabelo? Oh, sim. Querida.Querida. Querida. Desculpe. É adorável, adorável. Está muito bem para mudar. Vamos ver as fotos? Sim, adoraria. Veja agora. Olhe isso. Não foi maravilhoso, meu amor? Podemos voltar lá um dia? Sim, claro. Ah, veja você ali. Nossos netos não vão adorar ver o quanto você era encantadora? Veja você. Gosto disso. Veja isso. - Sim, muito bom. -Lembra disso? Queria que nossa lua-de-mel durasse para sempre, Maxim. Oh, droga. Veja. Soltou. Enrolei isso errado, como de costume, ou alguma coisa... Sim, Frith? Com licença. Posso falar com o senhor? Sim, prossiga. É sobre Robert, senhor. Está havendo um pequeno desentendimento entre ele e a Sra. Denvers. O Robert está bastante alterado . Problemas. O que foi? Parece que a Sra. Danvers acusou Robert... de roubar um valioso ornamento da sala matinal. Ele nega totalmente a acusação, senhor. - Que objeto é esse? - O cupido de porcelana, senhor. É uma de nossas preciosidades, não? Diga a ela que investigue, tenho certeza de que não foi o Robert. Certo, senhor. Por que me vêem com essas coisas? É tarefa sua, meu bem. Maxim, eu ia contar, mas, bem, esqueci. - É que... eu quebrei o cupido de porcelana. - Quebrou? E por que diabos não disse nada quando Frith estava aqui? Não sei. Não quis. Não quis que ele me achasse uma tonta. Ele achará você muito mais tonta agora. Terá que explicar a ele e a Sra. Denvers. - Não, você faz isso. Eu vou subir. - Não seja boba. Alguém pensaria que você tem medo deles. Foi tudo um engano Sra. Danvers. A Sra. de Winter quebrou o cupido e... esqueceu de comunicar o fato. Sinto muito. Nunca pensei colocar Robert em uma confusão. É possível reparar o objeto, senhora ? Receio que não. Está todo em pedaços. O que a senhora fez com os pedaços? Bem, pus no fundo de uma das gavetas da escrivaninha. Parece que a Sra. de Winter ficou nervosa... Iria encarcerá-la, não é, Sra. Denvers? Ache as peças, veja se há como emendar... ...e diga ao Robert para enxugar as lágrimas. Devo me desculpar com Robert, claro Se algo assim acontecer novamente, a Sra. de Winter me dirá... Sim, sim, certo. Obrigado, Sra. Danvers. Suponho que esse episódio tenha terminado bem. Estou tão sentida. Foi muito descuido meu. A Sra. Danvers deve estar furiosa comigo. Esqueça a Sra. Denvers. Por que a temeria? Você parece uma criada, e não a dona da casa. Sim, sei disso. Mas me sinto tão desconfortável. Tento o meu melhor todos os dias, mas é muito difícil quando me examinam dos pés à cabeça como se eu fosse uma caipira. Por que se importa se fazem isso? Deve lembrar que a vida em Manderley. é a única coisa que interessa essa gente. Que decepção eu devo ter sido para eles, então. Acho que é por isso que casou comigo. Porque sabia que eu era uma estúpida, desajeitada e inexperiente... ...e não teriam nada interessante para fofocar de mim. Fofoca? O que quer dizer? Eu, eu não sei. Apenas disse por dizer. Não me olhe assim. Maxim, o que há? O que eu disse? Não era uma coisa muito agradável para dizer. Não. Foi torpe, odioso. Imagino se fui egoísta ao casar com você. Como assim? Não estou sendo um companheiro para você, estou? Não se diverte muito, não? Devia ter casado com um rapaz, alguém de sua idade. Maxim, por que diz isso? Claro que somos companheiros. Somos? Não sei. Sou de difícil convivência. Não é. É fácil, muito fácil. Nosso casamento é um sucesso não é? Um grande sucesso. Não somos felizes? Muito felizes. Se você não acha que somos felizes é melhor que não finja. Eu vou embora. Por que não me responde? Como posso responder você se não sei responder a mim mesmo? Se diz que somos felizes então vamos deixar pra lá. De felicidade eu não sei nada. Olhe, aí é quando deixei a câmera ligada no tripé, lembra? Fui a Londres tratar dos negócios da propriedade. Devo voltar antes de anoitecer, e certamente esta breve folga me será bem vinda. Maxim Perdão, madame. Há algo que possa fazer pela senhora? Estou bem, Hilda. Muito obrigada. Trarei sanduíches em um instante. - Hilda. - Sim, senhora? A ala oeste... Ninguém mais usa, não é? Não, senhora. Desde a morte da Sra. De Winter. Vá. O Sr. Jack pode ver você. Danny, cobra velha, bom ver você novamente. Estou ansioso para saber todas as novidades. Não acho prudente que tenha vindo aqui, Sr.Jack. Jasper, vem aqui. Besteira. É como estar voltando para casa. Silêncio, Sr. Jack. Ah sim, temos que tomar cuidado para não abalar a Cinderela Está na sala matinal. Se você sair pela porta dos fundos, não o verá. Me sinto como o parente pobre saindo sorrateiro pela porta dos fundos. - Bem, adeus, Danny. - Adeus, Sr.Jack, e seja cuidadoso. Jasper, quieto! Me procurando? Oh, assustei você, foi? Não, claro que não. Apenas não sabia quem era. Sim, está alegre em me ver, não está, garotão? Que bom que alguém da família me dá as boas vindas em Manderley. E... como está o prezado velho Max ? Muito bem, obrigada. Ouvi dizer que foi a Londres, e deixou sua esposa completamente só. Isso é mau. Ele não teme que alguém venha aqui e a leve embora? Danny, todo seu zelo foi em vão. A senhora da casa estava escondida atrás da porta. Que tal me apresentar à ... noiva. - Sr. Favell, senhora. - Como vai? Como vai? Não quer tomar um chá ou outra coisa? Então, não é um um convite atraente? Fui convidado para ficar, Danny, e terei que aceitar. Bem, talvez esteja certa. Pena, estávamos nos dando tão bem. Não devemos fazer a jovem se desencaminhar, não é Jasper? Adeus. Foi divertido conhecer você. Oh, a