A Exames Telefone Cachoeirinha

Rensselaer Polytechnic Institute, Troy - Sim! Nossa primeira convidada para este painel é Carla Mayumi. A Carla Mayumi é sócia da "Talk Inc." e da "Box1824". Ela fez uma pesquisa gigante chamada "Sonho Brasileiro 1". Depois ela fez uma pesquisa chamada "Sonho Brasileiro 2". Além disso ela é amiga do André. Sabe aquela viagem que eles fizeram... Ele acabou de passar aqui e deu um beijo nela, neste segundo. Foram juntos pelo Brasil, pesquisar as escolas, pelo mundo, ver modelos inovadores. Foram pesquisar e ela descobriu um monte de coisas, Solenta. Sabe, Consuelo, Pensei até que ela poderia mudar de nome. Podia chamar-se "Carla Holmes". "Holmes" como "Sherlock Holmes"? Sim, pois se ela vive fazendo perguntas às pessoas, as pessoas respondem, ela junta as coisas. "Carla Holmes". Podemos dar essa sugestão a ela. O que você acha? Com vocês, Carla Mayumi. Bem vinda, Carla! Carla, pode ficar à vontade. Carla, depois você explica pra gente, na sua lista, a que horas você faz tricô. Você nos diz a que horas, tudo bem? Além de fazer isso tudo, ainda consegue arranjar tempo para o tricô? Muito bem, pessoal, Nosso segundo convidado de hoje é mestre em administração pública e governo, graduado em administração de empresas pela FGV, especializado em "Administração para o Terceiro Setor" pela "New York University". Ele dirige a "Enzima Consultoria", é também diretor executivo do "Instituto Cidade Democrática", co-idealizador da plataforma de mesmo nome que alavanca a influência da sociedade civil sobre ações e políticas públicas a partir da inteligência coletiva. Sim, o Rodrigo tem uma bandeira. Venha hastear sua bandeira, Rodrigo. Com vocês, Rodrigo Bandeira. Fique à vontade! Nosso próximo convidado, o Bruno Torturra, vocês já ouviram falar bastante. É Jornalista, sabe o "Mídia Ninja"? Já sabem. Quem não sabe, pega aquele "Roda Viva" no Youtube. Assista e veja como foi. Pode, aquela coisa? Mas o que estamos realmente interessados é a nova história dele, o tal do "Fluxo". É que ele é nosso vizinho, certo? Exatamente, gente! Estamos ocupando o centro, eles também. Uma hora vamos lá pedir um cafezinho, certo? Agora, o que adoramos saber é que ele é fã do Raul Seixas. Então, para você, Bruno, "Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal". Venha, bruno, vem pra cá, antes que eles morram com nossas vozes. Bem vindo! Temos que ver esse vídeo. está no "Facebook". Muito bem, nosso próximo convidado, "Our next invited". Não deve ser "invited", mas foi. Muito bem. Desde pequeno lá na Austrália, aos 8 anos, já fazia ativismo. Não é à toa que cresceu, criou o maior site de ativismo online, o Avaaz. Mas agora, é CEO de algo que terei de ler aqui. Me perdi aqui. 17 e 18, sabe como é? Perdi mesmo. 17. É CEO de algo como "Incubadora para movimentos sociais, criadora de novas experiências de participação digital em massa". Ele está fazendo algo novo, "powerful". sabe como se chama? "Purples". "Purples"? Sim! Com vocês, Jeremy Heimans! "Welcome"! Oh, Jeremy! Você tem idade... "Are you of the age of Prince"? "Do you know Prince"? "I hope so"! Muito bem, depois pesquisem "Purple Rain" no "Youtube". Bom painel para vocês, gente! Muito bem... Não, que bom painel Solenta, onde você vai? Para cuidar dessa turma toda. Está tão cheio que não cabemos aqui. Vamos chamar ela, gente. Vamos ficar aqui em baixo. Chamaremos ela, a Rosana Hermann. Rosana, que será a moderadora, cursou jornalismo. Vocês devem saber que ela é gerente de criação da "R7", colunista de internet e inovação no jornal da "Record News"e participação semanal no "Nblogs". Acho que vocês conhecem. Porém, o que talvez vocês não saibam é que ela é jurada do "The Bobs". Isso não é um prêmio de cabeleireiro, gente. Nem da "fast-food". Espetacular esse negócio do "The Bobs". Agora, o que talvez vocês saibam menos ainda, é que ela é bacharel em física. A Rosana possui dois anos de pós-graduação em física nuclear. Nem ela lembra. Fisicamente presente, Rosana Hermann! Venha Rosana, seja bem vinda! São todos seus, Rosana. Estes e aqueles... Rosana, estes, aqueles, e, ontem havia 14 mil juntos no "streaming". Então há mais gente por aí. Não sei onde estão, mas estão. Obrigada! Boa tarde! Estava vendo o "streaming". Impressionante, a qualidade! Vídeo maravilhoso, áudio maravilhoso, pois, Streaming com áudio ruim, não se entende nada. Então estou muito feliz, já retuitei. Todos que estiverem seguindo o RIA Festival pode retuitar, postar, convidar todo mundo para assistir, pois o streaming realmente vale à pena. Não apenas vi o streaming, como meu deus, vocês quatro! Vi tantos vídeos de vocês quatro, não aguento mais vocês. Fiquei horas assistindo. O Bruno eu já conhecia, o Jeremy, eu assisti palestras. Assisti você em tudo quanto é entrevistas, no Amazonas. Assisti a uma palestra sua de mais de uma hora. Já amo vocês, já estou íntima de vocês. Acho que é isso o que a tecnologia possibilita, que você, rapidamente, passe a conhecer uma pessoa ou se engajar com sua filosofia, ou conhecer uma causa em questão de horas. Isso pode realmente mudar sua vida. Não é apenas um "papo reto", aqui. Você pode mudar sua vida a qualquer momento com pequenas gotas de sabedoria, com uma palestra que pode ser "life changing" e tudo isso é possível agora. Não é no futuro, não é depois. É possível agora, é possível aqui, é possível vendo esse streaming. É possível que uma destas quatro pessoas impacte vocês de uma maneira que passe a acender algo que estava um pouco apagado dentro de sua vida. E a pergunta deste painel que é, "Qual é a sua bandeira", vejam, é uma pergunta capciosa. Pois, quando pergunto, qual é, pressupõe-se que você tenha uma bandeira. E essa é minha primeira pergunta, que será respondida ao longo, aqui, da disposição de vocês. Eu preciso, necessariamente, ter uma causa que me represente? Preciso ter porque é minha vocação natural, ou é de todo ser humano? Ou porque minha amiga tem? Uma está trabalhando com defesa animal, uma causa ecológica. Eu preciso ter uma urgentemente também para não ficar desengajada. Será que existe uma "modinha" também, além do trabalho necessário? Será que o fato de eu simplesmente retuitar um assunto ou colocar minha assinatura em uma petição me livra e já penso, "nossa já estou engajada, já fiz minha parte". "Melhor do que nada. Pronto, não preciso fazer mais nada". É isso o que a gente imagina que seja, de verdade, trabalhar com uma causa? Ou você deve dedicar sua vida inteira para aquilo, quer dizer, qual a medida? Sabemos que existe, temos vontade de ajudar, sentimos que a vida em rede faz muito mais sentido do que a vida individual. Sabemos de tudo isso, mas na hora H, quanto é que a gente, de verdade, está afim ou é capaz de se comprometer? Ou será, uma pergunta que fiz pouco antes aqui, pois quero ouvir a resposta, ou será que o ativismo social pode ser parecido com exercício físico, que pode gerar algum risco para você? Pois, se você não prática nada, mas ao final de semana resolve correr 10km, é provável que você cause uma lesão no seu joelho. Será que é melhor eu nem começar a fazer nada, ou será que o mínimo que eu fizer já é melhor do que nada? Mesmo que eu procure causas para me sentir pertencente a algum movimento. Então a gente vai conhecer aqui a história e o trabalho de quatro pessoas que, não apenas possuem suas causas e bandeiras, e estão engajadas, como também fazem pesquisas e estudam para descobrir quem são e como vivem as pessoas e os jovens que hoje praticam ativismo social. A primeira a se apresentar é a Carla Mayumi, minha colega tricoteira. Temos um elo muito forte, que é não só de tecer considerações, mas de tecer tricô, também. Ela começará nossa apresentação. Boa tarde, vocês não têm ideia do tricô que ela faz. É algo impressionante. Mostre as pulseiras, Rosana. Boa tarde, muito obrigada por estarem aqui! Obrigada pelo evento, ao evento! Estou super orgulhosa de estar aqui nesse painel incrível com pessoas que admiro muito. Fui chamada para este evento porque atuo na Box 1824, que é uma empresa de pesquisa que especializou-se em pesquisar o jovem. Pesquisar o jovem, não como um consumidor, mas o jovem como um ator social, um ser social. E agora um ser político. Essa é nossa nova pesquisa. Eu coloquei aqui... Essa pesquisa não foi lançada ainda, lançaremos dia 23 de setembro. Então darei aqui um mini olhar em torno de algumas coisas que estamos descobrindo sobre ativismo e participação política do jovem, que está relacionado com suas bandeiras. Aqui na tela tem alguns dos projetos da "Box", que talvez vocês tenham ouvido falar e conhecido. "Sonho Brasileiro" foi lançado em 2011, está disponível. Uma grande pesquisa com o jovem brasileiro de todas as classes sociais, todo o Brasil. É só entrar lá e baixar, mas estamos atualizando isso com esse olhar, agora, em política. E temos outros projetos que vocês podem, talvez, ter ouvido falar da gente, a partir deles. "We all want to be young", "All work, all play", que são vídeos que lançamos explicando porque o jovem hoje é como ele é. Temos ouvido coisas muito bacanas, tanto dos jovens, quanto seus pais, seus avós dizendo, "Agora eu consigo entender melhor como esse jovem pensa e porque age e faz as coisas do jeito que faz." Como eu falei, essa pesquisa está em andamento, a gente novamente foi Brasil afora motivados pelas manifestações do ano passado, então está falando aqui sobre um assunto que esteve na pauta e existe uma grande pergunta agora: "e o jovem, continua interessado em política como ele se demonstrou em junho do ano passado?" É um dos objetivos do lançamento dessa pesquisa. E eu já digo que sim. Traremos muitas evidências de como isso está acontecendo em todo o Brasil e falarei um pouco sobre isso aqui também. Essa linha do tempo talvez seja um pouco difícil de ler. Ela fala um pouco sobre o que o jovem brasileiro viveu ou vive na política. E é interessante para todo mundo que eu mostro essa linha do tempo, ela não está completa. É uma linha do tempo para termos uma ideia. Se olharmos ali embaixo... Opa, ali embaixo não está aparecendo. mas se olharmos para essa linha do tempo com a idade do jovem, veremos que o jovem... vamos considerar um jovem de 24 anos, nascido em 1990. O que ele viveu a partir dali? Ele viveu em 94... Em 92 tivemos "caras pintadas", o "impeachment" do Collor. Éramos em 92 uma democracia muito, muito jovem. Ainda somos. Nossa democracia tem 25 anos, então quando esse jovem era criança, ele nem se dava conta de que havia acabado de acontecer uma grande mudança política no Brasil. Ali ele tinha 2 anos. No Plano Real e na eleição do FHC ele tinha 4 anos e aí tivemos um "boom" das ONGs nesse período, a partir do final dos anos 80 até o final dos anos 90. Então as ONGs tornarem-se algo muito presente, trabalhando com movimentos e ativismo social no Brasil. Vivemos uma crise financeira mundial em 2008 que desencadeou várias manifestações mundo afora e isso esse jovem já viveu como adulto, pois em 2008 ele tinha 18 anos e, em 2013, ele estava, se imaginarmos esse jovem que hoje tem 24, com 23 anos. Ao longo destes últimos anos ele foi percebendo, talvez, e muitos não perceberam, que havia alguma movimentação política acontecendo, que culminou em 2013. Então falaremos bastante sobre isso, de que essa movimentação e essa inquietação política do jovem explodiu em 2013, mas já vinha acontecendo e o fato disso ter acontecido em 2013 é o fruto de um trabalho de jovens que vinham há muito tempo como ativistas. Não sou uma especialista em política, estou estudando e aprendendo. Acho que o aprendizado mais