Globalization and International Affairs Program - Olá, meus queridos irmãos, minhas queridas irmãs, uma grande alegria estarmos juntos mais uma vez aqui para a nossa meditação semanal, a nossa homilia dominical a respeito do Evangelho que a Igreja proclama a cada domingo, é o nosso programa "Testemunho de Fé", aqui quem fala é o Padre Paulo Ricardo e quero acolher você para, nos próximos minutos, juntos, refletirmos a respeito da Palavra de Deus deste 3º Domingo do Tempo Comum. Nós estamos no Ano C em que lemos o evangelista São Lucas, agora vamos iniciar a leitura corrente do Evangelho de São Lucas. O Evangelho de São Lucas inicia com um prólogo, um pequeno prólogo que é lido no evangelho desse domingo, são os 04 primeiros versículos, em que São Lucas nos diz que fez uma pesquisa para escrever o seu Evangelho, ele foi lá nas fontes autênticas, nas testemunhas, nas pessoas que realmente presenciaram os fatos, aqui nós sabemos que o evangelista São Lucas não é uma testemunha direta e exatamente por isso que ele escreve esse prólogo para que a gente acredite no que vai dizer, ele não é testemunha direta, não é apóstolo de Jesus, não conviveu com Jesus, mas fez uma pesquisa, foi lá e é isso que está dizendo ao "excelentíssimo Teófilo", a pessoa para quem ele está escrevendo esse Evangelho. Esse excelentíssimo Teófilo é um personagem histórico, uma pessoa que realmente existiu, mas é também cada um de nós, que somos "Teófilos", ou seja, amigos de Deus e aí São Lucas vai narrar o Evangelho. O trecho do evangelho desse domingo dá um pulo para o capítulo 4, por que ele sai dos primeiros versículos e pula para o capítulo 4? Pelo seguinte, porque o que é narrado logo em seguida são trechos do Evangelho que nós, no fundo, já meditamos, porque faz parte do Evangelho da Infância, depois o Batismo de Jesus e a Tentação no Deserto, que nós não lemos ainda, mas leremos lá no início da Quaresma, então Jesus começa a sua vida pública, e aqui estamos neste capítulo 4, versículo 14 na Sinagoga de Nazaré, a cidade onde Jesus cresceu, a cidade onde Jesus estava acostumado a participar do culto sinagogal, é interessante a gente notar aqui já desde o início, que a nossa Missa reúne nela mesma duas realidades: uma coisa é esse culto da sinagoga, ou seja, uma coisa que é a única realidade que as pessoas tinham no Antigo Testamento: prestar culto a Deus com a leitura da Palavra, é a Liturgia da Palavra. Mas existe uma segunda parte da Missa, que é o oferecimento do sacrifício que o pessoal de Nazaré não participava porque, claro, o sacrifício era oferecido lá no Templo de Jerusalém e nós, cristãos, podemos participar do oferecimento do sacrifício porque, a partir da morte de Jesus na Cruz e a instituição da Eucaristia, em cada celebração da Missa nós temos o oferecimento do sacrifício, então, interessante notar que a liturgia cristã, a estrutura básica da liturgia católica é a união do culto na sinagoga, onde a gente tinha somente a liturgia da Palavra e do culto do Templo de Jerusalém, onde havia o oferecimento do sacrifício, ou seja, a Liturgia Eucarística, onde a gente oferece o sacrifício de Cristo na Cruz, nesse sentido, sem causar sem querer muita polêmica, mas simplesmente notando um fato, a gente vê que os protestantes, os evangélicos protestantes, voltaram para a sinagoga, ou seja, voltaram para um culto que é simplesmente sinagogal, eles não têm o oferecimento do sacrifício, não têm a segunda parte que é a mais importante, a parte em que a gente vive e oferece o sacrifício de Cristo na Cruz. Pois bem, Jesus está lá participando dessa liturgia da Palavra, poderíamos dizer, na Sinagoga de Nazaré, como era costume, Ele recebe o Livro, no caso aqui era um rolo do profeta Isaías, abre e, por desígnio divino, o rolo cai exatamente no capítulo 61. É interessante a gente notar isso, porque nós temos os nossos volumes, os