propósito, seria muito conveniente que... não comentasse essa pequena visita com seu respeitável marido. Não sou exatamente um considerado... - Muito bem. - Muito esportivo da sua parte. Queria ter uma jovem e recente esposa me esperando em casa. Mas sou apenas um velho solteirão solitário. E sei que foi errada essa minha entrada. Danny não lhe disse? Sou o primo favorito de Rebecca. Tchau, tchau. Deseja algo, senhora? Não esperava ver você, Sra. Danvers. Percebi que a janela não estava fechada, e vim trancá-la. Por que diz isso? Fechei-a antes de sair da sala. Você mesma abriu, não foi? Sempre quis ver este quarto senhora, não ? Por que nunca me pediu para que mostrasse? Estive todos os dias a postos para mostrá-lo. Não é um quarto encantador? O mais adorável quarto que você já viu. Tudo está exatamente como a Sra. De Winter gostaria. Nada foi alterado desde aquela última noite. Venha, vou mostar-lhe seu closet. Aqui eu guardo todas suas roupas. Gostaria de vê-las? Sinta isso. Foi um presente de natal do Sr. de Winter. Sempre dava presentes caros, o ano inteiro. Guardo suas roupas íntimas deste lado. Foram feitas especialmente para ela... ...pelas freiras do convento de Santa Clara. Eu sempre a esperava acordada, não importava o quanto demorasse. Às vezes ela e o Sr. De Winter não chegavam antes do amanhecer. Enquanto se trocava, ela me contava sobre a festa em que estava. Ela sabia que todos a respeitavam, e todos a amavam. Quando terminava de banhar-se ela entrava no quarto e sentava em frente à penteadeira. Oh, você mexeu mexeu na escova dela? Aqui, é melhor. Exatamente onde ela sempre deixava. ''Vamos, Danny, me penteie'' ela dizia. Ficava atrás dela, assim, e penteava o cabelo por 20 minutos. Então dizia, ''Boa noite, Danny,'' e ia para a cama. Eu mesma bordei para ela. e sempre guardo aqui. Já viu algo assim tão delicado? Veja, pode enxergar minha mão Não pensou que ela permaneceria por tanto tempo, não é mesmo? Às vezes, quando ando pelo corredor, Tenho a ilusão de ouví-la, bem atrás de mim. Aquele passo apressado e sigiloso. não o confundiria em lugar algum. E não está apenas neste quarto. Está em todos os aposentos da casa. Eu quase posso ouví-lo agora. Acha que os mortos voltam e vigiam os vivos? Não, não acredito. Às vezes imagino, se ela viesse a Manderley. e visse você e o Sr. de Winter juntos. Parece exausta. Por que não fica aqui, descansa... e ouve o mar? É tão suave. Ouça-o. Ouça. Ouça o mar Diga a Sra. Danvers que quero vê-la imediatamente. Sr. e Sra. De Winter têm o prazer de convidar o Sr. Jack Favell à uma festa a fantasia em Manderley. Rebecca, estarei lá - e como! Jack. Me chamou, senhora ? Sim, Sra. Danvers. Quero que jogue fora todas essas coisas. Essas são as coisas da Sra. De Winter. Eu sou a Sra. de Winter agora. Muito bem. Providenciarei isso. Um momento, por favor.. Sra. Danvers, não pretendo comentar... ...com o Sr. de Winter a visita do Sr. Favel. Na verdade, preferirei esquecer tudo que aconteceu nesta tarde. Maxim, Maxim, tem saído todo dia! Está me apertando. Bem, bem, bem. - O que andou fazendo? - Estive pensando. - E no que pensou? - Venha e contarei. Querido, podemos dar uma festa a fantasia como costumava? Quem pôs isto na sua cabeça? Terá sido Beatrice? Não, mas sinto que devemos fazer algo para fazer as pessoas sentirem que Manderley é o que sempre foi. Por favor, querido, podemos? Você sabe o que significa isso por acaso? Teria que ser anfitriã para centenas de pessoas, toda a comarca. E um bocado de garotos vindos de Londres... ...fariam a casa virar um clube noturno. Sim, mas eu quero tanto. Por favor. Nunca estive em uma grande festa, mas posso aprender o que fazer. Prometo que não vai se envergonhar de mim. Está certo, se você acha que vai gostar. Seria melhor pedir ajuda da Sra. Danvers, não acha? Não. Não preciso que ela me ajude. - Posso fazer eu mesma - Tudo bem, meu anjo. Obrigada, querido. Obrigada. - Como você vai? - Nunca me fantasio. Esse é o privilégio que reivindico como anfitrião. E você? Alice no País das Maravilhas com esta tira na cabeça? Não vou dizer. Vou desenhar minha fantasia. Tudo feito por mim e lhe darei a surpresa da sua vida. Entre. Robert achou estes desenhos na biblioteca. - Pretendia jogá-los fora ? - Sim, Sra. Danvers. Eram apenas algumas idéias que rabisquei para minha fantasia. O Sr. de Winter não sugeriu nada ? Não, quero surpreendê-lo. Não quero que ele saiba sobre isso Acho que pode encontrar uma fantasia entre os retratos de família, que combinasse com você. Aqueles que estão no andar de cima? Vou dar uma olhada. Este aqui. Poderia muito bem ter sido desenhado por você. Estou certa que pode copiá-lo. Ouvi o Sr. de Winter dizer que esta é a sua pintura favorita É a Lady Caroline de Winter, uma de seus antepassados. Bem, é uma idéia esplêndida. Estou muito agradecida. - Tudo sob controle, Frith ? - Sim, senhor. Com licença. Pretende ser um diretor de escola? Oh, não, é só minha velha beca. Certamente rendeu uma boa fantasia, senhor, e econômica também. Sim, esta foi a idéia. Veja Robert, o tempo está meio ruim para bailes. Muito nevoeiro no caminho, e frio. Esta peruca é tão apertada que devia vir junto com uma aspirina. Ei, o que é isso? Adão e Eva? - Maxim, não seja chato. - Homem forte, homem velho. - Cadê aquela coisa pesada? - Que coisa? -Não deixou no carro? -Não, aqui está. É o primeiro a descer? Onde está a pequena? Mantém a fantasia em total segredo, nem entro