importante que tenho tido, e é algo pessoal, é o conceito da política, um novo olhar que precisamos dar à política, pois quando pensamos em política, se eu perguntar a vocês, que foi o que fizemos com os grupos com jovens. Quando você pensa em política, o que vem à cabeça, vem muita coisa bem ruim. Se fizéssemos uma "tag cloud" das palavras, seria muito negativo. E é isso que agora vivemos o momento, de ressignificar, de entender o significado de fazer política sem ser político, de fazer política no dia a dia, que é o que o jovem está fazendo. E o aprendizado foi entender a relação da palavra "política" com a palavra "polis", que é de onde ela nasce. A "polis" é a cidade. Esse conceito nasceu na Grécia e hoje a gente vive a política, se entendermos a "polis" como nosso bairro, nossa cidade, nosso Estado ou nosso país, estamos cada vez mais entendendo que precisamos cuidar dessa "polis". Estamos começando a nos sentir mais responsáveis, principalmente o jovem, a ser quem efetivamente precisa fazer isso. Não mais delegar, como já foi delegado, apenas ao poder público. Esse é o momento que estamos vivendo hoje. A gente desaprendeu política. Talvez nunca tenhamos aprendido, devido ao fato de sermos uma democracia muito jovem, mas desaprendemos muita coisa. E o momento que vivemos agora é de resgatar alguns conceitos muito básicos simples e que parecem óbvios quando falamos em política. Mas o mais legal é que o jovem estão utilizando esses novos conceitos para fazer e agir no dia a dia. O ativismo tem muita história, muito mais do que, talvez, imaginamos. O ativismo nasceu há muito tempo. Gandhi foi um ativista, Martin Luther King foi um ativista. Tivemos grandes ativistas nos EUA nos anos 30. O Green Peace nasceu em 1970 e o ativismo quando nasceu, ele usava de táticas, de "grass roots", táticas de forte presença nas ruas, que é enviar carta para imprensa, fazer ocupações na frente de locais públicos, fazer boicote, greve de fome. O ativismo no mundo hoje mudou bastante. Então ele tem muito mais formas, e formas criativas. Ele assume linguagens novas, que são linguagens do próprio jovem, pois hoje o jovem assume a produção do próprio conteúdo. Ele não precisa mais ser representado como imagem ou como discurso por alguém. Ele cria seu próprio conteúdo e isso muda tudo. Muda completamente a linguagem para falar de política. Eu trouxe aqui algumas frases ditas por pessoas quando perguntamos a elas o que é ativismo hoje e eu acho muito legal o que vem, pois é muito difícil definir o ativismo. Li vários artigos acadêmicos, papers de especialistas e tudo o mais, materiais publicados por grandes universidades do mundo e todo mundo começa dizendo: "Então, ativismo é algo difícil de definir." E esse "difícil de definir" que eu estou trazendo aqui, pois, se já era difícil de definir, hoje é mais difícil ainda de definir. As formas que o ativismo toma, ninguém ainda conseguiu categorizar, pois ainda está acontecendo. A internet também tem 25 anos, mas o Twitter nasceu em 2006 e o Facebook logo depois. Então, esquecemos, às vezes, que essas ferramentas que temos, são muito recentes. E quando perguntamos a um jovem hoje, o que é ativismo, ele responde coisas do tipo: "o ativismo é a mobilização de outras pessoas em algo que você acredita e que você acha que elas devem acreditar também." Bandeiras, causas, lutas. "O ativismo é individual ou coletivo. Mas ele não participa de uma instituição ou de um partido." Isso é bem importante se a gente imaginar uma ressignificação da política. "Ele não participa uma instituição ou de um partido, de uma linha de pensamento específico, pelo contrário, ele até tenta burlar essa forma de pensamento dos partidários e filósofos." "Ativismo é lutar por alguma causa, ir pra rua. Mas existem vários tipos de ativismo. O digital. Mas é sempre manifestar em defesa de alguma causa e botar a cara à tapa pra isso." Então o ativismo está completamente ligado a bandeiras. Então, largando uma primeira resposta aqui, para essa questão de todo mundo ter uma bandeira, o jovem que está tentando causar alguma mudança e fazer alguma coisa, dificilmente tem uma bandeira, mas várias. Também possui bandeiras transitórias. Ora pode estar agindo por uma causa na qual ele se encontra e amanhã ou mês que vem ele pode descobrir que ele tem alguma outra causa com a qual ele se identifica, possui uma empatia. Pode começar a agir a partir dessa causa. Todo o jovem é engajado, mobilizado e ativista? Claro que não. Em nossa pesquisa vimos que os jovens que se autodenominam ativistas quando perguntamos em uma pesquisa quantitativa, Brasil, classes A, B e C, 4% dos jovens se definem como ativista. Digo que até me surpreende, acho bastante, 4% do jovem brasileiro, de 18 a 32 anos dizer que é um ativista. Isso significa que temos muita gente defendendo bandeiras, defendendo alguma causa. O que acho interessante é que quando perguntamos ao jovem se ele se considera um ativista, ele começa a fugir desse conceito de se definir como ativista e diz: "Se eu disser que não sei, ajuda?" "Às vezes sou militante, às vezes ativista, às vezes ativista militante." Depende da situação. Foi o que um advogado ativista nos respondeu quando fizemos essa pergunta. "Se tiver de falar que sou militante, vou falar. Se eu tiver de falar que sou ativista, vou falar. Se tiver de falar que não sou nenhum dos dois, vou falar." São rótulos. É um conceito que está em transformação. É uma pergunta, uma provocação que coloco. Queria muito ouvir vocês sobre isso. Qual o conceito do ativismo hoje. Acho que estamos vivendo a história e definindo isso enquanto a história está acontecendo, mas o interessante é que as pessoas se consideram ativistas em alguns momentos e quando elas estão muito engajadas no papel de dar visibilidade a alguma causa. Então o conceito unânime mais simples que conseguimos captar do ativismo, é o de alguém que está lutando por alguma bandeira. Essa é a definição mais simples que as pessoas nos deram. Apesar disso, o jovem não gosta de ser rotulado como qualquer coisa. O ativismo entra nisso também. Então, ativismo e causa ou bandeira, estamos usando o termo causa porque achamos que ele moderniza essa questão de luta, já que o ativismo já esteve muito ligado a esse conceito. Hoje ele consegue fluir da luta até o ativismo menos confrontativo. Então estamos usando essa palavra, "causa". Trouxe um panorama que representa uma mínima parte do que está acontecendo por aí, mas achei interessante ver como o ativismo está se manifestando atualmente e acho muito legal essa questão da linguagem jovem, e quando digo isso me sinto uma "super tia". Tenho um filho de 20 anos, então sou mãe de uma pessoa que seria "target" desta pesquisa. Então posso chamar vocês de jovens. Mas é legal essa questão do jovem se apropriar dos meios de produção de conteúdo e de ferramentas muito visuais. Isso transforma a linguagem do ativismo, então aqui estão alguns desses Pôsteres para vermos como isso está acontecendo. Temos ali o parque augusta, marcha da maconha, uma ocupação no Rio, chamada república, "Ocupa Isidoro", que está acontecendo agora. Aquela fotinho no meio é do "Ocupa Alemão", uma causa da mulher feminista, a causa afro, Ali embaixo tem uma outra causa, que é a causa do ativismo de cabelo. Achei muito legal conhecer o ativismo de cabelo. E falando um pouco de ativismo e causa, uma coisa que mostraremos bastante na pesquisa, no resultado, é a diversidade de causas, porque se a gente vem de uma época política onde as grandes questões eram discutidas de um ponto de vista ideológico, de um conjunto de valores mais fechado, e principalmente encabeçado pelos partidos, hoje as causas representam muito mais os indivíduos e acho que esse é um dos grandes desafios. Como transitamos desse universo da política institucional, para o universo dos indivíduos com essa diversidade de causas que vimos e vamos mostrar que estão por aí. Ainda nessa questão da linguagem o ativismo vem de uma linguagem muito mais radical , e hoje ela ainda tem, também, mas uma coisa muito bacana que está acontecendo é o ativismo que se utiliza de símbolos ficando muito simbólico e artístico. Isso é uma coisa que está acontecendo e observamos bastante. Agora, ele também usa, e ali tem uma foto do Aaron Swartz, que é um ativista da transparência de dados e da internet, americano, que se matou o ano passado porque estava sendo julgado. Ele está ali protestando contra o SOPA em 2012, acredito. Então ainda é uma forma de protesto. Então essa foto aqui está para mostrar que a questão da rua, da ocupação do espaço público, da retomada do espaço público como um espaço democrático vem de um ativismo do passado que talvez fosse mais radical e inclusive mais estratégico que continua na rua talvez não continue, mas ele ganha uma potência no espaço público. Duas formas importantes aqui de mobilização, essa questão da criatividade cada vez mais evidente no ativismo hoje e as ocupações públicas como ferramenta. Bom, está acabando meu tempo aqui, vou terminar rápido. A internet, vamos falar bastante sobre isso aqui na roda, depois, mas se o ativismo nasce para dar visibilidade as causas e essas coisas que tem que ser mudadas, a internet é mega, máster, macro gigante que pega todo mundo e que consegue transmitir muita coisa. Apesar de que abordaremos a questão de que a internet é uma parte e também fica muitas vezes restrita ao nosso universo. Se pensarem em quantas pessoas muito diferentes vocês tem no Facebook, verão que a maioria das pessoas pensam muito parecidas conosco. Então no ativismo é muito legal a questão de conseguirmos cruzar barreiras de pensamento para a gente conseguir ter empatia com outras causas que não necessariamente são aquelas que estão mais em torno de nosso umbigo. Termino aqui com essa frase que acho genial, que alguém respondeu quando perguntamos se ele era um ativista, em que diz: "Acho que o que faço não é ativismo, é política." Essa é a tendência que eu gostaria de acreditar, apostar que é o que vai acontecer a partir de agora, de que o jovem, quando está fazendo ativismo, quando está agindo por alguma causa, ele se veja como um político. Muito bacana! Essa frase é contundente, pois a gente diz assim: quando você tem uma causa, prática o ativismo, você está fazendo na verdade, política. Acho que... Você é mãe, eu poderia ser sua mãe. Então, olhe minha posição aqui. Eu poderia ser sua mãe. Pense nisso. Poderia ser avó do seu filho. Então, imagino que a palavra "política" significava no meu tempo e o orgulho que se tinha de você ser contra o governo militar, derrubar a ditadura. Era realmente uma causa pelas quais pessoas morreram e foram torturadas. Hoje muita gente tem medo de dizer que faz política. Então às vezes usa a palavra ativismo como uma espécie de colchão para amenizar o salto dentro da política. Ainda existe um medo, talvez. Vocês têm dizer isso para a gente depois. Se vocês sentem medo de dizer, de assumir que fazem política, na verdade. E do que você falou, muita coisa eu anotei para a gente refletir depois, mas bandeiras transitórias foi algo que eu destaquei. Muitas bandeiras simultâneas como abrimos abas ao mesmo tempo em um navegador. Talvez tenhamos muitas bandeiras e causas simultâneas para se trabalhar e também a transitoriedade. Tem movimentos que têm começo, meio e fim, vai ocupar uma praça para resolver algo no bairro. E tem causas que a gente fica vigilante a vida inteira, em relação aquela causa. A causa de animais, trabalhar contra maus tratos, contra venda de animais, contra uso de animais em laboratório, uma causa que você vai