Concordia College, Bronxville - Baralho de jogo, baralho de mágica, baralho astral, baralho a quatro... Baralho! Amado por muitos, odiado por muitos, é apreciado tanto por pobres coitados quanto por magnatas. Mas afinal, como foi que tudo começou? E porque ele é desse jeito? Os primeiros baralhos teriam sido inventados por volta do século IX na China, responsável também pelo papel, pela bússola, pela pólvora... entre outros, durante a dinastia Tang. Eram conhecidos como "cartas de dinheiro" e divididos em grupos, principalmente de três (moedas, cordas e miríades). As cartas eram numeradas e continham desenhos de ideogramas ou de personalidades históricas ou mitológicas. Além de serem usadas como apostas, seus formatos permitiram que também fossem peças de jogos. Exemplos de jogos que surgiram das cartas chinesas são o dominó e o mahjong. Com o tempo, o baralho se espalhou para países asiáticos e árabes, alcançado a Europa no início do século XIV, quando soldados mamelucos ocuparam a península ibérica. Eles introduziram o baralho árabe, ou na'ib, que era semelhante ao atual, com quatro grupos de 14 cartas (espada, moeda, bastão e cálice), sendo 10 numeradas e 4 representando a côrte (Rei, Vizir, Deputado e Ministro Religioso). Todas as 56 cartas eram feitas com pinturas ricas em detalhes (já que o islamismo proibia representar pessoas), o que fazia dos baralhos artigos de luxo de famílias abastadas. Foi só um século depois, com o crescimento da imprensa, que os baralhos europeus ficaram acessíveis às massas. Primeiro veio o baralho espanhol ou sarraceno, inspirado no na'ib, onde pela primeira vez foi usado o termo naipe para se referir aos grupos de cartas. De 56 cartas passou a ter 48, pois eram 9 numeradas em vez de 10 e a carta do Ministro Religioso foi removida. As outras três foram renomeadas para Rei, Cavaleiro e Escudeiro, que dessa vez tinham figuras de homens nobres impressas nelas. Em seguida outras nações européias também fizeram seus próprios baralhos, como o alemão, que tinha naipes de folha, bolota, sino e coração, cada um representando a vida no campo, e o italiano, onde além das figuras de poder, as cartas também tinham desenhos de medos, virtudes e corpos celestes, o que daria origem ao Tarô. Mas foi na França que surgiu o modelo contemporâneo, com 10 cartas numeradas, valete, dama e rei, divididas em quatro naipes (copas, paus, ouros e espadas), cada um representando uma divisão social. Peraí, dez numeradas? Mas não começa a contar do 2? E cadê o ás? Pois é, o conceito do ás viria a se difundir após a Revolução Francesa, onde surgiu o ideal do poder do povo se sobrepondo ao dos reis. O baralho francês ficou tão popular que vários outros países fizeram suas próprias versões, chegando até mesmo a controlar como suas fábricas deveriam produzir os designs das cartas. Um exemplo disso aconteceu na Inglaterra, país que criou o padrão internacional, onde o ás de espadas recebia um selo garantindo o pagamento do imposto à coroa, fato esse que gerou uma cultura de deixar a marca do fabricante nessa carta até os dias atuais. Hoje, mesmo com os mais variados jogos de cartas no mercado, o baralho ainda é muito popular no mundo inteiro, graças principalmente à influência cultural do Tio Sam. Sem o peso político que tinha antigamente, é usado desde como passatempo entre família e amigos, até em grandes competições de profissionais e em locais como cassinos para fazer apostas. Este último, somado a superstições e cartomancia, gerou preconceitos que resultaram na proibição do baralho em locais como escolas e igrejas. Discussões à parte, não sabemos quais jogos as gerações futuras irão jogar, mas temos certeza de que o baralho será um deles..
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Brandon Gallegos, 44th Street, West zip 10036. Alvorada: College of New Rochelle; 2007.