no quarto. Que gracioso. Vou subir para dar uma ajudinha. - Aceito um drinque. - Não vai se resfriar nessa coisa? Não seja tolo, é lã pura. Desculpe senhor, esqueceu isto. Obrigado. Sou eu querida. A Bee. Vim para dar uma mão. Por favor não entre, Beatrice.Não quero que ninguém veja minha roupa. Oh, bem. Não vai demorar? Os primeiros convidados já estão chegando. - Está tudo no lugar? - Sim, senhora, tudo certo. - Não é excitante? - Decerto que sim. Sempre ouvia sobre as festas de Manderley e agora vou ver. Tenho certeza de que ninguém chegará a seus pés, senhora. Acha mesmo? Meu leque? Tem certeza que estou bem? Está tão linda ... Bem, vamos lá. Boa noite, Sr. de Winter. Que diabos pensa que está fazendo? Rebecca! Mas é a gravura, aquela na galeria. O que foi? O que eu fiz? Vá e tire isso. Ponha qualquer coisa, não importa. Ainda está aí parada? Não escutou o que eu disse? Sir George e Lady Moore. Almirante Dudley Tenanty e Lady Burbank. Espiei você descendo, assim como ela um ano atrás. Mesmo vestida igual, você nem se compara. Você sabia. Sabia que ela havia usado este modelo, e mesmo assim me sugeriu isso. Por que me odeia? O que lhe fiz para me odiar tanto? Quis tomar o lugar dela. Fez ele se casar com você. Vejo a expressão dele, seus olhos Os mesmos das primeiras semanas de sua morte. Sempre o escutava indo e vindo, indo e vindo, noite adentro, noite após noite, Pensando nela, se torturando porque a tinha perdido. Não quero saber. Não quero saber. Pensou que poderia ser a Sra. de Winter. Morar na sua casa, caminhar sobre seus passos Mas é muito forte para você. Não pode lutar com ela. Ninguém foi melhor. Ninguém, ninguém. Acabou vencida, não por um homem, nem por uma mulher - Mas pelo mar. - Pare. Pare com isso. Está cansada, senhora. Abro a janela para você. Um pouco de ar lhe fará bem. Por que não vai? Por que não deixa Manderley? Ele não precisa de você. Tem suas lembranças. Não ama você. Quer ficar sozinho com ela. Você não tem porque ficar. Na verdade não tem porque viver, tem? Olhe lá embaixo. É fácil, não é? Por que não? Por que não? Vá... vá. Não tenha medo. Naufrágio! Bateu nas pedras! Bateu e os foguetes estão escapando! Naufrágio! Vamos, todos à baía! Avisem a Guarda Costeira! Maxim ! Maxim ! - Encalhou! -Vamos, vamos! Todos ! Maxim ! Maxim ! Ben, viu o Sr. de Winter? Ela não vai voltar, né ? Você disse. Quem? O que está dizendo? A outra. Frank, viu Maxim em algum lugar? Já faz meia hora. Pensei que tivesse voltado para casa. Não, não está em canto nenhum. Tenho medo que algo tenha acontecido a ele. Frank, o que há ? Algo errado? Há algo errado. O mergulhador que foi olhar no fundo do barco, se deparou com o casco de outro... um pequeno veleiro. - Frank, é o... - Sim, o de Rebecca. Como reconheceram? É um habitante local. O reconheceu imediatamente. Será tão difícil para o pobre Maxim. Isso vai trazer tudo de volta, novamente... e pior do que antes. Porque tinham que encontrar? Não podiam ter deixado lá, em paz, no fundo do mar? É melhor eu ir andando e providenciar-lhes um café da manhã. Certo, Frank. Vou procurar Maxim. Olá. Maxim. Você não dormiu. Me perdoou? Perdoar você? Perdoar pelo quê? Por esta noite, minha fantasia estúpida. Ah, isso. Esqueci. Me zanguei com você, não foi? Maxim, não podemos começar tudo de novo? Não pedirei mais que me ame. Não pedirei coisas impossíveis. Serei sua amiga, sua companheira. Seremos felizes assim. Me ama muito? Mas é tarde demais, querida. Perdemos nossa pouca chance de felicidade. - Não, Maxim, não. - Sim, acabou-se tudo. Aconteceu. Aconteceu o que tanto temia dia após dia noite após noite. Maxim, o que está tentando dizer? Rebecca venceu. Sua sombra estava entre nós o tempo todo nos distanciando um do outro. Ela sabia que isso iria acontecer. Do que está falando? Chamaram um mergulhador e ele achou outro braco. O Frank contou, eu sei. O barco de Rebecca. É terrível para você. Sinto muito. O mergulhador descobriu outra coisa. Quebrou uma porta e olhou a cabine. Havia um corpo lá. Então não estava sozinha. Havia mais alguém com ela, e tem que descobrir quem era. É isso, não é Maxim ? Não entende. Não havia ninguém com ela. Era o corpo de Rebecca que jazia na cabine. A mulher que foi encontrada em Edgecombe, e que está enterrada no mausoléu da família, aquela não era Rebecca. Era alguma mulher desconhecida, indigente, não era de lugar nenhum. A identifiquei, mas sabia que não era a Rebecca. Foi tudo uma mentira. Eu sabia onde o corpo de Rebecca estava No assoalho da cabine, no fundo do mar. Sabia como, Maxim ? Porque, eu coloquei lá. Vai olhar nos meus olhos e dizer que me ama agora? Vê? Eu estava certo. É tarde demais. Não é tarde demais. Não diga isso. Amo você mais que tudo no mundo. Oh, por favor, Maxim, beije-me, por favor. Não, é inútil. É tarde demais. Não podemos perder um ao outro agora. Ficaremos sempre juntos, sem segredos, sem sombras. Acho que temos poucos dias, poucas horas. Maxim, por que não me contou antes? Quase disse algumas vezes, mas nunca parecia próxima o bastante. Como podíamos ser próximos se eu sabia que sempre pensava em Rebecca? Como podia até pedir seu amor se sabia que ainda amava Rebecca? Do que está falando? O que quer dizer? Quando me tocava, eu sabia que estava me comparando com Rebecca. Quando olhava para mim ou falava comigo... ...ou caminhávamos no jardim, Sabia que estava pensando, "Isso eu fazia com Rebecca, e isso e isso.'' É verdade, não é? Pensa que