ter de ficar a vida inteira trabalhando porque não tem um começo, meio e fim. Infelizmente. A gente espera que tenha um fim, mas são coisas a serem observadas para sempre. Mas, o que será essa inteligência coletiva? O que será cidade democrática? O que é a coisa pública dentro do ativismo? Rodrigo, você vai ter de responder uma porção de coisas além da provocação e falar de sua vivência, o que você pode trazer a nós. Vamos lá? Obrigado, Rosana. Boa tarde a todo mundo! É um prazer estar com vocês. Acho muito bom termos um espaço aqui para conversar sobre um assunto que está todo mundo querendo falar, todos percebendo que a internet é incrível, que mudou tudo e isso começa a aparecer na política também. Isso começa a mudar o jeito que a gente faz política o jeito que os políticos percebem a sociedade e isso tudo parece uma coisa muito interessante e a gente vem trazendo esses assuntos das formas mais diferentes. Então, esse é um espaço legal. Acho que o tema aqui do RIA, para a gente é muito necessário e crítico para o nosso desenvolvimento daqui para frente. Sinto que o Brasil é o lugar para essa discussão ser feita mesmo. Então gostaria de contar um pouco sobre o que a gente vem fazendo e o que nos motiva a continuar esse trabalho. Começando com um pouco de contexto, talvez um pouco desnecessário, mas dizer que essas manifestações que aconteceram, as jornadas de junho do ano passado, vieram para mostrar que queremos ser ouvidos. A sociedade de repente despertou e quer ser ouvida. Então, desde os ativistas lá de trás, como a Carla estava mostrando, hoje a gente tem muito mais pessoas que acham que podem sair na rua e ficar dizendo coisas. Veja só que ousadia. E por que resolvemos fazer isso? Acho que tem um ponto importante que é uma insatisfação com a forma como as coisas estão funcionando. E se já estávamos insatisfeitos antes, por que não saíamos para as ruas antes? Temos aí uma informação que não sei se dá para ver, mas esse número bem pequeno que deve dar uns 4%, lá no início, são os políticos. São as pessoas em que os brasileiros menos confiam. Por exemplo, agente de seguros, 30% das pessoas confiam. Olhe a situação dos políticos. Então, a internet mudou tudo. De repente achamos que podemos ir às ruas e ficar dizendo coisas, exigir que os políticos façam aquilo que a gente pensa. Não fazíamos isso antes porque antes não adiantava. Você ia para as ruas, ia levar um "cartazinho" desse tamanho e ia adiantar? Não adiantaria naquela época como não adianta hoje. Mas hoje temos a internet. Isso mudou tudo. Mudou como chamamos táxis, Como lemos livros, como nos comunicamos no dia a dia. Mudou uma série de coisas. Eu, por exemplo, não conhecia a Rosana, mas comecei a conversar com ela aqui como se fôssemos velhos amigos. Acompanho ela todos os dias. O dia em que ela acorda de mau humor, o dia que ela quer comentar os assuntos diferentes, eu estou sempre acompanhando ela, porque temos esse contato através dessas redes novas. E eu sinto e trago isso, acho que essa é uma das coisas que mais motivam a gente, que o Brasil, por ser um país onde temos, não apenas muita vontade de interagir, somos gregários, costumam dizer. Gostamos de estar juntos. Festa, carnaval, que temos isso, de fato temos. Acho que por várias questões, gostamos de nos encontrar em bares, bater papo, dançar, etc. Mais do que isso, gostamos muito de mídias sociais. Isso está nas pesquisas. Estamos muito na internet, no Orkut, no Facebook. Isso também é uma verdade. Por outro lado o Brasil é um país onde a democracia não está pronta, está sendo construída. Então, na Dinamarca, a internet deve estar tendo um papel incrível. Não há tanta coisa para melhorar, lá. Se precisar podar uma árvore, a prefeitura vai lá e poda. Não há grande problema. Aqui ainda não, e não entendemos porque não se poda. Então, ainda há muito trabalho a ser feito. Então, essa discussão de como a internet pode dar forma a um modelo democrático, um modelo político de participação, o melhor lugar para acontecer é aqui. Não há melhor laboratório para acontecer do que aqui. Então estamos nessa, queremos engrossar esse caldo, achamos que deve ter mais gente fazendo isso. Queremos entender melhor o que é esse campo de atuação e depois vou mostrar para vocês algumas coisas sobre isso. Então, onde queremos chegar? Temos que ter alguns números mágicos, quando resolvemos começar a fazer algumas coisas. E de repente precisamos acreditar em um número. Colocamos na cabeça que, se conseguirmos mobilizar 1% das pessoas, do Brasil, conseguiremos gerar um movimento que não para mais. Algo que o pessoal chama de "tipping point". Ou seja, algo que gera uma reação epidêmica, gera uma epidemia e de repente todo mundo acha que tem de fazer aquilo. Isso acontece com várias coisas. De repente as pessoas acham que devem começar a fazer e todos fazem. Então queremos chegar nisso. Imaginamos que precisa ter, pelo menos 2 milhões de pessoas que tenham um tipo de participação social, como estavam dizendo a Carla e a Rosana, que seja uma participação que tenha alcançado um determinado nível de qualidade. De repente assinar uma petição no Facebook pode ser que não signifique nada. Mas também pode ser que signifique, já. Não sei ainda, isso a gente ainda precisa definir. Então precisamos saber primeiro o que é isso, o que é esse nível de engajamento. Em seguida em termos 2 milhões de pessoas fazendo isso. E não apenas em um projeto ou em outro, mas no geral, pois, para mim não importa se tem um partido, um time de futebol, eu assisto jogos de futebol e voto nas eleições. Assim é na participação social. Então, o "Cidade Democrática", que é o projeto que temos, tem vários parceiros aqui. O Renato, que ajudou a fazer o "Meu Rio", que está ajudando a fazer a "Minha Sampa". Bom, deve ter outros aqui também, mas conseguimos mapear, vou mostrar a vocês um gráfico, mais de 600 iniciativas que hoje estão lidando com a questão da participação social no Brasil. Pode ser que nem todas estejam, mas as pessoas disseram que estão. Então, o interesse é que essas iniciativas todas e mais algumas possam envolver um número de pessoas que cheguem então a esse número de 2 milhões que é uma meta que temos. Contarei um pouco do que já conseguimos fazer. Ao longo desses 6 anos, já conseguimos ir a 16 cidades, fazer um trabalho nessas cidades de ativar esse capital social, conseguir que os governos dialoguem com os grupos sociais que estão presentes lá, cidades onde as pessoas conseguiram falar do que necessitam e acham importantes. Acho que isso, um pouco na perspectiva daquilo, como é que começa esse ativismo? O que é fundamental para começar, é um trabalho que temos começar a fazer dentro de cada um de nós mesmos. Há uma coisa que se chama soberania. Um país é soberano para falar de seu território. Ora, um cidadão é soberano para falar de suas necessidades. Não há política se a gente não disser o que quer. Não adianta dizer que você gosta ou não de um partido. Não adianta dizer se o que um político fez foi bom ou ruim. O importante é você dizer isso a partir da sua necessidade. Isso é muito claro e não muda. Pode ser que aquilo que você não gosta, nunca ninguém faça. O que faz diferença é você gostar ou não de uma coisa e poder dizer isso. Pensamos que é aí que começa e conseguimos nessas 16 cidades, que quase 8 mil pessoas pudessem dizer isso. Pudessem dizer no que acreditam e que são causas coletivas. Causas públicas. São questões que estão nesse espaço público e coletivo. Simplesmente discutir o que é uma causa que está no espaço público ou coletivo, já está sendo um exercício. De repente as pessoas dizem assim: "como assim, público ou coletivo?" E então começamos a falar sobre isso. As pessoas não estão acostumadas a falar sobre isso. E é uma questão comum. Então só poder dizer o que está no espaço do público e o que está no espaço do privado, já está sendo um grande trabalho. Conseguimos nesse período alguns resultados. Eu estava agora de manhã aqui na praça das nascentes, que fica aqui na Avenida Pompéia, descendo ali em direção à própria avenida, e um projeto que nasceu durante um concurso que fizemos aqui na Pompéia, para criar o plano de bairro, e virou-se um coletivo em torno dessa praça, e esse coletivo fez coisas maravilhosas, como canalizar uma mina de água que causava uma poça de lama. Esse pessoal canalizou, colocou uma cerca de bambu, e hoje tem um lago com sete espécies de peixes, cheios de passarinhos em volta. Quem fez foi o pessoal do bairro. Essa praça já recebeu de investimento público, R$450.000,00, porque existe um coletivo que está cuidando dessa praça, pedindo recursos, demandando questões. Então, isso é uma das coisas que a gente conseguiu e que estão presentes nesses 30 resultados. E a nossa tecnologia social, isso o que desenvolvemos como nossa forma de sustentar nosso trabalho no "Cidade Democrática", é uma tecnologia que já foi reconhecida. Além disso, nossa plataforma, está publicada no Git Hub. É um código aberto. Então, qualquer um que quiser fazer um site parecido com o nosso, enfim, que tenha a ver com o nosso, pode ir lá, baixar esse nosso código e desenvolver uma alternativa ou outras soluções usando nosso código. A única diferença é que esse código também deve ser aberto. Então, existem algumas coisas nessa nova política, que precisam existir. Por exemplo, compartilhar o código é importante. Se meu código for proprietário, isso a gente acredita que não funciona. Então temos também essa coisa para contar. E eu queria dizer para vocês então rapidamente, desse trabalho de fortalecimento do ecossistema da participação social no Brasil, para entender que nesse conjunto de iniciativas, como o "Cidade Democrática", "Meu Rio", "Minha Sampa", e por aí vai, os conselhos que existem, enfim, há uma infinidade de iniciativas aí, temos diferentes competências, temos pessoas fazendo coisas que são um pouco parecidas, mas são um pouco diferentes. Tem gente que faz uma coisa que vem antes da outra, ou seja, ela sendo feita, ela ajuda aquela próxima. Há uma outra que você pode decidir se vai para cá ou se vai para lá, dependendo de como você quer fazer. Tem gente que tem algumas ferramentas, por exemplo, que faz questão de comunicação, mobilização. São instrumentos para isso, que queríamos entender melhor como funciona isso. E começamos esse trabalho lançando uma pesquisa há um mês atrás, mais ou menos, e a gente está começando a ter alguns dados aqui. Vou chegar lá e depois já volto. Esse aqui é um primeiro mapa que a gente fez, onde tem aqui as 400 pessoas que responderam. As pessoas são essas bolinhas vermelhas e também tem as instituições que elas fazem parte. Desculpem, as instituições são as bolinhas vermelhas e as pessoas são as bolinhas verdes. Os azuis são simplesmente os Estados onde elas atuam. Então isso não é um gráfico que trás para a gente qualquer resultado. É apenas uma primeira visualização dessa base de dados, mas o que vamos querer fazer com isso, a gente perguntou a essas organizações quais suas competências, quais seus interesses, em que Estado e cidade trabalham e também fizemos uma pergunta aberta. Por meio dessa pergunta aberta, pretendemos fazer uma leitura dessas frases, que se chama de mapeamento semântico, para entender quais são os grupos que compartilham os mesmos valores a mesma visão de mundo. Então, se eu trabalho com questão de direitos da mulher e você trabalha com a questão de direito da criança, a gente não está na mesma área. Mas se quando eu falo, falo de defesa de direitos, de democratização etc. e você também fala, talvez estejamos no mesmo