Episcopal - Cuba continua restringindo a liberdade religiosa? Quando a fonte oculta de uma informação é... o governo dos EUA Em vários veículos, podemos ler que "em Cuba a liberdade religiosa continua restrita". Uma manchete extraída da apresentação do último relatório da fundação vinculada ao Vaticano "Ajuda à Igreja Necessitada". Curiosa manchete, pois nesse mesmo relatório se assegura, também, que Cuba é um dos seis únicos países do mundo em que "se observou certa melhoria" na matéria. Em contraste, em 81 dos 196 países examinados, 41%, a liberdade religiosa "está em retrocesso". A novidade informativa e motivo para uma hipotética manchete, em relação a Cuba, seria, por tanto, a melhoria desse país conforme o citado relatório e não as sombras, que segundo seus autores, seriam comuns à maioria dos países. De qualquer maneira, este "Relatório 2014 sobre Liberdade Religiona no Mundo" corresponde à tradicional visão conservadora da Igreja Católica. O texto assinala como provas da redução da "liberdade religiosa nos países ocidentais", por exemplo, o "ambiente de laicismo agressivo" ou as "duras críticas" aos bispos na questão do aborto na Espanha, ou a legalização do "matrimônio homossexual" na França. Sobre Cuba, o relatório afirma que "embora exista liberdade de culto, o Estado comunista segue restringindo fortemente a liberdade de religião". Esta "restrição" se fundamentaria, principalmente, em que "o governo continua exercendo controle e não permite a existência de colégios católicos". Ou seja, em Cuba o problema não está na liberdade de culto, mas no fato de a Igreja Católica não haver conseguido seu objetivo histórico: a derrubada do artigo 39-b da constituição do país, que determina que "a educacação é função do Estado e, além disso, deve ser gratuita". Deve-se esclarecer que a liberdade religiosa em Cuba é total, sendo que o país tem uma das poucas constituições que, além de garantir o direito à profissão de qualquer culto religioso, também garante o direito ao ateísmo. Em Cuba, a Igreja Católica possui mais de 600 templos ativos, é proprietária de um hospital psiquiátrico e coadministra, com o Estado, vários abrigos para idosos. Atualmente, existem mais ordens religiosas católicas no país do que antes da Revolução. Além disso, há 54 igrejas protestantes e evangélicas, com mais de 900 templos; igrejas ortodoxas gregas e russas; cinco sinagogas; y uma liga islâmica que reúne muçulmanos xiitas e sunitas, entre outras religiões. O preconceito ideológico do mencionado relatório fica evidente em sua análise global sobre a América Latina, na qual imputa as supostas "restrições" religiosas aos "regimes laicos e ateus" da região. O governo bolivariano da Venezuela é definido como "regime populista autoritário" e o do Equador é criticado por "retirar os crucifixos dos hospitais". Também dispara contra o México, onde o "caráter laico" do Estado leva a que "as igrejas continuem sem poder retransmitir programas ou organizar atividades religiosas sem autorização governamental". No relatório anterior, em 2008, acusava também a Bolívia de violar "a liberdade religiosa, devido à posição do governo socialista de Evo Morales". No preâmbulo do relatório, afirma-se que as fontes de dados são, basicamente, as Nações Unidas e o Banco Mundial. Entretanto, nos capítulos sobre Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador, comprovamos que uma das principais fontes é o último relatório sobre liberdade religiosa no mundo, elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA! Um relatório cujo capítulo sobre Cuba parte dos dados fornecidos pela chamada "dissidência" cubana, que, por sua vez, é financiada pelo próprio governo dos EUA. Um círculo perfeito para levar à opinião pública novas distorções informativas sobre Cuba, neste caso desfigurando a situação de liberdade religiosa existente na ilha. Legendas originais em espanhol: Laura Mor Tradução: Antonio Gabriel Haddad.
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Tocantins:
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