nossos livros, que a gente consegue abrir, você consegue abrir, vamos supor, você está com a Bíblia na mão e pode abrir no Gênesis e em dois segundos você vira a página e está no Apocalipse, se você tem um rolo, a coisa já não é assim. É como aquelas fitas cassetes de antigamente, tem que rebobinar o negócio até chegar no lugar que você quer, então é evidente que Jesus ali recebendo o rolo havia todo um desígnio de Deus que fosse exatamente aquela passagem que estava aberta ali, no capítulo 61 de Isaías e o que tem nesse capítulo 61 de Isaías? Jesus leu o seguinte: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me consagrou", vejam, "Ele Me ungiu", essa palavra é forte, é uma palavra... ungir, Ungido é o Messias, O Ungido é Cristo, vejam o que Jesus está lendo, "Ele me consagrou para (com uma unção) para anunciar a Boa Nova aos pobres, enviou-me para proclamar libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista, libertar os oprimidos e proclamar um ano da graça do Senhor", depois Jesus vai, fecha o livro, entrega para o ajudante e senta, fez a leitura de pé, mas agora vai ensinar sentado, porque o ensinamento é feito sentado, como um mestre e aqui Jesus escandaliza todo mundo, ou seja, Jesus está aqui na sinagoga onde cresceu, com o pessoal que viu Ele brincando nas ruas da cidade, e diz assim: "Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabaste de ouvir", ou seja, Jesus está dizendo: "Sou Eu, Sou Eu o Messias. E aqui nós precisamos realmente enxergar a maravilha que nos traz essa passagem das Escrituras, o Espírito Santo está nos coração de Jesus, o amor de Deus, é importante compreendermos a grandeza do que está sendo dito. Vejam, nós sabemos: essa revelação foi feita no dia do Batismo de Jesus, que Deus é Trindade, a gente não sabia disso antes, no Batismo de Jesus, Deus se revela como um Pai, aquela voz que diz: "Eis o meu filho", então, Deus é Pai e Deus é Filho, o Espírito Santo que paira sobre Jesus, Deus é Trindade, Deus é Pai, Deus é Filho e o amor entre o Pai e o Filho é o Espírito Santo. Jesus, Deus que se fez homem, aqui está dizendo que o "O Espírito do Senhor está sobre mim", o amor de Deus está sobre mim" e agora Ele precisa nos amar. E como Jesus nos ama? Como Jesus vai nos amar concretamente nos próximos três anos, nos três anos de Sua vida pública? Fazendo exatamente isso que está escrito aqui na profecia de Isaías, "para anunciar a Boa-Nova", o verbo que está no original do Evangelho, em grego, é "euangelisasthai", evangelizo, "Deus me enviou para evangelizar, para o quê? Para anunciar uma notícia", um amor infinito de Deus porque um povo que estava amarrado no pecado e condenado ao inferno agora vai ser redimido, libertado, ou seja, o grande amor de Deus por nós. Então o amor, o amor de Deus arde no coração de Jesus e Jesus aqui, cheio desse amor do Espírito Santo, quer anunciar e dizer para nós e o primeiro lugar onde Ele diz é ali na sua cidade, para aqueles que são os seus. O Evangelho de São João vai esclarecer dizendo assim: "Foi enviado para os seus, mas os seus não O receberam", mas Jesus, mesmo assim, quer dizer aos seus essa boa notícia, cheio, ardendo, com o coração abrasado do amor de Deus, Jesus quer trazer uma Verdade, A Verdade, a Verdade de que, apesar de tantas ofensas, apesar de termos pecado tanto, apesar dessa história desastrada da humanidade, Deus tem uma boa notícia, a nós que somos pobres, espiritualmente pobres, desgraçadamente pobres espiritualmente, que somos pobres da pior pobreza que existe, da incapacidade de amar, Ele nos traz uma boa notícia e a boa notícia é que Ele vai nos livrar de nossa pobreza espiritual de nossa incapacidade de amar, Ele vai nos livrar de nossa escravidão, nossa servidão do pecado, vai nos libertar de nosso egoísmo, que Ele, vendo que somos cegos, que não temos fé, não enxergamos a Verdade, vai fazer