grupo de valores e talvez a gente consiga ter uma conversa boa. Ao mesmo tempo, se a gente tiver no mesmo campo, usando palavras diferentes, talvez a gente não esteja nesse mesmo campo de valores. Então, entender quais são esses campos, e, dentro desses campos, entender onde temos determinadas competências, onde temos outras competências, o que falta em um o que falta em outro. E mais do que tudo, procurar associar esses grupos de pessoas a pontos críticos de uma agenda de fortalecimento da participação social no Brasil. Ou seja, há muita coisa necessária a ser feita nessa área e queremos endereçar essa agenda. Queremos fortalecer esse ponto exatamente. É isso o que temos interesse de fazer. Então vou voltar aqui para falar do "Vocab Participa", que foi um projeto que fizemos em 2012 sobre a criação de um vocabulário comum, de um padrão de linguagem para desenvolvimento de software de participação social. Então, por trás de um código, de uma plataforma digital, existe uma arquitetura de dados. Então você diz: "as pessoas vão criar propostas." Isso é uma possibilidade, certo? Talvez você não precise de Uma pessoa. Talvez a pessoa vá lá e ponha simplesmente uma proposta. Você não sabe quem criou. São formas diferentes de se trabalhar com esses dados. Então consultamos uma série de pessoas, envolvemos muita gente que ajudou a gente a construir isso, e desenvolvemos esse vocabulário comum, que é algo que nos ajuda a desenvolver softwares que conversem um com o outro. De forma que a gente e as outras iniciativas possam então somar as bases de dados, para que possamos somar as informações que um e o outro tenha, para que possamos ganhar massa crítica globalmente. Não adianta que eu tenha uma iniciativa fraquinha, você tenha outra fraquinha, você tenha outra fraquinha. Nunca chegaremos a lugar nenhum. Porém, se estivermos juntos, talvez já tenhamos chegado lá. Então isso nos permitirá vincular e associar os bancos de dados, modelar esse conhecimento, e essa inteligência coletiva vem justamente disso. Preciso ter muita informação para poder tirar conclusões disso, pois se tiver pouco, não conseguirei tirar quase nada. Então é importante ter uma base de dados grande, e possibilitar também, que outras pessoas que nem tenham dados em participação social possam usar minhas bases de dados e as bases de dados de outras iniciativas, para fazer visualizações, estudos, como o que a Carla está fazendo, por exemplo. Talvez se você pudesse fazer daqui a dois ou cinco anos um outro "Sonho Brasileiro" na política atualizado, tendo uma base de dados dessa, talvez seu estudo pudesse ter mais um capítulo e ser mais incrível ainda do que, com certeza, esse já será. Enfim, isso é o que eu tinha para contar e que nosso trabalho é o de fortalecer esse campo. Entendemos que é no Brasil que isso acontecerá. Queremos estar nesse campo. Quero poder assinar, quando entro em um hotel, que minha profissão é "profissional do setor da participação social". Quero que no PIB eles digam: "Olhem, o setor da participação social ajudou muito o PIB brasileiro a crescer." Temos exportado conhecimento. Isso não apenas seria bom para nossa democracia, como para muitas outras coisas também. Obrigado, pessoal! Obrigada Rodrigo! Deixa eu dar o menu de navegação, pois acho que a gente sempre tem que dar o menu para poder navegar no que vai acontecer. É o primeiro painel com quatro debatedores. Então, para não ficar muito longe do primeiro, todo mundo se apresenta até alguém fazer comentários ou perguntas, a gente está dividindo em dois capítulos que são unidos sem intervalo comercial. A Carla e o Rodrigo se apresentaram, e antes de eu passar para o Bruno e o Jeremy, quero saber se vocês têm alguma pergunta ou comentário sobre o que eles apresentaram e se a gente já quer fazer uma rodada aqui sobre essa primeira metade das apresentações. Ou se vocês estão interessados aqui, pois eu já anotei aqui. Mas como fazer para fazer o lago? Todo projeto e toda causa precisam ter liderança? A liderança deve ser individual? É necessário que você distribua as tarefas para saber quem vai fazer o que. Como é que a gente parte do desejo de fazer, da boa vontade de participar, para a organização, de fato? Vai haver um comitê que decidirá isso contrataremos pessoas? Quem vai cuidar do dinheiro? Pois não basta uma ideia. É realmente um trabalho. O lago está lá com... Quem colocou os peixes? Quem comprou os alevinos? A gente precisa saber como isso funciona. Vocês tem já algum comentário? Bruno, para você falar sobre a Carla e o Rodrigo, para já dar uma esquentada. Por enquanto não. Escutei com muita atenção e tomei muita nota porque eu ia falar em seguida, na verdade, então meus comentários são sobre o que eu ia falar mesmo, de qualquer forma. Vim para improvisar, no fundo. Jeremy você tem algum comentário para fazer sobre o que foi apresentado? Pois você está ouvindo a tradução. Quer fazer algum comentário sobre o que o Rodrigo e a Carla disseram? Eu acho que é muito legal. Eu fiquei chocado com a grande diversidade de atividades no Brasil, em comparação com outros países, digamos no Japão. A quantidade de ativismo social ocorrendo no Japão é desse tamanho, comparado ao que acontece no Brasil. É muito difícil conseguir que as pessoas façam qualquer tipo de ativismo no Japão. Aqui vocês possuem um debate cultural rico, muito diálogo, uma briga saudável, talvez. Com certeza isso é uma boa base para você construir uma sociedade civil. Rodrigo, voltando então para você, já que o Jeremy falou isso, será que isso passa a ser uma coisa boa, de que a gente tem tanto por fazer, quer dizer, uma democracia a ser construída, como a Carla colocou, que é tão jovem, uma criança que você tem que cuidar? E o fato da gente estar em rede de uma maneira tão grande Somos hoje 202 milhões, segundo novos dados do IBGE, metade do Brasil está conectado ou tem acesso. São 100 milhões de pessoas, e temos de estar na hora certa, conectados entre nós como uma rede para poder construir essa democracia. A gente estaria, de certa maneira, em um momento até privilegiado de construção? Acho que sem dúvida, Rosana. A questão é, Precisamos acreditar nisso, pois ainda não chegamos a lugar nenhum. Ainda temos muito mais do invisível do que do visível, do concreto. Quero dizer, o que conquistamos ainda é muito pouco, perto do que podemos conquistar. Então, se acreditarmos que todos que deram um "like" no Facebook que deu um "like" no" Facebook Causes" que deu um clique no Avaaz ou no Change, que são os sites onde tem bastantes cliques. Essas pessoas já são pessoas que a gente deve procurar trazer para este campo da participação social, isso é incrível. Agora, se já acharmos que já está feito, que os políticos não estão fazendo nada, continuam não fazendo nada e que não adiantou nada, pronto. Perdemos toda essa energia. Então, o importante é a acreditarmos. Ainda tem muito pela frente. Tem que ter vontade política de participar. A gente vê que, por exemplo, os candidatos não se renovam. Tem pouca gente que se candidata, é jovem e entra para a política. Temos alguns exemplos maravilhosos, como Jean Wyllys, Romário, que hoje está super ativo, mas a gente vê que ainda é pequeno o desejo do jovem. Não sei se teve algo na sua pesquisa, de ele realmente querer entrar, criar um partido, ou se engajar a algum cargo eletivo. Isso apareceu, Carla? A gente não quantificou isso, porque eu não teria como, na minha pesquisa, verificar esse dado, mas esse dado está disponível publicamente no site do Tribunal Superior Eleitoral e a gente foi lá olhar. Então puxamos o arquivo da tabela, onde fala a idade dos candidatos e a gente puxou também a de 2010. Não lembro o número exato, mas tivemos em 2010 de 21 a 24 anos 29 candidatos, se não me engano. Não vou assinar que sejam esses números. Em 2014 esse número subiu para quase 400 candidatos. Ou seja, respondendo sua pergunta, sim, esse crescimento é gigantesco super significativo e acho que o efeito que isso terá na história ao longo do tempo, está por vir. Mas essa vontade de entrar no centro da política é algo que já aconteceu esse ano. Gostaria de saber o quanto desse jovem fez isso em função do que aconteceu em 2013 e o quanto que já tinha jovens querendo se candidatar a algum cargo eletivo. Mas isso não tem como saber Agora, o número é mais ou menos esse. O Bruno é o próximo a falar e ele tem tudo a ver com isso, falando de manifestações de 2013 e um caso curioso em 30 segundos, a Ane, que é casada com o Emílio Surita do Pânico, que é minha amiga, ela é Sueca e foi um dia votar no consulado, que tinha eleição na Suécia. Para você ter o nível da Suécia, ela disse: "Não sei qual o candidato vou escolher, pois a diferença de plataforma é assim: um deles a proposta é que todos os preços na cadeia tenham direito a cardápio a la carte. E o outro acha que tem de ser um prato só, servido na cadeia. Acho que vou votar naquele... pois o preso tem direito de escolher o que vai comer." Então, prisão com refeição a la carte ou bandejão? Então, você vê que não tem mais muita coisa para resolver, lá na Suécia. Muito polêmica, essa diferença de plataforma. Bruno Torturra, agora é sua vez, tenho certeza que você fará um belíssimo gancho com todas as nossas dúvidas aqui para saber a importância dos rumos das manifestações no mundo material que são factíveis acontecerem, mas o que faremos com isso depois. Bom, acho que antes da gente pensar sobre para onde junho vai, é mais importante a gente saber de onde junho vem, no fundo, porque junho não começou em junho, na verdade. Acho que existe claramente uma onda que estourou em junho de maneira exuberante e que ninguém esperava a dimensão. Mesmo quem estava envolvido com ativismo, como eu, e como muita gente que estava junto comigo, ou mesmo ao meu lado, ou conectado em rede. Acho que desde a eleição da Dilma, na verdade, eu consigo mapear bem uma trajetória que desemboca em junho e que para mim tem muito a ver com o que eu queria falar, que é: as pessoas tendem a entender junho como um fenômeno político, pura e simplesmente. Acho que precisamos ver do ponto de vista da comunicação, também, que no fundo, é a infraestrutura política de verdade. Achei muito interessante quando a gente viu a frase do que o ativismo é para o ativista. Fiquei muito feliz de ler essa frase, na verdade, pois eu estava pensando em como eu definiria o ativismo na minha cabeça. Eu vim com umas frases aqui, eu não sabia. Eu tava falando muito sobre isso, eu ia sugerir que é a "ação individual ou coletiva de alguém que está buscando transformação no mundo por fora das vias institucionais, necessariamente. Mas acho que essa definição que alguém deu é muito melhor, no fundo. Acho que o ativista é um político sem cargo. Ele é alguém que realmente faz questão de fazer parte da discussão e da organização da sociedade e entrar em algo que é fundamental. Assim. O nível da discussão política pulveriza-se tanto, depois da internet. O significado dela é tão maior que uma merca conquista tecnológica. A gente conectou a sociedade em um único campo de discussão. Logo, a discussão deixa de ser verticalizada. Então a ideologia se torna obsoleta, porque é um pacote pronto de ideia. Uma bandeira se torna obsoleta porque ela representa um conjunto de coisas que as pessoas podem infinitamente questionar hoje em dia, se expressar de várias formas. Mas mais do que isso, muda o caráter do cidadão, mesmo. Porque quando você tem uma política representativa impermeável, que era a forma como a sociedade conseguiu se organizar democraticamente pois não havia como a gente se comunicar