eu amava Rebecca? Você pensou isso? Eu a odiava. Fiquei impressionado com ela, encantado por ela, todos ficavam. Casamos, e diziam que eu era o homem mais sortudo do mundo. Ela era tão amável, tão perfeita, tão radiante. "reúne as 3 coisas que realmente importam em uma mulher,'' todos diziam. '' Fineza, inteligência e beleza.'' Eu acreditava piamente. Mas nunca tive um único momento de felicidade com ela. Ela era incapaz de amar... ou de ser terna, ou honesta. Você não a amava? Você não a amava? Lembra daquele penhasco onde você me viu em Monte Carlo ? Estive lá com Rebecca em nossa lua-de-mel. Foi ali que a conheci de verdade. Quatro dias depois de casarmos. Ali, rindo, com seu cabelo negro soprado pelo vento contou-me tudo sobre ela. Tudo. Coisas que jamais direi a ninguém. Quis matá-la. Seria tão fácil. Lembra do precipício? Assustei você, não foi? Pensou que eu era louco Talvez eu estivesse. Talvez eu seja louco Seria bom à sanidade de alguém morar com o demônio? "Faço um trato com você", ela disse... ''Certamente pareceria um ridículo querendo se divorciar quatro dias depois do casamento" ''Então eu faço o papel da esposa devotada, ...senhora de sua preciosa Manderley... ''Farei de lá o lugar mais famoso da Inglaterra, se quiser ''e as pessoas virão nos visitar, e nos invejar... ''e dizer que somos o mais afortunado, ...o mais feliz casal do país. Que grande diversão será Que triunfal.'' Não deveria jamais ter aceitado aquele trato nojento, mas aceitei. Eu era jovem e terrivelmente ciente da honra da família. Honra de família. Ela sabia que eu sacrificaria tudo para não enfrentar um divórcio e cedi, admitindo que nosso casamento era uma grande farsa. Me despreza agora, não? Como desprezo a mim mesmo. Pode entender o que eu sentia? Pode? Claro que sim, querido. É claro que posso. Bem, segui o trato. E ela também, aparentemente. Ela representava brilhantemente. Mas depois de um tempo, começou a ficar mais descuidada. Arranjou um flat em Londres e se ausentava por dias. Depois começou a trazer seus amigos aqui. A advertia mas ela só dava de ombros. ''O que você tem a ver com isso?'' ela dizia. Inclusive começou pelo Frank. Coitado, pobre Frank. Depois um primo dela, um homem chamado Favell. Sim, o conheci. Veio no dia que você foi a Londres. Por que não me contou? Não quis. Achei que faria você lembrar de Rebecca. Lembrar. Como se eu precisasse lembrar. Favell costumava visitá-la aqui nesta cabana. Eu descobri, e a avisei que se ele voltasse aqui, eu mataria os dois. Uma noite, quando vi que ela voltava sorrateiramente de Londres... Pensei que Favell estava com ela vi que não poderia suportar essa vida... de depravação e engano por muito tempo. Decidi vir aqui e me acertar com aqueles dois. Mas estava sozinha. Esperava por Favell, mas ele ainda não tinha chegado. Deitada no divã, um grande cinzeiro cheio de pontas de cigarro ao seu lado. Parecia doente, estranha. De repente se levantou caminhou em minha direção "Quando eu tiver meu bebê" ela disse ''nem você nem ninguém poderão provar que não é seu. Lhe agradaria um herdeiro, não é Max? para sua preciosa Manderley.'' E começou a rir. Que graça. Maravilhosamente divertido. ''Seria a mãe perfeita, como tenho sido a esposa perfeita. 'Ninguém jamais saberá. Vai dar mais emoção à sua vida, Max, ''ver meu filho crescer e crescer dia a dia e saber que quando você morrer, Manderley será dele. Ficamos cara a cara, uma mão em seu bolso e a outro segurando o cigarro. Estava sorrindo. ''Bem, Max, o que vai fazer? Não vai me matar?'' Acho que por um instante fiquei louco. Devo ter dado algum golpe. Continuou em pé, me encarando. Parecia quase triunfante. Então veio novamente a mim, sorrindo. De repente tropeçou e caiu. Quando olhei para baixo, estava estirada no chão. Acho que bateu a cabeça em uma peça do barco que estava ali. Lembro de ter me admirado por ainda estar sorrindo. Então percebi que estava morta. Mas você não a matou ! Foi um acidente! Quem acreditaria? Perdi a cabeça. Apenas sabia que tinha que fazer algo, qualquer coisa. A carreguei até o barco. Estava muito escuro. Não tinha lua. Coloquei-a na cabine. Quando o barco se distanciou da margem peguei uma estaca... ...e bati, bati, até atravessar o casco. Abri as chaves de passo e a água começou a entrar rápido Peguei um bote salva-vidas e pulei Vi o barco se inclinando... e afundar Remei para o porto. Começou a chover. Maxim, mais alguém sabe disso? Ninguém exceto você e eu. Precisa explicar isso. Pode dizer que é o corpo de alguém que nunca viu antes. Não, vão reconhecê-la. Seus anéis, as pulseiras que sempre usava. Vão identificar o corpo, então vão lembrar da outra mulher, aquela que está no mausoléu. Se descobrirem que é a Rebecca, pode simplesmente dizer que se enganou com o outro corpo. Que naquele dia você estava mal, não se deu conta. Rebecca está morta. Vamos lembrar disso. Rebecca está morta Não pode falar. Não pode testemunhar. Não pode mais te ferir. Somos os únicos no mundo que sabem, você e eu. Disse uma vez que fui muito egoísta casando com você. Consegue entender agora o que isso significa? Amei você, querida. Sempre vou amar. Mas eu sabia o tempo todo que Rebeca venceria no final. Não, não venceu. Aconteça o que for, ela não venceu. Alô, é o Frank. Alô, Frank. Sim. Quem? Coronel Julyan ? Sim, diga que nos encontraremos assim que eu puder. O que? Bem, diga que podemos conversar assim que tivermos certeza disso. O que aconteceu? O