com que recuperemos a vista, com que amor Jesus proclamou isso? Proclamou isso na sinagoga de Nazaré para aqueles homens que estavam ali presentes e para as mulheres do lado de fora, através das grades ouviam, porque as mulheres não eram admitidas na reunião de Nazaré, mas certamente Jesus, em Nazaré, proclamava isso e havia alguém que lá, atrás das grades entendia perfeitamente, era sua Mãe Maria, que ouvia, ouvia o Seu Filho fazer o seu sermão inaugural, a sua homilia inaugural, o seu início, o início da proclamação, da evangelização, quantos anos, quantos anos, Jesus, 30 anos, Jesus naquela pequena cidade de Nazaré ardeu de amor esperando este momento, porque o Espírito do Senhor pairava sobre Ele, o Espírito de Deus, o amor de Deus ardia no coração Dele e ardia também no coração da Virgem, que esperava esse momento para proclamar, proclamar que todo aquele desamor que haviam testemunhado durante tantos anos, Deus queria pôr fim a tudo isso. Que história desastrada a nossa, que incapacidade de amar a nossa, que miséria a nossa, o Espírito de Deus, o amor de Deus no coração de Cristo. Então, é isto que Jesus veio proclamar, a primeira leitura desse domingo, tirada do Profeta Neemias, nos coloca muitos anos antes, muito séculos, seis séculos antes de Cristo, quando o povo voltou do exílio, diante do profeta, do profeta não, diante do sacerdote, Esdras, que faz exatamente a mesma coisa que Jesus, lê a Palavra de Deus, no caso aqui o livro da Torá que havia sido reencontrado, e o povo que chorava ao ouvir a proclamação daquela Palavra, recebe esta homilia de Esdras, perdão, foi Esdras quem leu e foi Neemias, o governador então quem disse: "Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força", vejam que coisa fantástica, essa Palavra, esse Evangelho que estamos recebendo nesse domingo deve ser para nós fonte de alegria, alegria que vai ser força, porque quando sabemos que somos amados, nós ficamos alegres, essa é a primeira consequência do amor, esse é o primeiro fruto do Espírito Santo, quando a gente sabe que está sendo amado por Deus, nós nos alegramos. Eu não sei se vocês notam que muitas vezes em nossas paróquias, em nossas comunidades, as pessoas vão entristecendo e adoecendo, Santo Tomás de Aquino, que é um grande psicólogo, diz o seguinte: "Olha, nada, absolutamente nada mais saudável do que a alegria. Você quer descansar? Está de férias? Quer descanso? Nada descansa mais do que a alegria, o que descansa não é ficar de pernas para o ar, o que descansa não é se entregar aos prazeres, bebida, comida, sexo desregrado, droga... quer descansar? É a alegria. E a alegria acontece no coração de uma pessoa quando ela é amada, quando ela sabe que é amada" e ao receber essa Palavra de Jesus, essa Boa Nova, esse Evangelho, nós que somos, nós que temos fé, precisamos fazer um profundo ato de fé neste amor, nesse amor de Jesus. Veja, aqui eu quero ser bem concreto, quero aplicar essa Palavra na sua vida, eu, que na minha paróquia ouço confissões, atendo direções espirituais, eu noto uma coisa bem concreta na vida das pessoas: as pessoas se convertem, o sujeito que acaba de se converter está com todo gás, está com toda força, é um negócio assim lindo de ver a pessoa recém-convertida. A pessoa recém-convertida é uma pessoa cheia de energia, cheia de força, porque sabe que é amada por Deus e está cheia de alegria, cheia de vida, acontece, porém, que as pessoas esquecem essa verdade, esquecem que são amadas por Deus, esquecem que têm que alimentar a fé nesse amor de Deus e aí, qual o resultado? Elas vão entristecendo e vão adoecendo, vai adoecendo porque vão transformando a vida cristã numa espécie de moralismo, ou seja, antes você fazia as coisas porque sabia que Jesus amava você, que tinha morrido por você na Cruz e que esse amor é maravilhoso porque você diz exatamente aquilo que São Paulo nos diz: "Caritas Christi urget nos", o amor de Cristo nos impele, 2ª Carta de São Paulo aos Coríntios, o amor de Cristo é uma força que nos impele porque Um morreu por todos nós, quem vive agora não vive mais para si mesmo, vive para Ele, então, você não tem medidas, o amor não tem medidas, o amor não tem freios, você ama e você ama generosamente, esse é o recém-convertido, porque ele se encontrou com o amor de Cristo, ele sabe, no ato de fé, que é amado, acontece que no dia-a-dia, as pessoas se esquecem, as pessoas vão vivendo a vida e se esquecem, se esquecem dessa realidade, desse Evangelho, dessa Boa-Nova, deste amor de Deus por nós e vão se entristecendo, vão adoecendo e o Evangelho de Cristo vai se transformando não numa boa nova, mas numa má notícia, porque tudo que você faz é proibido: "Ah, Deus parece que é um desmancha-prazeres, Deus é chato, porque nada do que eu quero pode, todo mundo pode tudo, eu sou católico não posso, todo mundo pode cair na balada, viver uma vida aloprada e manda ver, e eu aqui, católico, dentro do castelo de Deus, abro a janela e fico olhando o mundo lá fora, invejando o mundo e dizendo: Ah, eles podem e eu não posso" e vai cumprindo o seu dever, vai na Missa no domingo, "Mas que chato, queria estar com meus amigos na festa", você permanece casto, "Ah, mas que chato, os meus amigos podem ter relações sexuais adoidado, e eu não posso", você toma a sua bebida de forma moderada: "Ah, o pessoal pode encher a cara, vamos lá!", quer dizer, tudo o que você quer fazer é proibido, mas que Deus chato é esse, e a pessoa vai entristecendo e a pessoa vai adoecendo, mas qual é a solução disso, gente? A solução disso é que você esqueceu do começo, Jesus está começando do começo, no Evangelho desse domingo, Jesus está começando do começo, ele está dizendo o seguinte: "O Espírito do Senhor está sobre Mim", está no Meu coração, o Espírito Santo, o amor arde no meu coração e Ele me enviou para anunciar essa boa notícia. Se nós somos membros do Corpo de Cristo como diz a 2ª Leitura, da Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 12 e nós somos, de fato, membros do Seu corpo, então, gente, se nós somos membros do Corpo de Cristo, então o mesmo Espírito que está em Cristo, está sobre nós, a própria Leitura nos diz isso, diz assim; "Fomos batizados num único Espírito", todos nós bebemos de um único Espírito, é um só Espírito, o Espírito do Senhor está sobre Mim, sobre Cristo, está também em nós, então peça mais fé, você tinha fé no amor de Cristo, só que você esqueceu daquilo que é a raiz da sua vida, mas se você voltar para a raiz, ah, a coisa é diferente, por isso que quando Jesus fala para a samaritana lá no Evangelho de São João, Jesus fala de uma fonte de água viva, o Espírito Santo é uma fonte de água viva. Qual é a diferença da água viva para a água morta? É que a água morta é água parada, não é a água num copo, é uma água que corre, o Espírito Santo que está dentro de você, está ligado com a fonte que sai de lá de Deus e desagua numa outra, num outro oceano que é Deus mesmo, que é a felicidade do céu para a qual vamos, o amor vem de lá de Deus, Ele circula dentro de mim e vai para o céu, água viva, não é água parada, você esqueceu da fonte, esqueceu do amor de Cristo, o amor de Cristo nos impele, Ele me amou e se entregou por mim, como não vou amar de volta? Peça o Espírito Santo, peça que o Espírito Santo esteja sobre você, porque o próprio Jesus é a cabeça deste corpo que é a Igreja e está dizendo: "O Espírito do Senhor está sobre Mim" e que este amor esteja no seu coração não somente nesse domingo, mas todos os dias da sua vida, para que então, cheio desse amor do Espírito Santo, você se alegre. A alegria do Senhor, ah, essa sim, vai ser a sua força. Deus abençoe você. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém..
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