basicamente, então havia de ter um representante com um poder hoje excessivo, na nossa opinião, mas é o que dava para fazer naquela época. O cidadão tinha um papel como ator político, que era eleger e demandar. Ou seja, você elege alguém para quem você pede, exige algo, cobra algo. E acho que o que temos hoje em dia, não só da internet, mas a complexidade dos problemas, é que demandar não é mais o suficiente. Você precisa oferecer, renunciar algo. se você quiser algo em troca da sociedade. Isso transforma a construção política em algo muito mais vivo e interessante, na minha opinião. O único jeito de dar conta da complexidade infinita que o mundo tem hoje em dia. Em que temos problemas globais e infinitamente locais. Então, quando vejo a manifestação de junho do ano passado, acho que é uma pré-adolescência de um novo tipo de participação. Eu vejo aqueles milhões de pessoas na rua e me parece muito mais um "Trending Topic" que foi para a rua do que uma manifestação política clássica, quando vejo aquela linha que foi apresentada em relação aos movimentos políticos que apareceram nos últimos 40, 50 anos. Quando eu vi, falei nossa, estou velho mesmo. Eu estava nas manifestações anti-Collor. Eu era super jovem, mas era exatamente isso. O Lindberg estava lá no MASP. Tinha uma causa muito específica, uma estética muito específica, tinha uma demanda muito específica, e já não era um movimento tão clássico assim. Não era um movimento social, exatamente. Ainda tinha um caráter de suor que é a questão midiática e tudo o mais. Hoje em dia essa lógica implodiu. Quando você via na rua aquele milhão de pessoas eram 800 mini passeatas. Era gente que se odiava, ideologicamente, todo mundo demandando algo. A demanda não encontra mais representatividade. Ela não é o suficiente. Acho que a grande questão é que a internet não só te empodera como um comunicador, mas demanda mais responsabilidade. Isso é o que acho que está por trás da discussão do ativismo e da nova política hoje em dia. Qual o desafio que eu vejo nisso tudo? A obsolescência que a internet colocou no sistema como um todo. Como eu falo, não é uma mera conquista tecnológica. Acho que ela tem uma dimensão quase que biológica, mesmo, se você for ver o sistema que foi construído e como muda o caráter da nossa espécie, mesmo. A gente deixou de se organizar em clãs, a gente parou de ser separado geograficamente. Começamos a nos parecer com sistemas complexos. E quando você quer descobrir como um sistema complexo vai se comportar ou como ele pode ser coordenado, é bom você olhar os exemplos naturais de sistemas complexos. Então, todas essas perguntas, que são justas de serem feitas, como como organizamos isso, como fazemos as pessoas se engajarem, se aprofundarem em alguma coisa, temos de ter consciência de que somos indivíduos de um super organismo. Logo, o papel individual é muito específico, muito pequeno. O sistema que há de emergir disso é emergente. Ou seja, não há como prever exatamente o sistema. Não será um livro que vai organizar a nova sociedade. Não será o novo "O Capital" que vai dizer o papel da esquerda no mundo hoje, ou o novo Adam Smith que vai falar como é que a Economia tem que funcionar no século 21. A gente vai dar uma solução complexa para isso. Gosto muito da palavra emergência, porque ela tem dois significados que se colocam hoje em dia de maneira muito clara, que é emergência de um sistema novo que não tem como ser previsto e planejado. E o caráter emergencial urgente da nossa situação. Quando eu coloco: qual a sua bandeira, que é o tema da nossa discussão hoje aqui? Também tenho dificuldade de responder isso. Só consigo me lembrar como eu atribuo minha formação de ativista, como resolvi me tornar um político não eleito. Falei, "faço questão de fazer parte desse sistema, do pensamento do mundo." É muito engraçado, porque não vem de uma formação ideológica. Não vem de uma formação acadêmica, uma identificação política com um grupo ou com uma terminologia específica. Vem muito mais da noção da interconectividade da natureza. Quer dizer, isso foi uma noção que eu ganhei na minha causa mais específica de todas, que é a causa psicodélica, quer dizer, o estudo e a liberdade da gente investigar a nossa cabeça livremente e ter experiências desse tipo. Mas que isso me ensinou alguma coisa realmente, que a grande bandeira que está sendo colocada no século 21, que está implícita em todas as pequenas causas é a evolução. O que essa palavra significa, a gente não sabe muito bem. A definição biológica dela é adaptação, não é progresso, necessariamente. É qual é a versão de sociedade a versão de indivíduo, a versão do sistema que melhor funciona dentro de uma realidade colocada, imposta, já. Isso faz com que a gente precise realmente abandonar ideologias cristalizadas, pois se elas não correspondem à realidade, ela vai girar em falso. Ela não vai ganhar algo que hoje em dia os movimentos políticos e os partidos e as campanhas ainda não entenderam. O jornalismo ainda não entendeu também. Tem alguma coisa mais importante do que a ideologia, que tem de ser repensada hoje em dia, que é o imaginário. Como essa geração entende o mundo. A partir de que premissas e a partir de que adjetivos, quais são as identificações estéticas dela, quais as referências culturais dela. Que ela construirá algo que possa parecer como uma ideologia Eu entendo quando muita gente diz que existe direita e esquerda, e existe mesmo. Não estou negando essas posições ideológicas e a diferença na hora de você organizar o estado. Mas o mundo hiperconectado demanda que a gente não veja o mundo em um eixo só. E a complexidade está tão grande que eu não me preocupo tanto se a direita e esquerda, se a pessoa não conseguiu estabelecer onde é a frente. Se você não souber onde é o norte, você não tem leste e oeste. Então a direita e esquerda é muito relativa, se alguém está vindo na contra mão. Ele acha que está indo na esquerda e eu estou vendo ele indo para o outro lado. O jovem não responde mais a esse tipo de código. Não interessa se você explicar para ele a questão histórica a luta de classes, o século 20, uma série de coisas, porque o imaginário é o que realmente toca o que precisa ser tocado. É onde eu acho que muitas pessoas que estão aqui no painel fazem e é o caráter da própria internet, do meme, do "Trending Topic", que é a mistura do argumento racional a mistura de uma causa que você entende, os números estão colocados, mas tem de ser absorvida emocionalmente. E acho que ainda está descobrindo nessa adolescência de uma política nova, que de fato precisa aparecer, como é que conseguimos criar identificação emocional nas pessoas em torno de causas muito reais e palpáveis e muito estatística, baseadas em dados, ciência e tudo o mais. Acho que... Sou muito otimista apesar de ver uma dificuldade muito grande nos próximos anos, porque tem um grande elefante na sala, hoje em dia, que é a mudança climática. Se tivesse que falar qual a bandeira, deveria ser essa. É a única bandeira sobre a qual todas as políticas do mundo, todos os países do mundo, todos os clãs, todas as ideologias estão igualmente submetidas. E a gente, não... Para mim esse é o grande fracasso político do mundo. A gente não consegue pautar o resto da nossa política em função desse cenário colocado. Então, acho realmente que vamos passar por um período muito nefasto, muito difícil, e volto ao começo da minha fala no fundo, em relação ao que o ativismo é em relação ao que eu acho que é a base da evolução. Não só biológica, mas da consciência. Se tem algo que precisa ser colocado na cabeça das pessoas hoje em dia para a ação política se tornar relevante, viável e positiva, é que precisamos oferecer mais do que pedimos em troca. Temos de estar dispostos a renunciar mais aos confortos do século 20, as comodidades que uma ideologia dá, ou que um automóvel dá, ou que comer carne dá. Ou que demandar algo e voltar para casa. Por que é isso o que o mundo vai exigir, e através disso, dessa renúncia, que acho que conseguiremos realmente fazer algo que na internet está implícito, mas que ainda não conseguimos com nossas almas, que é conectar com outras pessoas. Criar uma política baseada em empatia, em conexão compreensão de verdade, e não em disputa de imaginário, de ideologias, de cargos ou de partidos, votos, dinheiro ou qualquer outra coisa. Bom, tenho um minuto ainda, mas, só para encerrar, então, Vou falar um pouco sobre o que aconteceu anteontem. Como transformamos esses "like" todos em ação? Em meu micro cosmo estou vivendo um fenômeno muito esquisito nos últimos anos. Acabei virando um polo em que as pessoas escutam o que digo, dão um "like" e muita gente me pergunta: "o que você ganha com isso?" Eu nunca soube responder, pois, grana não é mesmo. E um amigo meu estava ao meu lado no dia que me perguntaram: "Mas o que você ganha? Como você é remunerado?" Meu amigo respondeu: "ele ganha em "like"." Fiquei pensando em como é que faço isso virar realmente uma construção. Ontem lancei uma campanha em meu novo site, "fluxo.net", para testar se os indivíduos que se identificam comigo, aprovam o que escrevo e compartilham o que faço, estariam dispostos a se comprometerem em contribuir com algum valor em dinheiro no mês. Estou super feliz. Por enquanto são 60 pessoas dos 13.000 que me seguem no Facebook e Twitter e estou realmente feliz. Acho que será uma construção lenta e paulatina, mas realmente começo a provar para mim mesmo uma tese, de que as pessoas realmente estão começando a entender que para terem algo, também precisam oferecer. Que isso é, não apenas uma relação justa, mas uma relação evolutiva. Só para dar um exemplo, se a gente não liga para o elefante que está na sala, que é a questão ambiental, ela se impõe do mesmo jeito, pois a natureza não está preocupada com o que pensamos. Ela vai lá e faz a seca na Califórnia em São Paulo, no Nordeste. Aí quando você fica sem água, você tem de abrir mão daquele conforto de ficar no banho desperdiçando, que realmente não terá mais água para ninguém. Então, vemos que se você não faz nada, tem coisas que acontecem na direção contrária, independentemente de você. Outra coisa que queria destacar, quando você falou do organismo, concordo tanto em relação a isso, que toda vez que eu converso e alguém me pergunta a uma pessoa: "Qual é o maior ser vivo existente na Terra?" A gente pensa logo no elefante, na baleia, sempre em um indivíduo grande. Mas o maior ser vivo que existe é uma cadeia de corais ou provavelmente de fungos. Uma cadeia de fungos enorme. É um fungo no óregon e que curiosamente o estudo de um cara genial e, recomendo que todos leiam esse livro, do Paul Stamets, chamado "Mycelium Running", sobre o micélio, que é o fungo, que você não vê. O cogumelo é o órgão sexual dele. Mas o fungo mesmo é invisível. Ele fez uma relação em que o sistema do fungo é praticamente ao o modo como à internet se organiza. Também é muito semelhante às redes cerebrais. Ele descobriu também que o fungo pode ser identificado como um único organismo porque ele está trocando, não apenas nutrientes, mas informações, entre uma ponta e a outra. Ele está passando impulsos elétricos de um começo para o final de acordo com o estímulo que se dá naquele organismo. Exato. Então não é o elefante, mas essa grande comunidade de fungos que ao mesmo tempo, para cada um, pode ser um indivíduo, mas é um grande coletivo. E quando se fala de fenômenos que emergem, a primeira coisa que deve ter passado na cabeça de todos é no "rolezinho", que a mídia de repente coloca: "Temos uma pauta nova: rolezinho. Shopping versus pessoas do rolezinho". Foi uma coisa nomeada, batizada, enfim... Mas o processo foi algo que emergiu. Era uma coisa que acontecia... Junho também foi isso. Você percebe que de fato tem coisas que estão "pipocando" e acontecendo que nos deixou a sensação de que passou a existir para você, por que você ficou sabendo de um nome, foi pesquisar, mas aquilo já existia antes de você notar. Muito profundo isso para a gente pensar. Talvez a parte mais difícil, realmente seja, para todos nós, indivíduos conectados, loucos por tirar "selfies", como nós, que estamos aqui, na farra dos "selfies", vamos abrir mão dessa descoberta de que "eu existo", "eu posso, sou linda, to gata, etc." Como abriremos mão desse conforto de olhar pra si em função de algo que é mais coletivo? É bem difícil, essa parte. É quase que um choque, o choque dessa sociedade individualista que construímos ao extremo com a necessidade de viver coletivamente, ou não sobreviver "at all". "At all" nos leva ao Jeremy, que falará em inglês. Vocês estão com tradução simultânea? Pedirei a você, Jeremy. Até aqui você entendeu tudo o que falamos, certo? Então você pode seguir daqui em diante. Jeremy Heimans! Olá a todos! Peço desculpas, mas se eu fosse falar em português, eu seria mais ou menos como os fungos que você estava descrevendo. Mas é ótimo estar aqui no Brasil. Tentarei falar um pouco sobre uma perspectiva mais global sobre ativismo no século 21. Começarei contando uma história como uma forma, outros palestrantes já falaram isso, mas apenas para mostrar o quão dramáticas foram as mudanças no ativismo desde que me tornei um ativista. Sou ativista desde muito jovem. Era uma criança bem precoce e mostrarei isso em um vídeo, para terem uma ideia do que estou falando. Muito estranho. Então, eu era essa criança ativista. Eu queria a mudança climática, a era chamada de "efeito estufa", vi aqui os líderes mundiais os vencedores de prêmio Nobel falando sobre essas coisas, e qual era minha ferramenta para ativismo? Minha ferramenta era uma máquina de fax. E o fax era incrível. No início da primeira guerra do golfo entre os EUA e Iraque, seus representantes se encontraram em um hotel em Genebra e eu realizei uma campanha internacional para as pessoas inundarem o hotel com fax tentando impedir a guerra. Mas o problema é que só havia um fax no hotel. Então apenas alguns faxes puderam ser enviados. E você entupir a máquina de fax não significa um movimento muito poderoso. Então nem sempre os ativistas usaram as melhores ferramentas. A internet não existia na época dos direitos civis. Mas isso significa que não precisamos nos concentrar nas ferramentas, mas no ativismo em si. E aí, crescendo eu fiz todo tipo de coisa maluca. Sou da Austrália. Na Austrália eu comecei essa organização chamada "Get Up" aos 25 anos. Havia essa cara que era primeiro ministro da Austrália chamado John Howard, e era um cara horrível, muito conservador, contra o meio ambiente, anti-reconciliação com os povos indígenas na Austrália, então pensei: "Tenho 25 anos. O que posso fazer para tentar impedir o John Howard depois de 10 anos como primeiro ministro da Austrália"? Então me encontrei com um amigo e criamos essa organização que começou de forma bem simples e digital. Pedimos às pessoas que mandassem um e-mail aos políticos da Austrália dizendo que iríamos invadir sua conta. Isso começou um movimento Fizemos um anúncio de televisão, em que meus irmãos e amigos participaram, e com o tempo isso foi crescendo. Embora isso tenha começado com pessoas somente clicando na internet, isso se tornou a maior organização política da Austrália. E não é apenas um movimento de pessoas jovens, como vocês podem ver, não é apenas um movimento de pessoas na internet. É um movimento de pessoas... O "Get Up" hoje tem mais membros do que todos os partidos políticos da Austrália combinados. Todo mundo na verdade , as pessoas querem se envolver na política, querem se envolver com a mudança social. Mas elas tem muita resistência em fazer isso através das instituições tradicionais. Então criamos um movimento, não um partido político, e as pessoas se envolveram e o "Get Up" conseguiu atingir mudanças muito significativas de meio ambiente direitos humanos e muitas outras na Austrália. E nós conseguimos nos livrar do primeiro ministro John Howard. O próximo passo foi lidar com esse desafio. Os desafios em níveis globais, ou seja, há um desequilíbrio de poder entre as pessoas comuns, empresas e os governos. Há grandes poderes para coordenar as grandes decisões. Pensem nas causas da crise financeira. Isso é porque algumas pessoas estavam se encontrando no banco mundial e tomando decisões nas quais as pessoas comuns não podiam interferir. Então me reuni com alguns amigos e criamos essa organização. Isso é tecnologia, gente, não está funcionando. Criamos uma organização chamada "Avaaz". Acho que vocês conhecem. Começamos o Avaaz para tentar organizar a opinião pública global. A opinião pública estava organizada em um nível nacional e ainda não estava organizado em um nível global. Então, na verdade, não sabíamos exatamente o que queríamos fazer. Haviam algumas pessoas sentadas. Sabíamos que a tecnologia era um bom ponto de partida. Foi surpreendente, pois hoje me dia o Avaaz possui quase 40 milhões de membros no mundo inteiro, funciona em 15 idiomas diferentes, e esperamos que ele crie uma identidade política transnacional que vá além da minha tribo, do meu país, da minha religião. As pessoas que fazem parte do "Avaaz" se veem como parte de uma comunidade política global. Esse era o motivo, ou seja, a organização que nós criamos como um tipo de "mãe" para os movimentos sociais. Um lar para criar diversos movimentos no mundo inteiro para lidar com problemas utilizando essas novas técnicas. Então, o que está acontecendo? Vocês se referiram a isso, mas o mundo não está mudando apenas por causa da internet. O mundo está mudando porque as pessoas estão tendo uma noção do seu próprio poder. Quando as pessoas tomaram as ruas do Brasil no ano passado o motivo dos protestos terem acontecido como aconteceram, tão rapidamente, é porque era visível para todos que os protestos estavam acontecendo. Que você poderia fazer parte deles, eram bem espontâneos, e isso significava que você se sentia mais confiante, mais corajoso em sua disposição para agir. E não é só o fato que a internet torna tudo mais fácil. É que há um "feedback", um reforço da ação que ocorre. Se você passa o dia todo contribuindo para um site de "crowdfunding", assinando uma petição online, participando digitalmente de diversas formas, talvez não precisamos das instituições tradicionais. Talvez tenhamos mais poder. Os jovens principalmente, têm uma expectativa de participação que as pessoas há 20 ou 30 anos não tinham. Vocês podem criar suas próprias coisas. Podem criar coisas através da impressão 3D. Podem ser seus próprios produtores musicais, por exemplo. Antigamente havia três canais de TV e assistíamos apenas a esses três. As coisas estão realmente mudando. Então esse é um homem que talvez seja o ativista digital mais interessante no mundo, hoje. E vocês não saberiam apenas olhando para ele. Ele se chama Anna Hazare. Já ouviram falar sobre ele? Ele é um ativista indiano anti corrupção. Vou falar sobre algo que ele fez em 2011. Em 2011 Anna Hazare disse: "Me deixe uma chamada perdida." ele pediu suporte à sua campanha de ligar para alguém e desligar antes da pessoa atender para evitar que a ligação seja cobrada. Essa ideia de ligar e desligar é muito comum na índia. Por exemplo, se estiver atrasado para uma reunião e só quero avisar que estou indo, ligo e desligo apenas para avisar. Se estamos namorando e quero dizer que estou com saudades, ligo e desligo. Interessante, na Índia, uma forma de mostrar a ao seu namorado que você gosta dele é ligar e desligar na cara. É bem estranho, mas ele fez isso e foi surpreendente. Sabem quantas ligações desse tipo ele conseguiu? Alguém precisa chutar um número. 1 milhão? 35 milhões. Então, é uma expressão muito significativa do poder das pessoas, pois ele fez uma ação muito direta e muito imediata. E as pessoas fazendo esse tipo de ligação podiam fazer isso de graça, que é um fator importante, e ele conseguiu canalizar esse poder dessa classe média emergente na índia. Ele não fez isso apenas com celulares. Ele pegou centenas de milhares de pessoas e levou às ruas em Nova Delhi em apoio à nova campanha anti corrupção. Então criaram uma ferramenta chamada "crowdring" que torna possível torna possível começar uma campanha do mesmo tipo com essas ligações. Contarei uma rápida história do Brasil. Essa é a Bia, tinha 11 anos, provavelmente deve ter 13, agora. Ela é do Rio e sua escola seria demolida por conta de um estacionamento que seria construído para as olimpíadas. E muitas escolas, como se sabe no Brasil, estão sendo demolidas junto a outros prédios para abrir espaço em prol do desenvolvimento da copa do mundo ou das olimpíadas. Então essa organização do Rio que ajudamos a desenvolver viu essa campanha que a Bia estava fazendo Não vou conseguir pronunciar isso: "Panela de Pressão". Então o que fizemos, uma vez que vimos que sua campanha estava conseguindo atenção, nós colocamos uma webcam ao vivo. Sabemos que a escola seria demolida logo. Então quisemos que as pessoas se tornassem guardiães dessa escola. Então se elas vissem que as máquinas estivessem vindo, mandariam uma mensagem de texto e correríamos todos à escola para formar uma barreira humana para proteger a escola. Vocês talvez saibam que essa campanha foi tão interessante e recebeu tanta atenção e incentivou as pessoas que o prefeito pensou que não fosse uma boa ideia demolir essa escola. A escola foi salva, como podem ver nesse infográfico. Essas coisas fazem a diferença e isso é só um pequeno exemplo. Então, o que isso significa para vocês? Vou passar rapidamente por algumas lições e em seguida mostrarei um vídeo a vocês. Primeiramente, isso não tem a ver com você. Os movimentos do século 21 não são liderados por um líder carismático heróis e vilões. Mas por pessoas comuns. Estão relacionados a criar movimentos inteiros, vários líderes, e não apenas um movimento com um único líder carismático. Se tem apenas um líder carismático e as pessoas descobrem que aquela pessoa não é tudo aquilo, o movimento rui como um todo. Segundo lugar, falamos sobre isso. Ao invés de nos concentrarmos em questões, precisamos nos concentrar em visões de mundo. Não importa qual sua causa individual, mas sua visão de mundo. Se você tem uma ideia coerente de como o mundo deve ser e como as pessoas devem ser tratadas nesse mundo, O movimento é mais do que uma campanha. Você precisa construir algo no longo prazo. Você precisa criar uma infraestrutura. As organizações fazem a diferença. Não dá só para criar um nome na internet. O que vocês estão vendo é que o mundo e as comunicações estão mudando. Estamos mudando as questões agora. "Occupy Wall Street" é um exemplo. Criado um imaginário que as pessoas podem usar e manipular, elas se apropriam desse movimento. As pessoas que participaram fizeram seu movimento. Dito isso, os nomes não são suficientes. Todos viram o meme do gato pianista e se divertiu com ele. Mas esses memes não trarão esse poder com eles. Você precisa contar histórias. Vou mostrar esse vídeo a vocês, que é um bom exemplo de como as histórias entram dentro dos movimentos. Vou contar um segredo. Vocês entenderão mais conforme virem. Mas com esse vídeo, conseguimos atingir uma grande mudança na plataforma do partido político australiano. Vou