Coronel Julyan. Ele é o chefe de polícia daqui. Pediu em nome da polícia que eu vá ao necrotério. Quer saber se eu poderia ter me enganado. sobre o outro corpo. Bem, Coronel, aparentemente cometi um equívoco com aquele cadáver. É um tanto natural nessas circunstâncias. Aliás, você não estava nada bem. Não, estava perfeitamente bem. Não deixe que isso o preocupe, Maxim. Ninguém pode culpá-lo por ter cometido um engano. Lamentável que tenha que passar por tudo novamente. O que quer dizer? Que haverá uma outra investigação, naturalmente. As mesmas formalidades e burocracias. Queria que fosse poupado de toda a publicidade disso, ...mas temo que seja impossível. Oh, sim, a publicidade. Acho que a Sra. de Winter desceu por algum motivo, e uma tempestade pegou o barco sem ninguém no timão. Imagino que esta seja, a solução, não acha, Sr. Crawley ? Provavelmente a porta emperrou e ela não conseguiu voltar ao convés. Sim. Tabb, o construtor, sem dúvida vai chegar a conclusão semelhante. Por que? O que ele saberia disso? Está examinando o barco agora. Pura questão de rotina, você sabe Estarei aqui amanhã para o inquérito, mas não oficialmente. Poderíamos nos reunir para um golfe quando isso tudo acabar. Os jornais da tarde, senhora. - Gostaria de ver-los? - Não, obrigada, Frith, e... peço que o Sr. de Winter também não seja incomodado com isso. Compreendo, senhora. Permita-me dizer que estamos todos muito afligidos. Obrigada. Receio que as notícias tenham abalado a Sra. Danvers. Sim... era de se esperar. Verdade que haverá um inquérito, senhora? Sim, Frith. É só uma formalidade. Claro, senhora. Eu, eu queria dizer que se algum de nós for chamado para depor, seria um prazer para mim fazer... ...qualquer coisa para ajudar esta família. Obrigada, Frith. O Sr. de Winter ficará muito contente em ouvir isso. Mas acho que nada disso será necessário. Maxim. Olá, querida. Maxim, eu, eu me preocupo com o que fará no interrogatório amanhã. O que quer dizer? Não vai perder a calma, vai? Prometa que não ficará nervoso com eles. Tudo bem, eu prometo. Não importa o que perguntem, você não vai sair do sério. Não se preocupe, amor. Não podem fazer nada de imediato, podem? Não. - Temos algum tempo para ficar juntos? - Sim Quero ir com você. Prefiro que não, meu amor. Não posso esperar aqui sozinha. Prometo não causar embaraço algum a você. E quero estar perto de você, não importa o que aconteça não vamos nos separar nem um instante. Tudo bem, querida. Nada disso me importa, exceto por você. Não posso esquecer o que isso tem lhe feito. Não penso em outra coisa desde que aconteceu... Se foi para sempre. Aquele estranho, jovem, perdido olhar que amei, não voltará jamais. O matei quando lhe falei sobre Rebecca. Se foi. Em poucas horas você cresceu, e envelheceu. Oh, Maxim, Maxim. Black Jack Brady era seu nome. A captura mais significativa que já fiz. Deve ter sido há uns dois anos. Claro que não havia dúvida. Foi enforcado um mês depois de eu tê-lo pego. Um momento. Pegaram o velho Balmy Ben há pouco. Lembra da falecida Sra. de Winter, não? - Ela se foi. - Sim, disso sabemos. Ela foi pro mar. O mar levou ela. Certo, certo. Queremos que nos diga... se você estava na praia na última noite em que ela foi navegar. - Hã? - Estava na praia naquela noite que ela saiu e não voltou? Eu não vi nada. Num quero ir pro asilo. Aquele pessoal malvado de lá. Agora ninguém vai mandar você para o asilo. Todos queremos que você nos diga o que viu. Eu num vi nada. Vamos,vamos. Viu a Sra. de Winter entrando em seu barco naquela noite? Eu num sei de nada. Eu num quero ir pro asilo. - Muito bem, pode ir - Hein? Pode ir agora. Sr. Tabb, pode dar um passo à frente, por favor? As evidências apresentadas serão a verdade, completa verdade, nada mais que a verdade? Sim. A falecida Sra. de Winter costumava revisar o barco no seu estaleiro. - Isso mesmo, senhor. - Lembra de alguma ocasião... em que ela tenha tido algum tipo de acidente com o barco ? Não, senhor. Dizia sempre que ela era uma marinheira nata. Supõe-se que quando a Sra. de Winter desceu à cabine, houve uma súbita rajada de vento que teria sido o suficiente para emborcar o barco, certo? Desculpe, senhor, mas é um pouco mais que isso. - O que quer dizer, Sr. Tabb ? - As chaves de passo, senhor. - O que são chaves de passo? -Seacock... Bem, chaves de passo são as válvulas que drenam o barco, e precisam estar bem fechadas quando se está navegando E? Ontem quando examinava o barco, vi que elas foram abertas - Qual seria a razão para isso? - Aí é que está. Foi isso que inundou o barco e o fez afundar - Está deduzindo que... - Que o barco nunca virou. Sei que é terrível dizer, senhor mas na minha opinião, afundaram o barco. - E há os buracos... - Que buracos? -No casco. - Do que está falando? Claro, a embarcação estava submersa há mais de um ano e a corrente a jogava contra os corais, mas me pareceu que os buracos foram feitos de dentro. Então acredita que ela pode ter feito isso deliberadamente? Não pôde ser um acidente, não com seu conhecimento de barcos. Conheceu a Sra. de Winter muito bem, acredito. - Sim. - Acredita que seria capaz de suicídio? Francamente não, mas nunca se sabe. Pode sentar, Sr. Tabb. Sr. de Winter, por favor. Sinto ter que chamá-lo de novo, Sr. de Winter. Ouviu o depoimento do Sr. Tabb. Me pergunto se pode nos ajudar... - Receio que não. - Consegue ter idéia de por que havia... buracos no casco do barco da falecida Sra. de Winter? Claro que não penso em nenhuma razão para isso. Alguém já tinha lhe dito sobre esses buracos antes? Como ele estava no fundo do oceano penso que é pouco provável. Sr. de Winter, quero que acredite que todos sentimos profundamente, mas não conduzo esta inquirição para minha satisfação própria. - Um tanto óbvio, não? - Espero que sim. Como a Sra. de Winter estava só, devemos acreditar que ela mesma fez os buracos? Acreditem no que quiserem. Pode nos elucidar por que a Sra. de Winter... poderia querer acabar com a própria vida? Não conheço razão nenhuma. Sr. de Winter, por mais doloroso que seja, Preciso lhe perguntar algo muito pessoal. A relação entre o senhor e a Sra. de Winter era perfeitamente feliz? A relação entre o senhor e a Sra. de Winter era perfeitamente feliz? Não vou mais tolerar isso! E você deve saber muito bem! Vamos suspender a sessão até depois do almoço. Sr. de Winter, presumo que continuará à disposição. Eu disse para tomar seu café da manhã. Está faminta, isso sim. O Sr. Frith achou que ia querer a comida de casa e mandou eu lhe trazer. Obrigada, Mullen. Pode estacionar lá na esquina? Que idiota desmaiar daquele jeito. Tolice. Se não tivesse desmaiado, eu teria perdido a cabeça Querido, por favor seja cuidadoso. Querida, espere um pouco aqui. -Vou ver se encontro o Frank. - Claro, querido. - Não se preocupe comigo. Ficarei bem. - Mesmo? Está certo. Aqui, tome um pouco. Fará bem. Obrigada. - Tem certeza de que está bem? - Sim, claro. - Não demoro. - Perfeitamente Olá. Como se encontra a recém-casada hoje? Digo, o casamento com Maxim não é exatamente um mar de rosas... Acho melhor você ir antes que Maxim volte. Ele é ciumento? Bem, não posso dizer que é culpa dele. Mas não acha que sou o Lobo Mau, acha? Você sabe que não. Sou totalmente normal , inofensivo. E acho que está se comportando esplendidamente nisso tudo. Perfeitamente esplêndida. Sabe, cresceu um pouco desde a última vez que a vi. -Não me espanta. - O que quer, Favell ? Olá, Max. As coisas vão muito bem para você, não vão ? Melhor do que você esperava. Fiquei inclusive preocupado. Por isso vim à inquirição. Estou tocado com sua preocupação, mas se não se importa gostaríamos de almoçar Almoço? Brilhante idéia. É como um piquenique, é? Mil desculpas. Não importam se eu pôr isso aqui. Sabe, Max, meu velho, realmente acho que devemos conversar algumas coisas. Conversar o que? Bem, aqueles buracos no casco, por exemplo. Os buracos que foram furados de dentro. - Mullen ! - Sim, senhor? Poderia, pôr gasolina no meu carro? Está quase vazio Certo, senhor. E Mullen... feche a porta. Incomoda? Sabe, amigo velho, tenho uma forte sensação... ...de que antes do dia acabar, alguém vai fazer uso dessa expressão ...esse termo tão fora de moda: ''marmelada'' Estou incomodando vocês com isso? Não? Ótimo. Veja, Max, eu mesmo me encontro em uma posição meio complicada. Pode ler este bilhete para entender. É de Rebecca. E mais, teve a presciência de colocar a data aqui. Me escreveu isto no dia em que morreu. Casualmente eu estava em uma festa naquela noite. E não vi isso antes do dia seguinte. O que o faz pensar que este bilhete me interessa? Não vou perturbar você com os detalhes agora, mas posso assegurar que não é o bilhete de alguém que pretende se afogar na mesma noite. A propósito, que faz com os ossos? Enterra-os? De qualquer modo, por enquanto... Sabe, Max, estou ficando farto do meu trabalho de vendedor de carros. Não sei se já teve esta experiência de dirigir um carro valioso e que não é seu. Pode ser muito, muito irritante. Sabe o que quero dizer. Querer que o dono do carro seja você. Por vezes penso como seria bom descansar fora do país, ter um lugar agradável, com alguns acres para caça... Nunca calculei quanto custaria ao ano, mas gostaria de conversar com você sobre o assunto Gostaria de uns conselhos para viver bem sem trabalhar muito. Olá, Favell. Me procurava, Maxim ? Sim. O Sr. Favell e eu temos negócios a tratar. Acho melhor que tratemos disso na hospedaria. Quem sabe não há uma sala privativa por lá? Te vejo depois. Encontre o Coronel Julyan. Diga que quero vê-lo imediatamente. Vamos, Favell. Vamos Tem uma sala privativa, por favor? -Claro, senhor. É por ali. - Obrigado. Espero que sirva Sr. de Winter. Está ótimo, ótimo. Igualzinho ao Ritz. - Algum pedido, senhores? - Sim, me traga conhaque e soda. E você, Max ? Por minha conta. Acho que posso me fazer de anfitrião. -Obrigada, não me importo. -Então traga dois, certo, meu bom camarada? -Certo, senhor. -Onde está o Sr. de Winter? Atrás daquela outra porta, senhor. Coronel Julyan, este é o Sr. Favell. Conheço o Coronel Julyan. Somos velhos amigos, não é? Se são velhos amigos presumo que sabe que ele é o chefe da polícia. Acho que ele pode se interessar em ouvir sua questão. Conte a ele aquilo tudo. Apenas disse que queria desistir de vender carros e descansar. Na verdade, me propôs ocultar uma evidência vital se eu o desse uma compensação. Apenas queria ver justiça feita, Coronel. Aquela evidência do construtor de barcos sugestionou algumas teorias sobre a morte de Rebecca. Uma delas, claro, é de suicídio. Tenho um bilhete que deixa isso fora de questão. Leia, Coronel. Jack, querido. ''Fui ao médico e estou indo a Manderley agora. ''Estarei na cabana a noite toda e deixarei a porta aberta para você "Tenho algo muito importante para lhe dizer. Rebecca. '' Isto parece o bilhete de uma mulher que tenha se matado? E fora isso, Coronel, me