mostrar o vídeo agora e em seguida conversamos mais. Acho que todos nós ficamos presos para entender. Quando entendemos a mensagem vemos que a imagem transcende todas as palavras que poderiam ser ditas. Vamos abrir agora para a discussão. São 20 minutos para vocês fazerem perguntas e eu queria lançar apenas uma provocação para vocês responderem antes de já fazerem as perguntas. Vocês acham que pode estar acontecendo um processo de ativismo? Pode ser parecido com o que aconteceu com o processo de blog? Vou dizer por quê. Pois se o ativista na verdade é um político, ele não é reconhecido como um político eleito, mas prática política, um blogueiro não é um jornalista formado mas prática o jornalismo. Se uma parte, apenas 4%, se reconhece como ativista, uma parte muito pequena se reconhece como blogueiro, quando na verdade, todo mundo posta conteúdo em todo o lugar mesmo sem ter um blog organizado. Se o blogueiro tem um nicho, um assunto, um tema do qual ele trata, o ativista, que é o político sem cargo, digamos assim, também tem suas causas. Será que esse processo não pode ser semelhante um pouco a isso que aconteceu com as pessoas que se auto proclamaram ou descobriram um tipo de atividade de comunicação? Será que não pode haver um paralelo evolutivo entre o que representou esse processo de você organizar informação produzida com constância em uma determinada plataforma aberta a todos, como está acontecendo com o ativismo, Carla? Pode haver uma ligação? Eu acho que sim. Acho que o Bruno pode falar muito mais sobre isso do que eu, pois o território dele é a comunicação e o jornalismo. Eu vejo que isso... esse.. a gente entendeu as coisas nas caixinhas em que elas foram criadas. É algo que está sendo desconstruída em todas as áreas, em todas as instituições, então, acho que isso acontece, sim, no jornalismo. Acontece, acho que... Na questão profissional isso está acontecendo muito. A profissão hoje é completamente diferente do que ela era há dez anos. A tendência é que cada vez mais as profissões se reinventem e elas não consigam mais caber nas caixinhas. Então, acho que isso vale, sim, para o político, vale para o jornalista, pega artistas. Essa reinvenção está acontecendo em todas as áreas. Estamos entendendo os códigos de como as coisas funcionam e usando esses códigos para produzir outras coisas com nomes diferentes. Estou com essa mentalidade de tanto ouvir o jovem falando sobre isso, de que não estamos em uma era de rotular nada. Como as coisas estão liquidas, em construção e transformação, e é uma pergunta que sempre me faço, se elas sempre ficarão liquidas ou se materializarão novamente se solidificar, ou será que vão continuar líquidas e mais líquidas? Esse fungo me deixou pensando sobre isso e não sei se elas vão se materializar, se solidificar ou não. Mas acho que essa liquidez, essa fluidez de conceitos é muito do que estamos vivendo hoje. Bom, a liquidez do Zygmunt Bauman nos leva ao Zygmunt "Balde". Temos aqui uma pergunta do Marcos: "O que vocês acham do desafio do balde de gelo? Se ajudou de fato a causa ou se vira apenas uma brincadeira na rede." Como vocês fariam... Tracem um paralelo entre o desafio do balde de gelo e o que significa ativismo e meme. Já que você falou. A gente achou um exemplo que é um questionamento. Porque tem uma causa, um propósito, mas tem todo um "oba oba", um resultado prático de sim ou não de doação. Desafio do balde de gelo, agora. Rodrigo, desafio do balde de opiniões. Na verdade, não entrei muito nisso. Tenho conseguido ficar muito no lugar onde escolho o que vejo. E quando vejo que as pessoas estão jogando o balde na cabeça por conta de uma causa, tento entender isso, muito mais do que ver. De qualquer forma ao contrário de outras pessoas, não acho isso ridículo, não acho que seja uma forma menos nobre de promover uma causa, pois acho que vivemos agora uma diversidade de formas de promover causas. Conseguimos que muita gente falasse sobre isso. Há quem diga: "o cara jogou o balde na cabeça e não deu o dinheiro." Mas a regra não era essa. Então, gostei. Achei que estamos tendo várias experiências, diferentes formas de fazer as coisas. E o gostoso está sendo isso. Poder ter novas ideias, poder testar, ver se gosta, criticar e aprender. Então, achei legal. Gostei. Temos que tentar outras, também. Não é a última, essa. Sem dúvida. Alguém quer acrescentar algo ao balde? Concordo muito. Na verdade não acho nada ruim, isso. Entendo a raiva que dá em muita gente, pois tem gente que tem raiva de modas. Mas eu acho que não é moda, mesmo. Tem a lógica do meme, que também é um pouco mal compreendida. Há um livro muito bom lançado há uns dois anos chamado "A Guerra dos Memes". E fala exatamente sobre isso. Como ele é a unidade imprevisível, que pode contaminar, informar e evoluir na cabeça das pessoas para se construir algo novo. Claro que quando você vê um fenômeno como esse, que milhões de pessoas compartilham, sempre tem um retrocesso, muita gente que faz isso pela farra e tudo bem, mas o objetivo foi brilhantemente alcançado. Eu entendi um pouco mais sobre a tal ALS. Isso existe. Vou fazer alguma coisa sobre isso? Eu pessoalmente, acho que não. Acho que muita gente, não milhões de pessoas que viram isso, mas cem, mil, quinhentas pessoas, vão entender isso melhor. Talvez tenha mais fundo para fazer pesquisa. Acho que o mais interessante é como a gente aprende com isso. Como é que quem está fazendo campanha, não necessariamente precisa ser viral, mas entender o que eu estava colocando antes. Como é que você toca nas pessoas emocionalmente para você passar um argumento racional. Nisso eles foram muito bem sucedidos, mesmo. Bacana é que a gente está vivendo uma renascença, em que a gente faz a observação dos acontecimentos de forma empírica, com a diferença de que nós somos ao mesmo tempo observadores e objetos observados. Estamos observando a nós mesmos nesse laboratório de possibilidades. A pergunta é do @karlab e ele quer que vocês comentem sobre o ativismo de sofá, se ele funciona sem pessoas. Como é que ele funciona sem pessoas nas ruas, o ativismo de sofá. Então como o Jeremy também deixou aquele topo da pirâmide, que é muito interessante, de que é preciso ter uma visão de mundo antes de qualquer coisa... "O que estamos fazendo aqui, que mundo queremos", essas perguntas um pouco mais profundas. Como é que essa visão de mundo ou a ausência dela pode estar ligada a esse chamado ativismo de sofá, que é, "sou um cérebro que não quero me mover". Quer dizer, "até me engajo, contanto que não tenha que gastar energia saindo do meu lugar." Você quer responder, Jeremy? Há um conceito na economia comportamental que demonstra que, mesmo se você pegar uma ação pequena. Digamos que você dê um "like" no post do desafio de gelo de alguém. É mais provável que você tome ações mais ativas depois. Então, ao invés de impedir que você seja mais ativo depois, isso o incentiva. Então não me preocupo tanto com o ativismo de sofá. O que me preocupa é que tudo se torna uma causa. E tudo é para o bem social. Então não podemos dizer qual a diferença entre o que é realmente importante e o que não é tão importante. Então o desafio do balde de gelo é um bom exemplo. É uma causa ótima, muito importante. É uma doença entre diversas doenças existentes. Mas acho que a gente precisava ter um desafio semelhante para a mudança climática. É uma questão estrutural muito mais importante. Todo mundo, desde a Beyoncé até o Bill Gates, todos estão jogando água gelada em si mesmos por uma doença relativamente obscura. Não estou tirando o valor por trás dessa ação. A internet é boa para criar memes, mas não para conectar entre o que é o meme, o que está na moda, o que é legal e o que é realmente importante. Então, com relação ao ativismo de sofá, acho que é bom que tomemos essas iniciativas mas a questão é quais deles tomar e se estão conectados com uma visão global do mundo. Se você tiver essa visão global do mundo, você não vai achar ruim o desafio do gelo, vai achar ótimo. Bom, tem a ela, mas tem o câncer, questões mais sérias de saúde pública no mundo que afetam mais pessoas e não é dessa forma que a internet funciona. Tem um exemplo que conecta muito bem com junho do ano passado. Seguindo essa lógica de meme, algo que pegou, na minha opinião, foi uma grande perda de oportunidade que houve em junho do ano passado. Na hora em que a presidente foi à TV e ofereceu a oportunidade de fazer uma reforma política, e realmente fazer uma constituição nova, ela falou isso, ofereceu essa oportunidade, as ruas foram muito mais focadas, por exemplo, na PEC37 do que pela reforma política. Isso estava nos "hashtags", nos memes, nos argumentos, nos vídeos, nas ruas. A PEC37 caiu, de fato, não digo que é mais ou menos importante, não tenho uma opinião sobre ela, especificamente. Mas perdemos a chance de falar sobre... Acho que estamos um pouco imaturos ainda, politicamente, para lidar com esse potencial todo. O que quero dizer é que o mais importante que o Jeremy colocou é que as causas individuais podem ser a base da pirâmide. Mas você nunca pode perder de perspectiva o longo prazo e a visão de mundo. Acho que isso ainda não está tão bem construído quanto os memes e a visão específica de causas. Até porque, se não trabalharmos com a visão de mundo, pode ter certeza que grandes corporações ou políticos vão se utilizar da nossa falta de conhecimento ou a falta de ter uma visão de mundo para continuar, não vou utilizar o termo "enganando", mas nos conduzindo à ilusão de acreditar que a gente às vezes está participando de uma causa e a gente está somente sendo usado. Muitas vezes, corporações que causam grandes desastres ecológicos ou grandes desastres humanos, são capazes de nos enrolar e fazer com que a gente pense que está ajudando em alguma causa que elas promovem, mas são causas que na verdade escamoteiam o próprio mal que elas fazem. Então, daqui a pouco você quer trabalhar com ativismo e você está apoiando alguma corporação que destrói a natureza e às vezes está promovendo alguma coisa que parece ajudar a natureza. Logo, a ingenuidade pode ser uma arma contra nós mesmos. Por isso, é quase uma necessidade de sobrevivência e adaptação, de evolução da espécie, a gente deixar de ser manipulável e inocente, até certo ponto. Acho que não há como deixar de investir na consciência e no auto conhecimento. Sem ela não chegaremos a lugar algum. Concorda, Rodrigo? Sim, 100%. Sua fala surge na mesma linha daquela das pessoas que resolvem ir às ruas e de repente acham que podem começar a dizer o que querem. O que você acabou de dizer é o seguinte: "acho que temos deixar de ser vulneráveis às manipulações. Hoje a internet permite acesso às ferramentas digitais, formas da gente ler uma grande quantidade de informação ao mesmo tempo. Isso permite que a gente tenha uma consciência coletiva clara. Pela primeira vez é possível que saibamos como nos afirmamos coletivamente. Isso nunca foi possível no passado, só através dos líderes, que diziam uma coisa e as pessoas reagiam com fervorosa aceitação. aceitavam aquilo como o certo. Alguém deveria dizer algo para então apoiarmos. Hoje somos capazes de dizer várias coisas, cada um em uma língua, de uma cor e de um jeito. A gente lê tudo no final, faz um "caldo" e dizemos que é assim que nos vemos e nos afirmamos. Se não tivermos esse olhar, perderemos a chance de poder nos colocar e nos firmar como sociedade, ou um corpo coletivo distribuído frente a outras estruturas maiores. Minha contribuição nesse momento é que quando falamos de política, temos falado muito dos