diga que se quiser se suicidar, ia enfrentar todo o transtorno de colocar um barco no mar, depois com um martelo e talhadeira, ficaria batendo até furar o casco? Convenhamos, Coronel, como um oficial da lei não sente que há algo do que suspeitar? -Assassinato ? -O que mais ? Conhece Max há muito tempo, então conhece seu estilo antiquado de quem morreria para defender sua honra... ou mataria. Isso é chantagem. Pura e simples. Chantagem não é tão pura nem tão simples. E pode trazer uma série de problemas a muitas pessoas e o chantagista às vezes se vê encarcerado até o fim. Sei. Vai segurar a mão do Sr. de Winter por tudo isso... só porque ele é o figurão das redondezas... ...e permite que jante com ele. Cuidado Favell. Fez uma acusação de assassinato. - Tem testemunhas? - Tenho uma testemunha. Aquele sujeito, Ben. Se aquele investigador estúpido não fosse tão esnobe -...teria visto que Ben escondia algo. - E por que Ben faria isso? Porque o pegamos uma vez, Rebeca e eu, nos espiando pela janela da cabana. Rebecca o ameaçou pôr no asilo. Por isso tem medo de falar. Mas sempre perambulava por ali. Deve ter visto a coisa toda. É até ridículo ouvir isso. Parecem um pequeno sindicato, todos vocês. E se não me engano, Crawley, há certa maldade em seu juízo de mim. Crawley não teve muito êxito com Rebecca, mas desta vez deverá ter mais sorte. A recém-casada lhe será grata por sua mão fraterna, Crawley... em uma semana ou então... ...sempre que desmaiar. - De Winter! -Maxim, por favor! Esse temperamento ainda acaba com você, Max. Com licença, cavalheiros. Desejam mais alguma coisa? Sim. Pode trazer ao Sr. de Winter um calmante. - Não. Apenas nos deixe sós. -Como queira. Agora, Favell, vamos pôr um fim nisso. Já que se empenhou tanto nisso tudo talvez possa nos fornecer também um possível motivo. Ah, sabia que me viria com com isso, Coronel. Li histórias policiais o bastante para saber que sempre há um motivo. E se me dão licença por um instante, vou buscar isso também. Quero que vá para casa. Não tem que passar por isso. Por favor me deixe ficar, Maxim. Coronel Julyan, não vai dar ouvidos a esse tipo... Minha opinião sobre Favell não é melhor que a sua, Crawley. Mas na minha condição oficial, não tenho alternativa a não ser averiguar a acusação. Concordo plenamente, Coronel. Em um assunto assim tão sério, tem de se certificar de todas as vírgulas, explorar todas as possibilidades e, cunhando uma frase... não deixar pedra sobre pedra. Ah, aí está, o elo que faltava. A testemunha que vai nos ajudar a achar o motivo. Colonel Julyan, Sra. Danvers. Acredito que já a conheça. - Não vai sentar ? - Não se ofenda, Coronel, mas acho que eu vou perguntar isso a Danny. Ela vai entender mais facilmente. Danny, quem era o médico de Rebecca? A Sra. de Winter sempre recorria ao Dr. McClean, da cidade. Não, você entendeu. Eu disse o médico de Londres. Não sei nada a respeito. Não me venha com essa. Sabia tudo sobre Rebecca. Sabia que ela estava apaixonada por mim, não sabia? Com certeza não esqueceu dos bons momentos que tínhamos na cabana. Tinha direito de se divertir, não tinha? O amor era um jogo para ela. Um jogo. A fazia rir. Costumava deitar na cama e rolar de rir de todos vocês. Pode imaginar que razão faria... a Sra. de Winter acabar com a própria vida? Me recuso a acreditar. Sabia tudo sobre ela, e não acreditarei. Vê? É impossível. Ela sabe tão bem quanto eu. Escute, Danny. Sabemos que Rebecca tinha um médico em Londres. - Quem era? - Não sei. Compreendo, Danny. Acha que pedimos para revelar os segredos da Rebecca. Está tentando defendê-la. Mas é o que faço também. Estou tentando afastar seu nome da suspeita de suicídio. Sra. Danvers, está se supondo que... a Sra. de Winter foi assassinada. Em poucas palavras, é isso Danny. Mas há mais uma coisa que quer saber: o nome do assassino. Seu lindo nome que sai da língua tão fácil: George Fortescue Maximilian de Winter. Havia um médico. A Sra. de Winter às vezes ia a ele em particular. Era seu médico até antes de casar. Sem minúcias, Danny. Qual era seu nome? Dr. Baker, Rodovia Goldhawk, 165. Shepherd's Bush. Aí está, Coronel. É onde você encontrará o motivo. Vá e pergunte ao Dr. Baker. Lhe dirá que Rebecca foi a ele para confirmar a notícia de que iria ter um bebê, um adorável e cacheadinho bebê. Não é verdade. Não é verdade. Ela me diria. Ela contou a Max. E Max sabia que não era o pai. Então, como um cavalheiro da velha escola que é, ela a matou! Creio que temos que interrogar esse Dr. Baker. Ouça, ouça: Por questão de segurança gostaria de ir também. Sim, infelizmente, suponho que tenha direito de pedir. Falarei com o juiz para adiar a inquirição... ...devido evidências adicionais. Não receia que o acusado, devemos assim dizer, possa fugir? Tem a minha palavra que ele não fará isso. Tchau, tchau, Max. Vamos, Danny. Deixemos esse casal infeliz passar seus últimos momentos a sós. Tem certeza de que não quer que eu vá com você, Maxim ? Não, querida. Será muito cansativo para você. Voltarei ao primeiro raiar do dia, não vou sequer dormir. Estarei esperando você. -Pronto, Maxim ? - Sim. Vocês dois vão adiante. Seguirei com Favell. Dr. Baker, deve ter visto o nome do Sr. de Winter... ...nos jornais recentemente. Sim, sim. Relacionado ao ao corpo que foi encontrado. Minha esposa estava lendo sobre isso. Um caso muito triste. - Minhas condolências. -Isso vai levar horas. Não perturbe, Favell. Acho que posso falar com ele. Estamos tentando desvendar alguns fatos... relacionados às atividades da Sra. de Winter no dia da sua morte ...em 12 de outubro do ano passado. E quero que diga, se puder, se alguém com esse nome pagou uma consulta nessa data. Sinto muitíssimo. Receio que não possa ajudá-lo. Me lembraria do nome de Winter. Mas nunca atendi a Sra. de Winter na minha vida. Como pode saber o nome de todos seus pacientes? Posso procurar na minha agenda, se quiser. - Disse 12 de outubro? - Sim. Aqui está. Não, não há de Winter. - Tem certeza ? - Aqui estão todos os compromissos do dia. '' Ross, Campbell, Steadall, Perrino, Danvers, Mathews'' Danny ! Que diaba! Pode ler aquele nome de novo? Disse Danvers? Sim, Danvers, às três. Como ele era ? Pode lembrar? Sim, lembro muito bem. Ela era uma mulher muito bonita... alta, morena, vestida impecavelmente. - Rebecca. - Assumiu outro nome. Verdade? É uma surpresa. A conhecia há muito tempo. E qual era o problema dela? Meu caro senhor, há certas questões éticas. Pode dar uma razão, Dr. Baker, para o suicídio da Sra. de Winter? Para seu assassinato, você quer dizer. Ia ter um bebê, não ia? Vamos! Me diga o que uma mulher de classe faria nesse lugar? Acho que a natureza oficial desse caso... ...exigirá um mandato para que eu... Asseguro que isso não será necessário. Não lhe causaremos distúrbios. Quer saber se posso supor algum motivo... que faria a Sra. de Winter acabar com sua vida? Sim, acho que posso. A mulher que se fazia chamar Sra. Danvers estava seriamente doente. Ela não ia ter um bebê? Era o que ela pensava, mas meu diagnóstico foi diferente. A encaminhei a um especialista renomado para um exame de raio X, e nesse dia ela voltou com o retorno dele. Lembro que ficou de pé e me estendeu a radiografia ''Quero saber a verdade'', ela disse. ''Não quero palavras suaves nem delicadeza. Se vou morrer, me diga agora.'' Sabia que ela não era do tipo de aceitar mentiras. Pediu pela verdade, eu tive que dar. Ela me agradeceu e nunca mais a vi, supus então que... Que mal ela tinha? Câncer. Sim, em estágio avançado. Teria poucas chances mesmo com uma operação. Em pouco tempo deveria ficar submetida à morfina. Não havia o que pudesse ser feito por ela, a não ser esperar. Ela disse alguma coisa... quando contou a ela? Ela sorriu de um jeito estranho. Sua esposa era uma mulher maravilhosa, Sr. de Winter. E... oh sim. Lembro que ela disse algo que me surpreendeu, para um momento tão peculiar. Quando lhe disse que era questão de meses ela falou ''Oh, não, doutor, não tanto.'' O senhor foi muito prestativo. Disse-nos o que esperávamos saber. Precisaremos de um atestado oficial. -Atestado? -Sim, para confirmar o veredito de suicídio. Compreendo. Aceitam, cavalheiros, uma taça de xerez? Não, muito gentil. Temos que ir andando. Graças aos céus soubemos a verdade. Que coisa terrível, terrível. Uma mulher jovem e encantadora como ela. Não me admira... Nunca fiz a mais remota idéia disso. Nem Danny, com certeza. Quero um drinque. Seremos necessários na inquirição, Coronel Julyan ? Não. Trato com o Maxim, para que isso não cause mais tormentos. Já vamos, Coronel? Não, obrigado. Fico aqui esta noite. Deixe-me dizer, Favell, que chantagem não é exatamente uma profissão... ...e sabemos como lidar com isso nessa parte do mundo, por mais que lhe pareça estranho. Não sei do que está falando. Mas se precisar de um carro novo, Coronel, só me faça saber. Impossível agradecê-lo pela sua gentileza conosco. Sabe que me sinto incapaz de dizer qualquer coisa. Ponhamos uma pedra nisso. Melhor falar com sua mulher. Deve estar preocupada. Claro, vou ligar para ela, depois vamos direto para Manderley. Adeus, Crawley. O Maxim tem um grande amigo. - Frank. - Sim, Maxim ? Há algo que você não sabe. Não, não há. Eu não a matei, Frank. Mas agora sei que quando me contou sobre a criança ela quis que eu a matasse. Mentiu de propósito. Ela previu isso tudo. Por isso que ela ficou rindo quando... Não pense mais nisso. Obrigado, Frank. Alô, Danny? Só queria contar as novidades. Rebecca escondeu algo de nós dois. Ela tinha câncer. Sim, suicídio. E agora o Max e a sua adorada mulherzinha poderão ficar em Manderley e viverem felizes para sempre. Tchau, tchau, Danny. - Seu carro, senhor? - Sim. Será breve? Sabe que aqui não é lugar de estacionar. Oh, não ? As pessoas têm direito de deixarem seus carros do lado de fora, se quiserem. É uma pena que algumas não têm nada melhor para fazer. Quando você ligou, ela disse que estava esperando? Pedi que fosse dormir, mas não quis ouvir. Queria poder fazer essa coisa andar mais depressa. Algum problema, Maxim ? Não consigo tirar uma sensação de que há algo errado. - Frank ! - O que foi? Por que paramos? Que horas são? Esse relógio está errado. Deve ser 3 ou 4 horas. Por que? Não pode estar amanhecendo ali. É no inverno que se vê a aurora boreal, não é? Aquilo não é a Aurora Boreal. É Manderley! Frith ! Frith ! A Sra. de Winter. Onde ela está? -Acho que a vi, senhor. - Onde? Maxim. Graças a Deus você voltou para mim. Tudo bem com você, querida? Está tudo bem? A Sra. Danvers. Ela ficou louca. Disse que prefere destruir Manderley do que nos ver felizes aqui. Vejam! A ala oeste!.

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Vitória de Santo Antão:

Francis Nielsen, Saratoga: Metropolitan College of New York. São Mateus: University at Albany, State University of New York; 2010.

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