políticos. Algo que tem feito muito sentido para mim, é que quando falamos de política, o grande desafio não está nos políticos. Digo isso dessa forma, mesmo. Isso está conosco. A oportunidade da política mudar está na sociedade, e não nos políticos. Então, na eleição eu quero entender como a sociedade está se preocupando e atuando na política... e não os políticos. Não estou preocupado com quem ganhará ou com o meu voto. Claro que em algum momento isso vai amadurecer e farei meu voto. Mas olho como as pessoas discutem isso. Quando queremos o novo na política, às vezes estamos procurando um novo líder. E não há um que vá ocupar esse espaço, pois o espaço do novo é nosso. Para fechar, falando da questão dos memes e do que estávamos dizendo antes, e principalmente da questão do balde de gelo, podemos entender que essa pessoa que teve essa ideia, está pensando em uma forma de chamar atenção para uma causa. É uma pessoa que está pedindo, demandando alguma coisa. Acho que temos muito pouco essa cultura de pedir. Somos muito orgulhosos. À medida que somos muito sociáveis, ninguém pede nada para ninguém, pois se pedir é considerado mendigo. "Está me pedindo? Você não tem emprego? Vai ficar pedindo?" Se eu quiser convidar você à minha casa para um churrasco, tudo bem. Mas pedir para eu oferecer um churrasco, é falta de educação. Não temos a cultura de pedir. Precisamos pedir mais. Pedir ao vizinho, pedir ajuda e apoio a uma causa, pedir dinheiro para um projeto. Pedir, mesmo. Pedir para que as pessoas possam começar a dar mais. Vou pedir então para vocês fazerem as perguntas. Temos aqui, já? Está ligado o microfone? Boa tarde, meu nome é Renato, estou pensando em passar a escrever, ao ficar em um hotel, ativista. Quero ver qual será a reação das pessoas quando passarem a ver isso. Na verdade eu gostaria de fazer a vocês, uma pergunta que foi feita a mim, há três semanas por um político aqui de São Paulo, muito conhecido. Uma pessoa relativamente jovem, 50 anos de idade, mas que está desconectada. Ele reconhece que está desconectado desse novo momento político e ele me chamou para perguntar e tentar entender sobre isso. Ele perguntou para mim, elaborei uma resposta para ele, mas gostaria de ouvir qual seria a resposta de vocês. Ele perguntou: "tudo bem, o pessoal está indo às ruas mas você não acha que está se criando um "gap" muito grande, uma distância muito grande, entre essa visão de múltiplas causas fragmentadas em grupos e a política tradicional que é onde se dá a definição de políticas públicas? Que é onde se dá a definição dos fluxos de poder? Que essa política tradicional continua acontecendo e que as pessoas estão recusando na opinião dele, essa política na intenção de criar uma outra forma de fazer política, mas que essa outra forma não detém o poder de fazer as coisas concretamente no congresso, seja onde for? Esse "gap" não está na verdade despolitizando as pessoas, ou criando uma política que não é real? Elaborei para ele minha resposta na hora, mas eu queria saber como vocês veem isso. O que vocês responderiam a esse político que tem esse temor e essa dúvida? Quer acertar, mas não sabe como. Sem dúvida existe esse "gap". Acho que ele se manifestou fisicamente em junho. Mas muito mais do que em junho em uma criminalização da política, mesmo. Muito perigoso e ruim, isso. Toda vez que alguém quer me desqualificar, falar mal de mim, em geral a pessoa diz: "Esse cara vai ser candidato." Eu não vou, mas é o fim da picada que isso seja um problema para alguém que está a fim de transformar a sociedade como as pessoas que estão aqui nesse palco ou na plateia. Mas acho que existe uma responsabilidade coletiva nossa, que trabalha com isso, de explicar para as pessoas e de realmente falar de política como algo não positivo, necessariamente, mas algo fundamental. Algo que é da prática de todos. Da mesma forma que falamos e isso se conecta um pouco com a pergunta que a Rosana fez no começo. "Você acha que hoje em dia, do mesmo jeito que as pessoas foram aos blogs, são jornalistas, as pessoas estão virando políticos agora?" É exatamente isso, você entender que há uma questão de responsabilidade de você se comunicar. O blog, na verdade, não é nem o desejo da pessoa de ser um jornalista. É o reconhecimento que ela tem uma responsabilidade de se fizer ouvir. Em seguida ela vai se sentir na responsabilidade de participar. Acho que vamos evoluir muito nesse processo. Daqui a pouco as pessoas vão começar a ser professores amadores. É o próximo passo que seria muito interessante. Mas, com relação à política, uma política institucional, ainda acho que a responsabilidade é muito compartilhada entre a sociedade. O papel da mídia é absurdamente fundamental nisso e acho que o que mais despolitiza, no fundo, é a visão de que a política é um lugar de conflito. Não um ligar de construção. Entrevistas como as que o Jornal Nacional tem feito com os candidatos, acho profundamente despolitizante. Não é porque ela tem de ser chapa branca, mas não é lugar de conflito. É lugar de discussão. Essa é a ágora que precisamos ter. Senão esse "gap" não vai ser preenchido com as pessoas na rua, mas com a tropa de choque, que é o que está acontecendo. O poder institucional não sabe mais dialogar, as pessoas criam um trauma da política e dos candidatos, não se informam e então sobra o cassetete, que, aliás, não é uma tendência só nossa. Muito importante da gente falar, que não tratamos muito em painéis sobre ativismo, mas o que está acontecendo no mundo é uma militarização das polícias para conter o que o Estado sente e sabe já que é uma tendência crescente de ação direta do cidadão na rua. O tempo de debate acabou. Quero pedir que, quem ainda tiver perguntas ou quiser interagir com todos os participantes, podem fazer, pois eles ficarão todos aqui mais um tempo para atender vocês. Temos todos os contatos online também para poder falar. Só para encerrarmos, deixando quase que uma frase para cada um, já que estamos falando do sonho do jovem. Em uma frase, dentro do contexto de "I have a dream", qual seria seu desejo para o ativismo ou para o rumo dessa nova sociedade que pensamos em construir? Uma rápida frase para dizer como você gostaria que fosse seu sonho? A frase que me veio agora, que eu ia comentar, o Gandhi "Primeiro nos ignoram, depois eles nos enfrentam e então nós vencemos." Nossa, difícil. Mas o meu sonho é que a gente consiga, enquanto sociedade brasileira, despertar para o que está invisível. E quando digo invisível é muito do que a mídia não está mostrando. São muitas das causas e bandeiras que estão por aí com o jovem, que tem a ver com a causa do genocídio negro, as questões raciais, um preconceito que a gente ainda coloca "para baixo da cama". Meu sonho é esse. Dê-se mais visibilidade, para que a gente consiga perceber e tenha maior clareza com relação a essas questões do jovem brasileiro. Bruno? Meu sonho é que caia a ficha e as pessoas entendam que o presente não oferece mais futuro. Isso é o que está por trás dessa inquietação toda. Então a hora de fazer é já. "Your dream", Jeremy? Acho que precisamos, não somente demolir o que já existe, mas construir novas instituições. Podemos criar novos modelos, novas instituições, que nos governarão de forma eficiente, ao invés de somente operar como essas instituições que existem, mesmo, e operar juntamente a elas. Meu sonho é que possamos ter mais debates e palestras com esses para discutirmos a nós mesmos, e que, uma frase que já foi meme na internet, "que a gente abra mão de discutir sempre pessoas famosas e celebridades e vida alheia, para discutir ideias e nossa própria vida. Obrigada! Muito, muito, muito obrigada a vocês! Obrigada! Queridos, foto oficial! Olá, pessoal, acabou de sair aqui do painel o Bruno Torturra, da "Mídia Ninja". Já está aqui conosco no estúdio. Bruno, obrigada pela correria. Bruno, eu queria começar conversando com você novamente sobre os protestos do ano passado. A "Mídia Ninja" teve um papel importante ao impulsionar esses protestos. Vocês esperavam por essa visibilidade toda? Não, não tinha como esperar aquilo. Na verdade o projeto da "Mídia Ninja" nasceu há uns três meses antes dos protestos começarem. Curiosamente, também em uma manifestação, mas foi na Tunísia. Uma manifestação no final do fórum social mundial foi nosso primeiro streaming. E no fundo era a vontade da gente construir uma rede debaixo para cima. Para organizar um pouco a produção e um modelo econômico possível para jornalismo independente. Ninguém poderia colocar junho nessa conta. O que aconteceu foi que a gente estava no lugar certo, na hora certa e muito bem preparado para fazer a cobertura desses eventos. Mas não, não estávamos preparados para tudo o que aconteceu. Perfeito. O Sérgio mandou uma pergunta pelo Twitter: "Como a mídia tradicional se relacionou e continua se relacionando com a "Mídia Ninja"? Vocês tiveram algum tipo de relação? Olha... Foi uma relação complexa. Foi uma relação desde o interesse jornalístico, passando pelo apoio, pela criminalização, por análises de toda ordem, por uma série de rótulos que nos colocaram. Acabei fazendo o papel de de mediação entre esses dois mundos, pois na "Mídia Ninja" eu tinha experiência dentro da mídia convencional, sou um jornalista... Fui um jornalista mais convencional. Então fiz esse papel. É importante falar, também, que ajudei a criar a "Mídia Ninja", trabalhei muito. Desde o final do ano passado estou bem afastado da "Mídia Ninja". Apoio muito, amo o projeto, também é um filho meu, mas não estou acompanhando muito bem como a "Mídia Ninja" está se relacionando com a mídia convencional hoje. Acho que houve muito ruído. Teve muito jornalista que se sentiu ameaçado, ou achando que estávamos condenando-nos. Alguns da "Mídia Ninja" de fato estavam. Mas foi um ambiente complexo, como as ruas foram complexas. Essa fauna toda se manifestou também na nossa relação com a grande mídia. Além da "Mídia Ninja", você também está envolvido em outros projetos. de transmissão livre. É claro que estamos falando do público jovem Você tem como contar como tem sido o impacto desses projetos e dessas implantações entre os outros públicos? O público adulto, enfim... Tem algum impacto nesse sentido? Sim, tem sim. A "Mídia Ninja" especialmente acabou sendo muito identificada com o jovem, mas porque a maior parte das pessoas que foram ninjas são ninjas, também são muito jovens. Mas pelo que eu sinto, nosso público não tem uma faixa etária muito clara. Naturalmente que o jovem se identifica mais, até pelo caráter, talvez, rebelde, ou de confronto que a "Mídia Ninja" representou no começo. Hoje em dia, como eu disse, eu não estou mais envolvido com a produção da "Mídia Ninja". A maioria, jovens e autônomos que fazem isso. Mas o projeto que estou fazendo isso de streaming, trabalha mais com entrevistas, reflexão, coberturas, debates, etc. Acho que pega um público amplo. Eu sinto sim. No fundo, não é uma questão do jovem simplesmente, esse desejo e essa demanda ainda é muito reprimida por uma mídia, não digo independente, mas uma mídia um pouco mais livre, solta, conectada com as possibilidades tecnológicas e com a multiplicidade de vozes que precisam ser escutadas hoje em dia. Bruno, muito obrigada pela sua presença aqui no Estúdio RIA. Pessoal, a gente encerra aqui nosso momento de entrevistas e vocês acompanham daqui a pouco a transmissão ao vivo do Mini Painel "Bem Vindo a 2020", que é o último dessa edição do RIA. Até já!.

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Uberaba:

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